Paolo Guerrero está mais goleador do que nunca. E também mais tranquilo. Há quatro meses no Beira-Rio, o centroavante apresenta no Inter uma efetividade que jamais apresentou na carreira. Aos 35 anos, o camisa 9 precisa de menos minutos em campo e de poucas oportunidades de gol para balançar as redes. Além disso, quem o acompanhou de perto no Corinthians, no Flamengo e na seleção peruana relata que o jogador está mais confiante e, acima de tudo, mais calmo dentro de campo.
Por Corinthians e Flamengo, Guerrero disputou 238 jogos, recebeu 57 cartões amarelos e sofreu duas expulsões. Pelos dois clubes do eixo, o atacante teve uma média de um cartão a cada quatro partidas. Já no Inter, o centroavante recebeu apenas três cartões amarelos em 17 partidas, uma média de uma advertência a cada 5,6 jogos.
Já no Inter, Guerrero passou a tomar menos cartões e a balançar as redes com mais frequência. Com 11 gols marcados em 17 jogos, o centroavante tem aproximadamente um gol marcado a cada 130 minutos, o que dá uma média de aproximadamente um gol para cada uma partida e meia. Na média, o peruano precisa de apenas quatro finalizações para balançar as redes, efetividade que o atleta não apresentou em nenhuma das outras equipes em que atuou.
No Corinthians, entre 2012 e 2015, Guerrero marcou 52 gols em 126 partidas, uma média de um gol a cada 2,4 jogos. Já no Flamengo, entre 2015 e 2018, foram 43 gols marcados em 112 jogos, uma média de 1 gol a cada 2,6 partidas. Mesmo mais velho, o centroavante melhorou os seus índices com a camisa colorada.
— O Inter buscou o Guerrero no momento mais maduro de sua vida profissional. Antes, ele saía das partidas brigando com os jogadores adversários. Noto ele hoje mentalizado na partida e sempre concentrado em fazer o gol. Para mim, é o melhor momento de sua carreira — opina o repórter Renato Landívar, que cobre a seleção peruana para o jornal Todo Sport, do Peru.
No Corinthians e no Flamengo, o temperamento mais explosivo do centroavante chamava atenção da imprensa local. Algo que não se repete neste seu início com a camisa do Inter.
— Guerrero era muito pilhado e muito nervoso. Tite contava que sempre tinha que pedir calma para ele. Era como uma bomba que poderia explodir a cada segundo. Se tomava uma entrada de um jogador adversário, logo queria revidar. Já foi expulso por isso. No Inter, ele está mais calmo — observa o jornalista Rodrigo Vessoni, setorista do Corinthians do site Meu Timão.
No Flamengo, não foi diferente:
— Apesar da entrega que sempre teve, Guerrero sempre teve uma dificuldade muito grande para conseguir ser mais calmo dentro de campo. Ele reclamava demais com a arbitragem, tomava cartões e isso atrapalhava muito o seu desempenho. Além disso, ele costumava cair nas provocações dos adversários, principalmente em clássicos — relembra o repórter Renan Moura, setorista do Flamengo da Rádio Globo, do Rio de Janeiro.
Com essas diferenças de comportamento e desempenho entre os clubes, fica bem claro que o Inter está satisfeito com seu centroavante. Dirigentes não poupam elogios ao camisa 9. Para o diretor-executivo Rodrigo Caetano, Guerrero, além de fazer o time jogar, como era nos tempos de Flamengo e Corinthians, também "está sendo um artilheiro".
— Ele está bem fisicamente, feliz, o time o ajuda e ele faz parte de uma equipe que gosta de jogar com centroavante. O Guerrero finaliza a maioria das jogadas dentro da área e, quando a bola chega, ele dificilmente erra. Ele se sente feliz no Inter e pode ter pesado o modo como, em um momento difícil da carreira, apostamos nele. Isso permitiu que ele jogasse uma Copa América e chegasse a uma final — completa o vice de futebol Roberto Melo.
A Copa América, aliás, foi outro grande momento vivido pelo atacante. Guerrero foi protagonista da seleção do Peru em uma campanha histórica na competição, conduzindo a equipe à final contra o Brasil. Essas conquistas, logo após uma suspensão de quase um ano e meio por doping, tornam o ano de 2019 especial para o centroavante.
— Isso se chama experiência. A Copa América fez um bem gigantesco para o Guerrero. Ele ficou ainda maior para o futebol peruano. Está passando por um momento de confiança extrema e, tecnicamente, é indiscutível. Parece que sabe tudo que vai acontecer no campo e tem domínio de tudo que acontece. Está vivendo a melhor fase da sua carreira — opina o comentarista da ESPN Brasil, Gustavo Hofman.