O presidente do Inter, Marcelo Medeiros, acredita que o Rio Grande do Sul está em uma situação menos grave do que o restante do Brasil, mas que ainda é preciso tratar a volta do futebol com cautela. A paralisação pelo novo coronavírus impactou sua gestão em todos os setores. Ele concedeu entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (26).
— Tem dias que cansa de notícia ruim, cansa de dificuldade. Tu olhas para o horizonte e não vê nenhuma luz de que vai ser no dia 10 de julho ou no dia 8 de agosto. A gente não sabe isso. Isso dá uma angústia, dá uma incerteza, aumenta a preocupação — desabafa Medeiros.
Ele relembra que no dia do Gre-Nal 424, pela Libertadores, em 12 de março, recebeu ligação de amigo médico pedindo para que o jogo fosse cancelado, às 14h30min. A partida marcada para a noite dificilmente deixaria de acontecer, explicou Medeiros a quem fazia o alerta. O presidente diz que a situação mundial é "extremamente delicada", e não esconde as adaptações financeiras que foram necessárias no clube:
— Óbvio que estamos fazendo medidas severas, até dramáticas, no corte de despesas. Pessoas, salários, valores de prestadores de serviço terceirizado. É muito ruim tomar uma decisão dessa natureza. Ninguém é feliz quando vai demitir alguém — afirma, justificando que as medidas servem para dar "fôlego" financeiro:
— Uma hora o fôlego acaba. E é nessa hora que eu faço um apelo para o torcedor e torcedora colorada, para o sócio e a sócia: a gente entende as dificuldades, mas vocês são o pilar mais forte do clube neste momento.
Planejamento
Dentro de campo, renovações de quatro atletas foram adiantadas por serem as possíveis no momento, segundo ele. O Colorado retomou as atividades no CT Parque Gigante no começo de maio, mesmo sem uma previsão da volta do Gauchão ou de outras competições, visando manter a forma física dos jogadores.
— A gente procura dar aos nossos atletas as melhores condições de trabalho, de segurança, de distanciamento e trabalhar sem contato, esperando a cada semana que a avaliação das autoridades sanitárias possa dar à sociedade uma flexibilização maior. Mas óbvio, tudo dentro do cenário de controle do contágio — comentou.
Sobre a volta do Gauchão, Medeiros sugere até mesmo a realização de dois torneios regionais em 2020, caso o Estado tenha capacidade e segurança. Para ele, a retomada das competições nacionais é impossível se os times das regiões nordeste e sudeste não tenham condições de treinar e jogar em segurança. Medeiros conta que os protocolos adotados por Inter e Grêmio foram alinhados para serem iguais, e foram enviados à CBF para servirem de modelo.
— Vamos torcer, trabalhar, ouvir e colaborar. Vamos esperar que as autoridades, principalmente do centro do país, deem resposta à sociedade e que a gente possa voltar o futebol o quanto antes — projetou o presidente.