As orientações do auxiliar técnico Odair Hellmann nas atividades táticas retratam uma nova prioridade do Inter: aprimorar as jogadas pelo meio do campo, com a bola no chão, para depender menos dos cruzamentos aéreos. O auxiliar insistia:
– Não cruza por cruzar! Dá passe! Tem que rodar a bola!
O time tem como característica alçar muitas bolas para a área. Nas últimas quatro vitórias, a equipe colorada marcou dez gols, sendo que seis deles foram originados em cruzamentos. No 3 a 1 sobre o Londrina, por exemplo, foram três gols de cabeça em jogadas de bola parada.
O site de estatísticas Footstats, inclusive, mostra que nos últimos quatro jogos, o Inter ergueu a bola 102 vezes para a área. Destas, 42 encontraram algum colorado. As demais resultaram em cortes da defesa ou foram direto para fora.
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Ainda que seja a maior força do time, o cruzamento para a área pode ter um desdobramento perigoso, como lembra o comentarista do SporTV, Carlos Eduardo Lino:
– O mal dos times brasileiros, e não só do Inter, é rifar a bola na área. Flamengo e Atlético-MG fazem muito isso também. Sem uma organização defensiva, acabam tomando contra-ataque. E um time fechado, jogando por uma falha defensiva do adversário, é a marca da Série B.
Por isso a preocupação do técnico Guto Ferreira em aumentar o repertório de jogadas, trocando a bola aérea pela bola no chão. Em um trabalho de ataque contra defesa, Odair pedia que os meias e atacantes evitassem os cruzamentos e investissem em passes verticais e infiltrações pelo meio.
Depois, quando Guto comandou um trabalho tático de 11 contra 11, mais uma vez o time titular era orientado a não alçar a bola na área e sim tentar invadir a área adversária pelo meio, rodando a bola com passes rasteiros.
Em outro momento do treinamento, o técnico comandou uma longa atividade de chutes a gol, em que todos os atletas do grupo finalizaram diversas vezes.
O lateral-direito Cláudio Winck reforçou a vocação da equipe em atacar pelos lados, mas também citou o elemento surpresa dos meias:
– As infiltrações do Edenilson e do D'Ale não são só para cruzamentos, mas também para os passes do Sasha e do Pottker.
Lino salienta que o time que "domina" a partida precisa ter um repertório variado para criar as situações e evitar riscos:
– O controle do jogo não pode estar baseado só em forçar o ataque pelos lados. Claro que é uma alternativa importante, mas não pode transformá-la em única saída. No último jogo, em bola parada, funcionou. Até porque na bola parada é mais fácil para organizar, posicionar suas melhores peças tanto na questão ofensiva quanto na defensiva. Mas é importante criar a variação.
A meta é que, a partir do jogo de sábado, contra o ABC, o time do Inter já seja mais versátil, capaz de marcar gols tanto pelo alto como pelo chão.
*ZHEsportes