Enquanto o Inter aguarda pelo desembarque de Eduardo Coudet para o final de dezembro, Ricardo Colbachini deverá seguir à frente do Inter até a conclusão do Campeonato Brasileiro. Até 8 de dezembro, o interino terá alguns problemas para solucionar. Em sétimo lugar no Brasileirão, o time precisa reagir imediatamente na competição e quebrar, já nesta quinta-feira (17), a série de cinco partidas sem vitórias na competição. Só assim terá chance de parar de perder postos na tabela e de recuperar um lugar na zona de classificação à Libertadores do ano que vem.
— A gente não venceu os últimos jogos, e ganhar se torna cada vez mais importante. A camisa do Inter pede vitórias — comentou o goleiro Marcelo Lomba.
Passado o jogo com o Avaí, restarão 12 rodadas para o fim do calendário. A maior emergência é voltar a fazer gols. O Inter balançou as redes dos adversários apenas quatro vezes no returno, quase metade dos sete que havia feito nos mesmos jogos do primeiro turno – além de ter tido outros cinco gols anulados. São dois jogos seguidos sem gol. Para a partida desta quinta-feira, diante do Avaí, em Florianópolis, a equipe poderá ter o reforço de Paolo Guerrero, que estava a serviço da seleção peruana, e que na terça-feira jogou os 90 minutos do amistoso contra o Uruguai, em Lima.
Apesar de o Avaí se configurar em um dos mais frágeis times do campeonato, o desempenho do Inter contra o Z-4 neste returno é ruim. Bateu a lanterna Chapecoense por 1 a 0, empatou com o desesperado Cruzeiro por 1 a 1, e perdeu para o CSA por 1 a 0, quando conseguiu inclusive entrar em crise, demitindo Odair Hellmann.
Os principais desafios de Colbachini
Enfim, ao ataque?
O Inter encontrou um modelo de jogo que o deixou confortável. Ataca com Edenilson e Patrick, que se juntam a D'Alessandro, Nico e Guerrero na frente. Sem Iago, vendido ao futebol alemão, a equipe perdeu a força que tinha pela esquerda. E parece não ter se dado conta disso. Foi alvo fácil para as defesas de Grêmio, de Flamengo e de Athletico, nas três grandes decisões do ano, e onde em um universo de seis jogos conseguiu marcar apenas dois gols. Guerrero isolado, D'Alessandro sem as melhores condições de jogo ou mesmo fora de algumas partidas, jogadores atuando abaixo do que estavam apresentando, e falta de apetite ofensivo marcaram essas partidas.
Mas há outra questão: a cultura do recuo. O Inter não dá goleadas. Em 60 jogos no ano, apenas uma vez venceu por três gols de diferença: o Cruzeiro, por 3 a 0, no Beira-Rio, na partida de volta da semifinal da Copa do Brasil. Talvez seja algo cultural ou até mesmo inconsciente, mas o fato é que mesmo em vantagem no placar, o Inter freia em vez de acelerar. O Inter soma 29 gols marcados em 25 jogos no Brasileirão. Um número baixo quando comparado aos ataques de Flamengo (53 gols), Grêmio (43 gols), e Palmeiras (40 gols).
— Na maioria dos jogos fora, os times mandantes tentam propor o jogo. Para conquistarmos os pontos, temos que ficar mais com a bola. Estamos procurando isso. Contra o Fortaleza e o Atlético-MG, conseguimos, e fomos felizes. Vamos tentar repetir isso para pontuar fora de casa novamente — disse o lateral Zeca.
Talvez esteja na hora de o Inter voltar a se impor como um real protagonista, atacando, em vez de se contentar com vitórias por escore mínimo - o que sempre gera riscos.
Zaga sem reposições à altura
Outro desafio é fortalecer a zaga. Com Rodrigo Moledo lesionado e Víctor Cuesta suspenso, o Inter terá de utilizar dupla de zaga reserva na Ressacada. Sem a sua dupla titular completa, o time atuou 13 vezes em 2019, obtendo sete vitórias e seis derrotas, com 12 gols sofridos e aproveitamento de 53%. Para o jogo do Brasileirão, o interino Ricardo Colbachini deve usar os zagueiros Roberto e Bruno Fuchs, a dupla do time de Aspirantes, mas que jamais atuou juta pelo time principal. Ainda que mais experientes, Klaus e Emerson Santos nunca conseguiram se impor ao ponto de postularem a titularidade na equipe de Odair Hellmann.
— Todos estão habituados a treinar nas funções. Eles trabalham juntos. Cuesta e Moledo jogaram muito tempo lado a lado, por isso tinham um bom entrosamento. Vamos procurar nos adaptar o mais rápido possível durante o jogo e deixá-los tranquilos para que tudo aconteça naturalmente — avaliou Zeca.
Como não há mais contratações a serem feitas, o Inter torce para que Moledo volte logo, recuperado da lesão muscular, e que não tenha novas contusões, algo comum em seus últimos anos de Inter. Até porque, reforços, somente para 2020.
Voltar a ganhar superando desfalques
Rodrigo Dourado, Rodrigo Moledo, Natanael, Nonato, Rafael Sobis, Matheus Galdezani e William Pottker, lesionados. Víctor Cuesta, suspenso. Mais Wellington Silva, às voltas uma vez mais coma Justiça espanhola, devido à denúncia de manipulação de jogos feita pelo Levante enquanto ele atuava lá. E, claro, as constantes convocações de Paolo Guerrero. São nove jogadores fora de combate para a partida diante do Avaí, alguns sem prazo para retornar. Colbachini terá de mexer no time, mas já dará início ao processo que desencadeará em 2020: remoçará a equipe. Em Santa Catarina, o Inter terá a zaga formada por Bruno Fuchs e Roberto, além de Heitor na lateral direita. A defesa que era a base do time de Aspirantes, de Colbachini.
— A gente procura não ver muito essas coisa (a procura da direção por treinador). Deixamos para a diretoria, que está fazendo o trabalho, ficamos de fora disso. Estamos com o Colbachini. Ele está trabalhando, estamos seguindo as instruções dele, por enquanto, deixamos assim mesmo. Vamos acatar as ideias dele. Pretendemos fazer uma boa sequência no Brasileirão e classificar o time para a Libertadores. E o que vier de treinador, a gente vai ter que estar trabalhando igual. A diretoria sabe o que faz — comentou Bruno Fuchs.
Tranquilizar o time
Tudo indica que o interinato de Colbachini será até o fim do ano. Depois, conforme o quadro do momento, Coudet assumirá a equipe, com o treinador interino voltando ao time de Aspirantes. E, quem acompanha há tempos o trabalho de Ricardo Colbachini, atesta a sua competência. Porém, há uma questão: o elenco atual, que será reformado para 2020, dará respaldo e obedecerá o técnico atual? Interinos não têm a força de um treinador "definitivo". Portanto, para Colbachini conseguir levar resultados, e alguma calmaria ao agitado Beira-Rio, é preciso que tenha um efetivo e real respaldo da direção de futebol. Caso contrário, até mesmo o sonho de voltar à Libertadores pode não passar de ilusão em 2019.
O calendário colorado até 8 de dezembro
- 17/10: Avaí x Inter
- 20/10: Inter x Vasco
- 26/10: Bahia x Inter
- 31/10: Inter x Athletico
- 3/11: Grêmio x Inter
- 7/11: Ceará x Inter
- 10/11: Inter x Fluminense
- 17/11: Corinthians x Inter
- 24/11: Inter x Fortaleza
- 27/11: Inter x Goiás
- 1/12: Botafogo x Inter
- 4/12: São Paulo x Inter
- 8/12: Inter x Atlético-MG