A derrota no Gre-Nal 423 do último sábado (15) marcou o primeiro insucesso de Eduardo Coudet no comando do Inter e ligou o alerta para problemas que o time apresentou no clássico. O setor que mais gera discussão antes dos confrontos com o Tolima pela Libertadores é o meio-campo, que não funcionou para criar jogadas diante da marcação do Grêmio na etapa inicial do clássico tampouco ofereceu a segurança defensiva esperada.
Expulso antes do intervalo, Musto é quem tem a titularidade mais questionada neste momento, muito pela parceria que tem formado com Rodrigo Lindoso no setor. As contestações sobre a necessidade de ter os dois juntos no time aumentaram porque o Inter melhorou de desempenho mesmo com 10 homens em campo no segundo tempo, quando teve Lindoso de primeiro volante com Edenilson e D'Alessandro fechando uma segunda linha com Boschilia e, mais tarde, Marcos Guilherme.
Para o comentarista da RBS TV e da Rádio Gaúcha Maurício Saraiva, a etapa final do Gre-Nal mostrou que Eduardo Coudet pode abrir mão de escalar Musto e Lindoso juntos.
— Musto e Lindoso se sobrepõem porque são do mesmo lugar, fazem a mesma coisa. É Musto ou Lindoso —define.
Para fazer a mudança no time, no entanto, Coudet tem outra dificuldade: a falta de um jogador afirmado para entrar na faixa mais ofensiva do meio-campo. A função agora executada por Lindoso já foi desempenhada pelos garotos Nonato e Johnny sem muito destaque. O recuo de D'Alessandro ou as entradas de Thiago Galhardo e Marcos Guilherme - esta última mudando o posicionamento de Edenilson ou de Boschilia – são alternativas.
— O equilíbrio do time pede um meio-campista com aptidão ofensiva. Thiago Galhardo dividiria a armação com D'Alessandro e também entra na área — defende Saraiva.
Outro ponto que conta contra Musto é o alto número de cartões. Contando os dois amarelos no Gre-Nal, o argentino soma seis advertências em seis jogos pelo Inter. Leonardo Miranda, analista do site Globo Esporte, alerta que os desajustes, normais em um momento de formação de ideia de time, têm deixado o primeiro volante exposto.
— O Coudet quer que o Inter pressione o tempo inteiro, e o Musto é equilíbrio entre meio e defesa. Se a pressão do meio não dá certo, ele tem de parar a jogada. Se a pressão não está certa, ele tem de fazer muitas faltas. Isso é típico de um começo de trabalho — aponta.
Função com dificuldade para ser executada
É convergente a avaliação de que Lindoso e Musto são jogadores parecidos e de que é necessário alguém mais criativo para fazer a função de meia central no 4-1-3-2 de Coudet. Leonardo Miranda e o comentarista do DAZN Gustavo Fogaça, no entanto, ressaltam que falta no elenco do Inter um meio-campista que tenha as características para cumprir esse papel.
— O Inter não tem um jogador ideal para essa posição. É uma função semelhante ao que o Gérson faz no Flamengo, que precisa ser um meia com a bola e um volante sem ela — diz Miranda.
Gustavo Fogaça também aponta essa dificuldade. Ele vê Nonato com um atleta que pode atuar na posição, mas admite que o garoto precisará de tempo para adaptação.
— Olhamos para o elenco, e quem pode ser este jogador? Patrick e D'Alessandro não são. O Edenilson, talvez, um pouco. O Nonato é quem mais tem essa característica — observa.
Diante da dificuldade de encontrar jogadores para o meio-campo, surgem pedidos para que Coudet cogite mudar o esquema. O narrador da Rádio Gaúcha Pedro Ernesto Denardin acredita que o treinador pode aproveitar o posicionamento usado na saída de bola para escalar três zagueiros de origem tendo assim Bruno Fuchs, Moledo e Cuesta juntos.
Com alterações ou não de sistema tático e de nomes, o que a torcida colorada espera é ver um time capaz de transformar a alta posse de bola das últimas partidas em chances de gol para que o Inter possa superar o Tolima e cumprir o objetivo de chegar à fase de grupos da Libertadores.