Foi apenas o primeiro jogo de Ricardo Colbachini como técnico interino do Inter, mas uma mudança promovida chamou atenção: Zeca como lateral-esquerdo. Contra seu clube de origem, o jogador foi escolhido para ocupar a vaga que vinha sendo de Uendel.
Apesar de ter atuado por ali nos tempos de Vila Belmiro, foi apenas a terceira partida dele nesta função ao longo da temporada. Comparando seus números aos do antigo titular, é possível constatar algumas diferenças de características entre os dois que podem beneficiar a equipe.
Maior posse de bola
Além do empate contra o Santos, Zeca também atuou pelo lado esquerdo nas vitórias contra Atlético-MG e São Paulo. Em todas elas, esteve entre os jogadores que mais acertaram passes e mais mantiveram a posse de bola — contra os são-paulinos, chegou a ser o maior portador da bola na partida, com 11,93% de posse. Na última exibição, apareceu atrás apenas de Heitor e D'Alessandro, com 10,20%.
Para efeitos de comparação, em seus últimos três jogos como titular (contra CSA, Palmeiras e Cruzeiro), Uendel foi no máximo o oitavo jogador que mais teve a posse de bola em toda a equipe colorada — 7,6% diante dos palmeirenses.
Virada de jogo
Até mesmo por ser destro, Zeca muitas vezes precisa enquadrar o corpo para dominar a bola e acaba ficando de frente para todo o campo. Assim, em vez de buscar a linha de fundo, procura se associar com companheiros mais próximos através de passes curtos.
É uma situação semelhante à vivida por D'Alessandro que, sendo um canhoto que joga aberto pelo lado direito, aumenta seu campo de visão e protagoniza muitas inversões de jogo — ou seja, lança um atleta que aparece do outro lado do gramado. O mesmo acontece com o lateral que, somente contra o Santos, promoveu cinco viradas de jogo. Uendel, nos últimos três jogos, realizou a mesma tarefa uma única vez — contra o Palmeiras.
Maior chegada à linha de fundo
Também considerando os últimos três jogos de ambos, Zeca, apesar de jogar com o pé invertido, tem um maior número de acerto nos cruzamentos — oito contra três. Além disso, basta analisar o mapa de calor destes jogos para concluir que o ex-santista avança mais à linha de fundo do que seu antecessor. A explicação, neste caso, pode estar na vitalidade para fazer o vai-e-vem que se exige de um lateral — Zeca tem 25 anos, e Uendel, 31.
Os únicos aspectos em que Uendel leva vantagem nestes cenários observados são no número de lançamentos certos (cinco contra um) e interceptações (três contra um).