Tudo o que os colorados não querem é que o 10º gol da carreira de Bruno Guimarães tenha sido o do título da primeira Copa do Brasil do Athletico-PR. O meia de 21 anos foi a diferença da partida de ida da decisão, na Arena da Baixada, na segunda atuação de gala seguida contra times gaúchos em um intervalo de sete dias. Tanto contra o Grêmio, na semifinal, como contra o Inter, na final, foi eleito o melhor em campo pela Rádio Gaúcha — e na quarta-feira (11) à noite, também pela organização da competição nacional.
Nascido no Rio de Janeiro, o jogador de 1m82cm nunca passou pelos grandes cariocas. Foi descoberto pelo Athletico-PR quando jogava no Audax-RJ (time de um projeto de revelação de talentos por onde voltou ao cenário também o técnico Fernando Diniz, mas na filial paulista) e mudou-se para Curitiba em 2017. Jogou primeiro no time B do Furacão, com Tiago Nunes, até ser promovido ao principal pelo próprio Diniz, no início de 2018. E dali em diante, nunca mais deixou a equipe.
Só vai deixar, aliás, quando sair do país — o que não deve demorar muito, visto que seu nome aparece em diversas especulações para gigantes europeus, como Real Madrid e Chelsea. O clube paranaense já avisou: Bruno Guimarães custa 40 milhões de euros.
"Meio-campista completo com o vício do gol", comentou o jornal italiano Calciomercato, que mais uma vez aponta o interesse de Inter de Milão e Juventus. "Peça fulcral no Furacão, ao ponto de praticamente todos os ataques passarem pelos seus pés", escreveu o jornalista português David José Pereira. "Chelsea está de olho no construtor considerado uma joia do Athletico-PR", apontou a publicação inglesa The Sun.
Não importa o idioma, são inúmeros elogios ao jovem atleta, que já passou daquela fase de ser debatido se é volante ou meia. Como gostam de brincar, Bruno é um "todo-campista".
— Ele ocupa o espaço do campo que interpreta na hora. Entende o jogo. Tem personalidade para pisar na área, para arriscar. Por estar pendurado, até aliviou na pressão ao adversário — elogiou o técnico Tiago Nunes.
De fato, o próprio Bruno Guimarães admitiu que os dois cartões o preocupavam. Revelou que nas faltas que fez, olhou para o árbitro Raphael Claus e disse "Foi mal, foi mal!".
Mas não foi só o ambiente favorável e a decisão do campeonato que fizeram o jogador brilhar. Havia mais razões para seu desempenho tão destacado. Para assisti-lo na primeira final nacional que disputou, Bruno Guimarães comprou ingressos para 15 familiares, que se espalharam pela Arena da Baixada para torcer. A mãe dele, Márcia, chegou a prever o resultado e a participação, mas errou:
— Vai ser 1 a 0 e ele vai dar assistência para o Marco Ruben.
Inversão de papeis dos protagonistas à parte, Bruno era só sorrisos. Ficou mais de 10 minutos brincando com todos na saída do estádio, tirando fotos com os familiares e as máscaras usadas para apoiá-los.
— Fazer um gol com a presença deles aqui é especial. É o ponto máximo da carreira fazer um gol, com estádio cheio e escutar a torcida gritar o seu nome. Isso ninguém pode pagar. Foi um dia que jamais vai sair da minha memória — suspirou.
A modéstia exibida pela mãe é compartilhada pelo filho. Perguntado na entrevista coletiva sobre quem era o melhor meia do Brasil, o fã de Iniesta fez questão de selecionar contemporâneos:
— Pergunta difícil, hein? Gosto do Matheus Henrique e do Jean Pyerre (do Grêmio), do Arrascaeta (do Flamengo) e do Nonato (do Inter). Acho que estão todos muito bem.
— Mas não és tu? — insistiu o repórter.
— Acho que não. Mas espero um dia ser — respondeu Bruno Guimarães.