Como teria sido o primeiro semestre do Inter caso Eduardo Sasha tivesse começado a temporada? Teria sido campeão gaúcho? Talvez. Teria evitado a demissão de Antônio Carlos Zago, bem Como as crises rodada a rodada na arrancada da Série B no Beira-Rio? É possível. Mas Sasha precisou de tempo para poder voltar a ser o verdadeiro Sasha. Um risco calculado. Agora, jogador, time, direção e torcida colhem os frutos. Livre das dores crônicas no tornozelo direito, Eduardo Sasha se tornou um dos principais jogadores do Inter na atualidade – e na série de cinco vitórias seguidas na Série B.
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Em mundo dividido entre vermelhos e azuis, Sasha é uma espécie de Ramiro pelo lado esquerdo. Com ele saudável outra vez e dando equilíbrio ao meio-campo, Guto Ferreira encontrou um sólido pilar para montar o seu 4-1-4-1.
– Ao lançar mão de Sasha contra o Oeste no Beira-Rio, cinco rodadas atrás, Guto Ferreira salvou o emprego. O treinador ouvira dos dirigentes que era preciso vencer os dois jogos após a derrota para o Vila Nova. Sasha deu ao Inter velocidade de execução. Ajuda a marcar, transita rápido no meio-campo e chega à área para concluir. Não é genial, mas compete e entrega a tarefa que lhe é destinada. Sasha também percebeu que era sua última chance. Encarou Como prato de comida. É titular indiscutível – analisa o comentarista da Rádio Gaúcha e da RBS TV, Maurício Saraiva.
Sasha é uma espécie de motorzinho do Inter. Como Tinga foi anos atrás. Um volante que sabe marcar, armar, atacar e concluir a gol. O problema é que Sasha jamais conseguiu concluir uma temporada desde o seu retorno do Goiás, em 2014. Voltou ao clube e fez do time de Abel Braga um forte competidor por vaga à Libertadores naquele ano. O Inter se classificou, mas perdeu Sasha pelo meio do caminho, em outubro.
O tornozelo direito de Sasha passou a ser um problema em meio a um treino, quando uma bolada acertou a ponta do pé direito do jogador. O lance, aparentemente despretensioso, ocasionou uma rachadura de cerca de três centímetros no maléolo medial (uma protuberância da tíbia, que fica no lado interno do tornozelo). Segundo os médicos do Inter, essa lesão foi causada por estresse mecânico - por conta do movimento repetitivo, o osso perde força, gerando fratura. Era o fim do ano para ele.
Voltou em 2015 e foi o destaque do Inter de Diego Aguirre na Libertadores. Isso até as quartas, ao final de maio, quando ajudou a classificar o Inter e precisou parar para realizar uma artroscopia no tornozelo direito, justamente porque os articulações começaram a gerar impacto, quando uma bate na outra, provocando dores.
Sasha voltou três dias antes do mata-mata com o Tigres. Mas não conseguiu ser o mesmo de antes da parada. E o Inter sentiu a falta daquele que era o seu principal jogador no torneio. Menos de cinco meses depois, Sasha precisou voltar ao hospital. Recebeu uma pancada, de novo no tornozelo direito, o que fez uma lasquinha de osso se soltar e provocar novas dores no jogador.
No último 5 de janeiro, a opção de Sasha foi realizar a cirurgia com especialistas em tornozelo, em São Paulo. O departamento médico do Inter concordou com a decisão do atleta, que se submeteu à limpeza interna do tornozelo direito para a retirada de bicos de papagaio e de fragmentos ósseos, além de corrigir um nervo do tornozelo – que limitava alguns deslocamentos laterais do jogador.
– Ainda que a torcida não soubesse, Sasha jogou no sacrífico no segundo semestre do ano passado. Como queria ajudar o time a evitar o rebaixamento, atuou com muitas dores no tornozelo direito. Mas chegou um momento em que ele não suportava mais as dores – conta o atual vice de futebol colorado, Roberto Melo. – Em dezembro (de 2016, após a eleição no clube), fui procurado pelo agente dele e concordei com a necessidade de uma parada de quatro meses para a cirurgia. Tudo indica que o problema foi solucionado de vez – comemora Melo.
Após a sétima cirurgia na carreira, Sasha ficou aos cuidados da fisioterapia do Inter e, depois, do coordenador do Departamento de Performance Élio Carravetta, com quem trabalhou boa parte do ano.
– Sasha vem melhorando em todos os sentidos, tomando diferentes cuidados extras, mesmo fora do clube, com muita dedicação nos treinamentos e se utilizando diariamente dos procedimentos da fisioterapia. Associado a tudo isto, o time Como um todo está encontrando um padrão de jogo, o que facilita os desempenhos individuais. Com isso, o sentimento de autoestima e superação também crescem – diz Carravetta.
Aos 25 anos, com 32 gols pelo Inter e com vínculo até o final de 2020, Sasha se mantém Como um dos grandes ativos do clube.
– Tivemos várias propostas pelo Sasha e recusamos todas elas. Trata-se de um jogador que todo o treinador quer ter. O Inter sempre sentiu muito a ausência do Sasha: em 2014, em 2015, em 2016 e na atual temporada. É um cara extremamente competitivo, cumpre as funções determinadas e é inteligente taticamente, além de finalizar bem de ter boa impulsão – elogia Melo.
Agora que Sasha virou uma solução para o Inter, o seu desafio é se manter em campo até o final da temporada, para um recomeço em 2018, de volta à Série A.
*ZHESPORTES