Inter e Athletico-PR começarão nesta quarta-feira, na Arena da Baixada, a definir quem será o novo (e rico e com vaga à Libertadores) campeão da Copa do Brasil. Dois times muito fortes em casa e com problemas como visitantes.
Uma decisão que coloca frente a frente um clube que começou a ganhar taças internacionais e outro que deseja retomar grandes conquistas.
GaúchaZH analisa duelos do jogo de ida das finais: defesas contra ataques, xadrez do meio-campo, e como o Inter pode evitar os gols do time de Tiago Nunes, acostumado a jogar em velocidade no sintético da Arena. Veja:
Ataque colorado x Defesa rubro-negra
Fora de casa, na Copa do Brasil, o Inter foi econômico nos gols. Nas oitavas, bateu o Paysandu por 1 a 0 — já havia encaminhado a vaga, com 3 a 1 no Beira-Rio. Depois, contra o Palmeiras, no Allianz Parque, derrota por 1 a 0.
O jogo contra o Cruzeiro marcou a maturidade colorada na Copa do Brasil: vitória por 1 a 0, e crise no adversário que, por causa daquela derrota, trocou Mano Menezes por Rogério Ceni. Agora, nas finais contra o Athletico, o time de Odair Hellmann precisará evitar gols e, se possível, fazê-los, a fim de dar um passo importante para o título que não vê há 27 anos.
— Um dos times mais bem treinados do Brasil, o Athletico de Tiago Nunes geralmente se defende em duas linhas de quatro, bem compactas, fazendo encaixe por setor. A famosa "marcação por zona". Normalmente, essas linhas defendem em bloco baixo, mais perto da sua área do que a do adversário. Então, é muito difícil penetrar na "zona quente" da área do Athletico para criar situações de perigo ao goleiro Santos. Recomenda-se muita mobilidade, procurar vitórias em jogadas individuais (dribles), e intensidade quando tiver a bola. Ou seja: provocar o erro do adversário — comenta Gustavo Fogaça, analista de desempenho e comentarista no canal DAZN.
Para o analista, o ideal seria o Inter iniciar o jogo de quarta pressionando os donos da casa:
— Me parece que o Inter deveria começar a partida no 4-3-3 com, com Rodrigo Lindoso, Patrick e Edenilson dando sustentação defensiva e se associando ao meio-campo. Tendo Nico López pela direita e Wellington Silva pela esquerda para forçar essas jogadas pelos flancos, sempre com Guerrero como referência. No segundo tempo, usar D'Alessandro ou Rafael Sobis a fim de ter mais controle da bola e segurar um resultado positivo, também seria interessante. O fato é que o Inter vai precisar de muito foco, intensidade e movimentação. Caso contrário, encontrará enormes dificuldades na Arena da Baixada.
Em três jogos na Copa do Brasil, a defesa do Athletico cedeu apenas um gol em casa no torneio, para o Flamengo, no empate em 1 a 1.
Ataque rubro-negro x Defesa colorada
Com ataque dinâmico e, por vezes, avassalador nas pontas, o Athletico tentará abrir a maior vantagem possível no jogo de ida. O campo sintético ajuda a dar ainda mais velocidade ao jogo. Além disso, com as arquibancadas muito próximas ao gramado, a bola quase não para. Ou seja: será jogo de intensa pressão. O sistema defensivo do Inter terá de funcionar com perfeição para evitar drama ao time de Odair Hellmann na partida do Estádio Beira-Rio.
— O sistema ofensivo do Athletico gosta de trabalhar no espaço. Nas costas dos laterais, por exemplo, algo que o Inter não deverá permitir. Eles tentam a transição rápida pelos lados. E têm jogadores para isso. Na frente, o Marco Ruben é o cara da última bola e os zagueiros precisam ter muita atenção, pois a área é a especialidade dele. O Inter precisará trabalhar sempre com a sobra para que o encaixe aconteça a favor da defesa. Espaço é a palavra chave para o ataque do Athletico — afirma o comentarista dos canais ESPN Leonardo Bertozzi.
Não bastasse a velocidade de execução do ataque de Tiago Nunes jogando em casa, o trio NMR (Nikão, Marco Ruben e Rony) está em alta.
— O Athletico aproveita bastante a condição do gramado para explorar a velocidade e chutar de média distância. O Inter não pode dar profundidade, principalmente aos jogadores mais velozes do adversário, como Rony, tampouco dar espaço para conclusão de média distância de Nikão, um hábil finalizador. Acho que nesse jogo, sim, talvez seja o caso de o Colorado se posicionar um pouco mais recuado, mas sem abdicar do contra-ataque, com pelo menos quatro jogadores. Atrair o Athletico para explorar as costas dos seus volantes e laterais pode ser uma boa saída — aposta Vinicius Fernandes, analista do Footure.
Meio-campo x Meio-campo
A amostragem do ano, no confronto mano a mano, entre Inter e Athletico, não é a ideal. No único jogo entre as duas equipes, válido pelo Brasileirão, o Athletico com quase todos os titulares venceu o Inter com quase todos os reservas (apenas Marcelo Lomba e Rodrigo Lindoso, dos atuais titulares, estavam em campo) por 1 a 0, em Curitiba.
Com um gol de Vitinho, aos 43 minutos do segundo tempo, da entrada da área, os paranaenses venceram uma partida bem disputada e com diversas chances de gol de lado a lado. Mas, agora, no embate entre os times A, os meios dos times serão fundamentais para sonhos de título.
— São setores que se parecem. O meio-campo do Inter e o do Athletico se equivalem. O Inter, se jogar com o trio de sempre, Rodrigo Lindoso, Edenilson e Patrick, terá um embate contra Welington Martins, Bruno Guimarães e Leo Cittadini. O trio athleticano tem uma peça que já deveria ser nome de seleção: Bruno Guimarães. Esse é o melhor área a área do país, mas não é só. É um jogador de toques longos, e que dita o ritmo do time, uma versão que combina o melhor dos dois mundos — entende o analista do Footure Mairon Rodrigues.
— Já o Inter, por seu lado, tem Edenilson e Patrick voando. A dupla não deve sentir a grama e jogo mais rápido da Arena. Além da experiência e da rodagem, tecnicamente Edenilson vem sendo o melhor jogador do Inter na temporada 2019. É um choque gigante entre dois dos tantos melhores setores de meio-campo do país. Empate técnico — acrescenta Rodrigues.
Na Copa do Brasil, como foram os gols feitos e sofridos pelo Athletico em casa
Athletico 1x0 Fortaleza
- Pelas oitavas de final, após empate em 0 a 0 na capital cearense, o Athletico insistiu a noite toda. Porém, uma grande atuação do goleiro Felipe Alves evitou os gols. Até que, aos 42 minutos do segundo tempo, Marco Ruben fez de peixinho o 1 a 0 da classificação, Madson, ex-Grêmio, correu pela ponta direita e cruzou na área, onde o atacante argentino mergulho às costas da zaga para marcar.
Athletico 1x1 Flamengo
- No jogo de ida das quartas de final, o Athletico marcou com o zagueiro Léo Pereira, em cobrança de escanteio. A bola roçou na cabeça de Willian Arão, enganou a defesa, e permitiu que Léo Pereira chutasse da pequena área. O Athletico ainda teve dois gols anulados pelo árbitro gaúcho Anderson Daronco.
- O Flamengo empatou em um gol estranho. Renê cobrou um lateral quase do meio-campo para a área. A bola quicou, enganou Léo Pereira, que levou um drible de corpo de Gabigol. Na saída do goleiro, o atacante desviou e empatou o jogo.
Athletico 2x0 Grêmio
- Depois de perder o jogo de ida das semifinais por 2 a 0, em Porto Alegre, o Athletico foi em busca de um milagre. E conseguiu. No primeiro tempo, Rony fez a jogada pela ponta esquerda, e cruzou para trás, onde Bruno Guimarães, livre, chutou no travessão. O rebote cai para Nikão, que bate sem chances para Paulo Victor.
- No segundo tempo, Rony, de novo, cruza da esquerda e Marco Ruben se antecipa a Geromel para marcar de cabeça.