A derrota para o Sport na última quarta-feira (10), no Beira-Rio, pode servir de alerta para o Inter nas três últimas rodadas do Brasileirão. Com nove pontos em disputa, o Colorado tem um ponto de vantagem para o Flamengo, segundo colocado, e cinco para o Atlético-MG, terceiro.
Depois de uma invencibilidade de 12 jogos— com nove vitórias em sequência, o técnico Abel Braga terá que trabalhar com o elenco colorado para que o revés contra os pernambucanos não impacte com tanta força no psicológico dos jogadores. O próprio treinador falou sobre o assunto em sua entrevista coletiva, mas garantiu que tem confiança nos atletas.
— Se a gente perguntar qual era a data da derrota anterior, a gente nem vai lembrar. E tivemos nove vitórias seguidas depois disso. Quando a derrota veio, o grupo reagiu muito bem. Não deixei de acreditar (no título) nem no pior momento deste campeonato, quando fomos para sétimo e ficamos 12 pontos atrás do São Paulo. Só conseguimos mudar porque tivemos confiança.
É seguindo esta linha de raciocínio que o psicólogo do esporte Murilo Toledo Calafange entende que o resultado adverso da última rodada não tenha tanto impacto assim na cabeça do grupo de jogadores do Inter para o restante do campeonato.
— Alguma derrota antes dos 12 jogos de invencibilidade impactou na sequência de resultados positivos? Seria uma audácia minha achar que qualquer derrota mexa com isso. No meu entendimento, esse relaxamento que foi percebido na quarta é justificável pelo desempenho, pela série de vitórias recentes, por ter quebrado recordes. Isso deve ter mexido com eles — diz Calafange.
Uma vitória contra o Sport na última semana poderia simbolizar pelo menos uma mão na taça do Brasileirão, algo que não ocorre desde 1979, principalmente pelo tropeço do Flamengo no empate com o Bragantino no domingo. O resultado positivo faria com que o Inter abrisse quatro pontos de vantagem para o segundo colocado.
— O grupo sentiu o peso de ser o time a ser batido. Será preciso um trabalho mental forte de Abel Braga e sua comissão até domingo. Fazem parte da construção de um time vencedor esses tropeços. Quem sabe as lições de quarta-feira não sejam a casca para buscar, nas últimas três rodadas, uma conquista que depende apenas de si — alerta Leonardo Oliveira, colunista de GZH e comentarista da Rádio Gaúcha.
Parte do elenco do Inter, casos de Lomba, Cuesta, Edenilson e Patrick, estiveram presentes na final da Copa do Brasil de 2019, quando o Colorado foi derrotado pelo Athletico-PR. Na ocasião, o time teve uma má sequência no Brasileirão. Mesmo que tenha ganhado da Chapecoense na rodada seguinte, emendou uma série de cinco jogos sem vitórias. Essa experiência preliminar em jogos decisivos pode ser positiva para encarar com mais naturalidade eventos adversos, mas pode ter também um outro efeito.
— Pode disparar algum gatilho pelos fracassos recentes na Copa do Brasil e Libertadores, mas não posso dizer que isso é um gatilho para esse time que vai entrar em campo contra o Vasco. Depende de como cada jogador lida com a situação. Se fosse sempre o mesmo time que chegasse e não ganhasse, aí sim, mas não é o caso do Inter, que é conhecido pela garra e pelo empenho — alerta Murilo Toledo Calafange, que diz como Abel Braga pode usar essa lembrança de forma positiva:
— Ele precisa tirar alguma lição desse último jogo. Onde foi que a gente vacilou, onde foi que deixamos de correr atrás, porque tomamos esse cartão vermelho? Acalmar os ânimos, ninguém gosta de perder, ainda mais quem estava em uma sequência de 12 jogos. Tenho certeza que o Abel vai aproveitar a sua experiência.