Jonatan Álvez, 30 anos, chegou à sala de imprensa do CT Parque Gigante debaixo de intensa chuva. Desembarcou do carro acompanhado do vice de futebol Roberto Melo. Minutos antes, no treino, havia marcado um gol de puro oportunismo. Um gol de centroavante. Cruzamento para a área, ele mergulha de cabeça e desvia de Danilo Fernandes.
Apresentado por Melo, que fez questão de citar se tratar de "um jogador que despertava o interesse de diversos outros clubes e escolheu jogar no Inter", o atacante nascido em Rivera, a alguns metros de distância do Rio Grande do Sul, passou a responder aos questionamentos dos repórteres que tomavam o salão. Jonatan ficará no Beira-Rio por empréstimo até junho de 2019, e o Inter tem a possibilidade de comprá-lo do Junior de Barranquilla.
Em um espanhol de fácil compreensão, muitas vezes com traços de portunhol fronteiriço, o novo atacante pediu a 86 para homenagear a avó — a 9 é de Damião, a 99, de Pottker, e a 44, que usou em alguns clubes, pertence ao zagueiro Klaus.
A direção do Inter tenta acelerar a sua inscrição no BID para que o uruguaio possa estrear diante do Ceará, na próxima segunda-feira, no Beira-Rio.
Confira os principais trechos da entrevista.
A escolha pelo Inter
Aqui tem tudo o que um jogador quer: campo bom, companheiros bons. Não tem como o cara estar chateado, estar triste. É só alegria. E vou trabalhar com a maior alegria. Os companheiros dão confiança. Meu empresário me disse (da possibilidade de jogar no Inter). Havia possibilidade de outros clubes também. Eu queria cumprir um sonho desde menino. Jogar no Brasil. Estou realizando um sonho. O Inter tem muitos títulos, quero ajudar a conquistar ainda mais.
Condição atual
Estava num bom nível também (no Junior de Barranquilla). Vinha treinando há mais de um mês em pré-temporada. Fisicamente estou bem. Graças aos meus companheiros, chegamos longe na Libertadores (com o Barcelona-EQU, em 2017). Agora, isso é passado. Tenho de trabalhar forte, o dobro, porque não vinha jogando. Preciso demonstrar isto o mais rápido possível e estar à disposição.
República do Prata
Os companheiros me receberam de uma boa maneira, agradeço a eles. Me apeguei ao Nico López, que é uruguaio também. Depois, a todos. Tem jogadores de muita qualidade no Inter. Com alguns jogadores de grande nível, de nível de seleção. É um orgulho ser companheiro deles. A grande referência é o D'Alessandro, um jogador top. A qualidade das pessoas me demonstrou que, aqui, eu posso dar o melhor de mim. D'Alessandro é a grande estrela. É uma honra jogar ao lado dele.
O apelido de "El Loco"
É que eu não gosto de perder. Todos os clubes para onde vou eu trato de ganhar. Com o Inter, eu não vim só para estar aqui por estar. Eu quero estar aqui, venho por empréstimo, mas quero ficar muito mais tempo. E mostrar para a torcida que posso chegar muito longe com o meu trabalho.
Mudança de ambiente
Cheguei agora, preciso tratar de trabalhar da melhor maneira. Vim de um calor de 40ºC, agora tem de se adaptar à chuva e ao frio. Mas isso não interessa. Tenho de demonstrar dentro de campo, tratar de treinar da melhor maneira. E, quando estiver à disposição do treinador, mostrar o que sei.