Começa nesta terça-feira, para José Ricardo Mannarino, a aventura de comandar o Inter por 11 jogos no Brasileirão, em busca da pontuação (hoje seriam 60 pontos) para alcançar vaga na pré-Libertadores de 2020. O novo técnico colorado foi anunciado na noite de segunda-feira (21), e seu contrato com o clube gaúcho vai até o final do ano. Traz seu auxiliar Cléber dos Santos e terá, também, a companhia de Ricardo Colbachini, que deixa o interinato (e também o time B) para trabalhar de forma permanente no grupo principal.
Zé Ricardo será apresentado após o treino da manhã. A partir de quarta monta a equipe que enfrentará o Bahia, no sábado (26), e dá início à semana Gre-Nal.
A opção pelo técnico carioca de 48 anos tem duplo significado. O primeiro: por fazer contrato com Zé Ricardo só até o final do campeonato, o Inter alimenta esperança (talvez até uma certeza que não pode externar) de que o argentino Eduardo Coudet deixará o Racing em dezembro e será o técnico colorado em 2020. O segundo: Rodrigo Caetano consolidou-se à frente do departamento de futebol. O treinador é uma indicação sua, pela parceria firmada nos tempos de Flamengo.
Havia correntes no Beira-Rio que apostavam em Lisca como o ideal para comandar até dezembro. Também, internamente, existia a esperança de que o time poderia seguir sob comando de Colbachini. O problema é que, com ele, foram quatro pontos conquistados em nove disputados, sendo seis em casa. O profissional é considerado promissor, mas ainda muito jovem. Outro dificultador é que, até agora, ele não era um auxiliar do time principal, como Odair foi até 2017, mas o técnico da equipe B (sub-23), o que não lhe garantia frequência e convivência diária com os jogadores do time principal.
O Gre-Nal também pesou. Entrar no clássico com um interino exporia demais a direção, que ficaria sem ter com quem dividir a pressão de uma partida desse tamanho. Até o jogo da Arena, no dia 3 de novembro, porém, a única semana cheia para treinamentos que o time tem é a que começa nesta manhã. Por isso a urgência.
– O Zé é um grande profissional e tem toda capacidade pra treinar um clube da Série A. Fico feliz por esta oportunidade no Inter e desejo todo o sucesso nessa trajetória à frente do Colorado. Gostei de trabalhar com ele no Vasco e, apesar de ele ter sido um dos responsáveis pela minha vinda ao Fortaleza, não deu tempo de trabalharmos juntos por aqui. Mas com certeza é um grande comandante do nosso futebol, um cara correto e trabalhador, que terá toda estrutura pra fazer um excelente trabalho no Sul – elogia o zagueiro Paulão, ex-Inter, atualmente no Fortaleza.
A carreira de Zé Ricardo no esporte é curiosa. Até 2005, ele era profissional de outra modalidade. Da infância até os 25 anos, jogou futsal. Parou para ser treinador nas quadras, destacando-se por conquistas no Rio de Janeiro. Só então foi para o campo, assumindo como técnico na base do Flamengo. Subiu pelas categorias, foi campeão da Copa São Paulo, a mais importante de sub-20 do país, até virar auxiliar no profissional.
Em 2016, assumiu o time principal quando Muricy Ramalho teve problemas de saúde e afastou-se do cargo. Efetivado em maio daquele ano, conduziu o grupo até o final do Brasileirão, conquistando uma vaga na Libertadores de 2017. Na temporada seguinte, ganhou o Carioca.
Ao todo, foram 89 jogos no comando da equipe carioca, obtendo 47 vitórias. Em sua primeira temporada, terminou o Brasileirão em terceiro, levando o Fla para a Libertadores. Em janeiro de 2017, foi campeão carioca, único título em sua carreira. Foi demitido em agosto do mesmo ano, após eliminação precoce na Libertadores e resultados ruins no Brasileirão.
Logo após a saída do Flamengo, foi anunciado em agosto de 2017 no rival Vasco. No clube, iniciou seu trabalho na disputa contra o rebaixamento no Brasileirão, mas conseguiu improvável classificação para a Libertadores ao terminar o campeonato em sétimo. No clube de São Januário foram 50 jogos, com 22 vitórias. Em junho de 2018, pediu para ser desligado do cargo após série de resultados negativos.
Dois meses depois, foi contratado para outro clube do Rio. O Botafogo o anunciou em agosto de 2018. No Brasileiro, terminou a competição em nono lugar. Sua passagem pelo alvinegro foi encerrada em abril de 2019, depois da eliminação na Copa do Brasil para o Juventude. Seu último trabalho foi no Fortaleza. Na equipe cearense, foram apenas sete jogos e uma vitória.