O gol de Paolo Guerrero nos minutos finais do jogo contra o Nacional-URU, no Parque Central, deixou o Inter em boa situação para a volta das oitavas de final da Libertadores em Porto Alegre. Basta um empate para o Colorado confirmar a vaga nas quartas de final para enfrentar Emelec ou Flamengo.
O clube, porém, tem no passado exemplos de confrontos em que tinha a vantagem em casa e sofreu para conseguir avançar ou até mesmo acabou eliminado. Eles podem servir de lição para Odair Hellmann e seus comandados obterem classificação sem sustos na próxima quarta-feira em um Beira-Rio que deverá ter casa cheia.
O próprio Nacional-URU é um exemplo disso. Em 2006, quando conquistou a sua primeira Libertadores, o Inter encarou os uruguaios na mesma fase de oitavas de final e também venceu em Montevidéu - naquela ocasião por 2 a 1.
A vaga foi confirmada no Beira-Rio, mas com drama e polêmica. O jogo terminou em 0 a 0. Os visitantes, no entanto, voltaram para o Uruguai reclamando de dois gols anulados pelo árbitro paraguaio Carlos Torres. A classificação daquela forma acabou servindo para a sequência do torneio. O ex-goleiro Clemer revela que o confronto com os uruguaios mostrou a necessidade de manter a atenção nos 180 minutos do mata-mata.
— Não foi relaxamento. O time entrou muito focado, tínhamos um grupo muito consciente e preparado. A questão é que em se tratando de Libertadores toda atenção é pouca. Nada está ganho antes dos 180 minutos. Acredito que as principais aprendizagens e experiências foram essas — recorda o agora treinador com passagens por Inter e Brasil de Pelotas.
Clemer acredita que o Nacional virá a Porto Alegre na quarta-feira com o mesmo espírito: o de confiar na classificação apesar da desvantagem.
— Uruguaios e argentinos têm a característica de brigar até último minuto pelo resultado, essa irresignação. Mesmo com a desvantagem, eles jogaram no Beira-Rio para buscar a reversão. Felizmente conseguimos nos adaptar ao jogo e garantir a classificação — observa.
Um outro capítulo
Se em 2006 o confronto com o Nacional foi apenas um susto na campanha do título, em 1989 o clube não teve tempo para se recuperar. Há 30 anos, o Colorado buscava a ainda inédita conquista da América e esteve perto da final quando venceu o Olimpia por 1 a 0 em Assunção. Na volta, os paraguaios escreveram uma das páginas mais tristes da história colorada, vencendo por 3 a 2 no tempo normal e avançando para a decisão nos pênaltis.
O ex-meia Luís Fernando Rosa Flores anotou de bicicleta um golaço que deu a vitória ao Inter em Assunção. O atual auxiliar técnico de Enderson Moreira no Ceará reconhece que o clima de "já ganhou" atrapalhou o time colorado naquela decisão.
— Aconteceu ali que a gente achou que já estava classificado. Não foi nem por salto alto, mas a confiança do próprio jogo de ida. Você ganha fora e acredita que vai classificar em casa — conta Luís Fernando, que aponta a falta de experiência como outro fator que atrapalhou o Inter diante do Olimpia.
— O Inter naquele momento tinha pouca experiência em Libertadores. Tinha jogado nos anos 70 e depois foi em 1989. Acredito que aquilo ali até serviu depois para o Abel em 2006 — aponta.
Experiência é ponto a favor
A experiência é justamente um trunfo que o Inter tem para evitar que o clima de euforia atrapalhe na próxima quarta-feira (29). Ter nomes como D'Alessandro, Paolo Guerrero e Rafael Sobis no elenco é visto como fundamental para este momento de decisão.
—Eles têm a experiência e a vivência da competição. Sabem ler o que a partida exige e ditar o ritmo em certos momentos. Sem dúvida são coisas que em Libertadores fazem total diferença dentro de campo — destaca Clemer.
Bicampeão da América com o Inter, Tinga concorda que a experiência é um ponto a favor do Inter. Ele ainda elogia o momento do clube e diz que vê o time de Odair Hellmann pronto para conquistar grandes títulos.
— O Inter tem tudo, tem jogadores jovens querendo protagonismo, tem atletas querendo cavar o nome na história do clube e outros já marcados e que sabem o quanto é importante conseguir isso. No Brasil, hoje, não vejo time mais pronto que o Inter para avançar na Libertadores — projeta o ex-meio-campista.
Jogos marcantes em que o Inter chegou ao Beira-Rio com vantagem na Libertadores
Olimpia - 1989
A eliminação para o Olimpia em 1989 foi uma das derrotas mais marcantes da história do Inter. Após vencer por 1 a 0 em Assunção, o Colorado tinha o placar favorável de 2 a 1 no Beira-Rio, mas cedeu a virada de 3 a 2 no tempo normal. Nos pênaltis, o time paraguaio levou a melhor por 5 a 3 e avançou para a final. O atacante Nilson (ainda no tempo normal) e o volante Leomir ficaram marcados por terem perdidos pênaltis naquela noite.
Nacional - 2006
No ano do seu primeiro título de Libertadores, o Inter conseguiu uma classificação suada diante do Nacional nas oitavas de final mesmo tendo vencido no Uruguai por 2 a 1. A volta, no Beira-Rio, terminou em 0 a 0. Os uruguaios, porém, chegaram a marcar dois gols, que foram anulados pelo árbitro Carlos Torres.
São Paulo - 2006
Os dois gols de Rafael Sobis no Morumbi encaminharam o inédito título do Inter na final de 2006. A confirmação da conquista veio com um empate de 2 a 2 no Beira-Rio. O time de Abel Braga esteve em vantagem duas vezes, mas cedeu o empate. No final, sem Tinga (expulso na comemoração do segundo gol), o Colorado segurou o resultado que garantiu a taça.
Chivas - 2010
Novamente o Inter venceu fora de casa o jogo de ida da final. A conquista sobre o Chivas veio com nova vitória no Beira-Rio, mas não sem susto. O time mexicano foi para o intervalo com uma vantagem de 1 a 0, que levava a decisão para a prorrogação. No segundo tempo, Rafael Sobis, Giuliano e Leandro Damião garantiram a vitória por 3 a 2 e o bi da América.
Peñarol - 2011
Defendendo o título de 2010, o Inter conseguiu um empate de 1 a 1 diante do Peñarol, no Centenário, na ida das oitavas de final que dava a chance de confirmar a vaga no Beira-Rio com um 0 a 0. A equipe então treinada por Paulo Roberto Falcão saiu na frente em Porto Alegre, mas cedeu a virada. O 2 a 1 classificou os uruguaios e causou uma grande decepção aos colorados que esperavam seguir no caminho do tri.