Depois de sofrer na maratona de setembro, onde venceu apenas dois de seus nove jogos no Campeonato Brasileiro (seis) e Libertadores (três), o Inter voltou a reagir na competição nacional no começo de outubro. As vitórias sobre Bragantino e Athletico-PR serviram para o clube manter a vice-liderança do Brasileirão e até mesmo se reaproximar do Atlético-MG, mas não chegaram a convencer parte de torcida e imprensa pelas atuações, principalmente diante dos paranaenses no domingo.
Eduardo Coudet sustenta o discurso de que faltam peças para o time manter o nível de desempenho quando perde alguns titulares, ao mesmo tempo em que algumas escolhas do treinador argentino tem sido contestadas. O Inter ainda terá dois compromissos pelo Brasileirão, contra o Sport, nesta quarta-feira (14), fora de casa, e Vasco, no domingo (18), no Beira-Rio, antes da viagem ao Chile para enfrentar a Universidad Católica. A equipe gaúcha está virtualmente classificado para as oitavas de final, mas terá de confirmar a vaga na última rodada do Grupo E.
Quais os maiores acertos e os principais erros de Eduardo Coudet até aqui?
Renata Mendonça, comentarista do SporTV
O maior acerto é conseguir implementar uma ideia de jogo ofensiva, mas que sabe se adaptar ao que cada jogo pede. Conseguir ter um time intenso, que defende com os 11 jogadores e ataca também com os 11. Coletivamente, já dá pra ver uma ideia interessante de jogo, apesar das oscilações em algumas partidas. Os erros, na minha visão, são na insistência em alterações que às vezes chamam os adversários para o seu campo. Quando coloca Musto no segundo tempo numa tentativa de fechar melhor seu sistema defensivo, muitas vezes o que o Inter faz é atrair o adversário para o seu campo abrindo mão um pouco do ataque, e aí acaba sofrendo mais do que o normal, como foi contra o Athletico-PR.
Mauro Galvão, ex-zagueiro da Dupla Gre-Nal
A ideia de jogo dele é boa, mas penso que talvez algumas questões devem ser reavaliadas. Essa decisão de deixar o Moledo fora do time é algo que pode atrapalhar. A gente vê que existe uma predisposição dos jogadores de tentar sair jogando desde a defesa, mas penso que o Inter tem um grupo mais voltado para um jogo reativo. O Inter precisa jogar de forma mais vertical, buscar mais o gol, pode ser mais pragmático em alguns momentos. Jogadores como Patrick, Boschilia e Galhardo têm características de um jogo de transição. São atletas de poucos toques e conclusão. Por isso, o Inter não deve ficar preso a um modelo.
Beto Almeida, técnico de futebol
Vejo que ele poderia ter esquemas alternativos e não apenas ficar no sistema número 1, que é o 4-1-3-2. Com apenas um esquema, você perde muito quando os reservas que entram têm características diferentes das dos titulares. Ficar refém a um esquema é prejudicial, de um modo geral, para qualquer treinador. Vejo a saída de bola como algo positivo. O Inter tenta sair jogando, mas quando não consegue faz a bola longa com objetivo. O Inter não dá o chutão pelo chutão. Quando sai longo, tem um jogador alvo para receber e companheiros se aproximando. Ele conseguiu equilibrar essa saída.
Com o atual elenco, Inter pode sonhar com o título do Brasileirão ou deve priorizar as copas?
Renata Mendonça, comentarista do SporTV
Acho muito difícil, para não dizer impossível, o Inter conseguir conquistar o Brasileiro. Por dois motivos: primeiro porque tem um elenco curto. Segundo porque está na disputa das outras competições, ao contrário do Atlético-MG, que já foi eliminado e tem só os jogos do Brasileirão para se preocupar. Coudet conseguiu encontrar uma boa solução para a lesão de Guerrero, com Galhardo aparecendo como protagonista e goleador. Agora tem mostrado a solução com Heitor para a lesão de Saravia. Mas uma hora as opções acabam. E o elenco do Inter oferece poucas alternativas na hora em que precisa mudar o jogo. Para conseguir um título neste ano, o caminho mais plausível são as copas.
Mauro Galvão, ex-zagueiro da Dupla Gre-Nal
O Inter tem mais chances nos mata-matas, mas não o considero fora da briga pelo título brasileiro. É muito difícil dizer com segurança como será o Brasileirão. Se um clube disparar muito, ficará difícil para o Inter acompanhar. Mas também pode acontecer de outros times priorizarem a Libertadores e o Inter se aproveitar. Pensando hoje, eu diria que, no mata-mata, o Inter tem mais chances mesmo que essas competições ainda estejam nas fases iniciais.
Beto Almeida, técnico de futebol
Vejo que o Inter começou o Brasileirão de uma forma superior aos outros em relação ao ritmo tendo uma possibilidade de repetição da equipe. Depois, começou a perder atletas e teve de colocar em campo jogadores que vieram para compor o grupo, mas que não deram resposta. A resposta do time foi muito boa no começo e depois não se manteve. Acho que o elenco tem condições de crescer em desempenho mesmo que possa cair na tabela. O Inter está com dificuldade para se manter em segundo tendo equipes atrás vindo em crescimento.