Das 13 contratações do Inter na temporada, a de Willian Klaus foi das menos badaladas. E, de repente, o filho de Dois Irmãos pode ter se tornado ao lado de Danilo Silva a solução dos problemas de uma zaga que falhou quase todo o ano. Com Klaus de volta ao time, a defesa de Guto Ferreira não sofre gols há 270 minutos.
Klaus foi apresentado em janeiro, junto ao lateral-direito Alemão, nas acomodações do hotel Vila Ventura, onde a equipe começou o ano. Ainda meio encabulado nas entrevistas, ficou com as bochechas coradas com as perguntas corriqueiras dos repórteres. Não estava acostumado com tanta gente o questionando. Lembrou que jogou no Inter na época de guri, mas que deixou a base colorada, trancou o curso na faculdade de Engenharia e acabou se profissionalizando no Alfredo Jaconi.
Leia mais:
Flamengo faz sondagem por dois goleiros do Inter
Atacante do Boa, ex-Inter e Caxias, Reis avisa: "Vamos jogar de igual para igual"
O ex-zagueiro do Juventude foi buscado em Caxias do Sul a pedido do técnico Antônio Carlos Zago. Começou o ano como titular, ao lado de Paulão, depois atuou com Ernando, até que foi arquivado por Zago, sem muitas explicações. Depois de quatro meses no ostracismo do CT Parque Gigante, foi resgatado por Guto. Virou titular jogando com Ernando, depois com Léo Ortiz, até que encontrou Danilo Silva e, com Klaus em campo, a equipe não sofre gols há três jogos – algo raro no Inter de 2017.
– O Inter encontrou um mínimo de equilíbrio nesse momento. E as posições-chave, como goleiro, zagueiro, meia e atacante parecem estar funcionando bem. Não é hora de mexer. Klaus entrou bem na defesa e precisa ganhar confiança, não apenas do técnico, mas também da torcida. O time deu uma encaixada e merece ter uma série de quatro a cinco jogos com a mesma formação – diz o ex-zagueiro da dupla Gre-Nal e da Seleção Brasileira Mauro Galvão.
Antes de ser resgatado pela nova comissão técnica, Klaus foi retirado do time devido a um desconforto muscular na coxa direita. Era o mês de fevereiro e apenas o zagueiro Eduardo havia sido queimado no Inter. Klaus não teve lesão confirmada nos exames, mas também não voltou à equipe. Passou a treinar com o coordenador do Departamento de Performance do Inter, Elio Carravetta. Ganhou mais massa muscular, mas seguiu fora dos planos de Zago, enquanto que em campo Paulão, Ernando, Neris e Ortiz eram fritados com os muitos gols sofridos pelo sistema defensivo – o argentino Victor Cuesta foi o único a se salvar, ainda que a bola aérea seguisse um grave problema na zaga, mesmo com a sua experiência.
– Klaus joga simples, como deve ser um zagueiro. É um dos mais jovens na defesa do Inter e, no momento, o que ele mais precisa é ter sequência para ganhar confiança – afirma Elias Figueroa. – Condições para se manter como titular ele tem – acrescenta o xerife chileno.
Com a lesão muscular de Cuesta, Guto apostou em Klaus. O retorno ao time, 123 dias depois de sua última aparição, contra o Princesa do Solimões (outro jogo em que a defesa saiu invicta no ano), ocorreu no estádio do Arruda. No 0 a 0 com o Santa Cruz, mais uma dificuldade: Ernando, a dupla de Klaus, saiu lesionado no intervalo. Ortiz jogou o segundo tempo. O último gol sofrido pelo Inter foi para o América-MG, de cabeça, em uma zaga que tinha Léo Ortiz e Danilo Silva em campo.
– Klaus está sendo a melhor solução, assim também como um dia foram Ortiz, Paulão, Eduardo. Zagueiro tem de saber se posicionar, marcar, fazer a leitura da jogada, ter imposição física por baixo e na bola aérea, além de jogar simples. Klaus preenche a maioria desses requisitos. Contra o Brasil-Pel, deu chutão. Zagueiro não pode ter vergonha de dar chutão, ainda mais se estiver atuando na Série B. Mas também precisa de um sistema defensivo que funcione, com proteção à frente da zaga. E isso Guto começa a construir na equipe – entende o repórter da RBS TV e ex-zagueiro das categorias da equipe sub-20 do Guarani-VA, Fernando Becker.
Ainda que haja a possibilidade de Victor Cuesta voltar a ficar à disposição de Guto para a partida deste sábado, contra o Boa, Danilo Silva seria uma candidato mais forte a deixar o time, uma vez que vem atuando pelo lado esquerdo, função para qual o canhoto Cuesta foi contratado ao Independiente.
– Não é só a zaga. Começa com o Brenner, que ajuda na marcação. Estamos tentando pegar o que o Guto nos passou. Ele pediu para melhorar a marcação. Focamos e acertamos o posicionamento. Melhoramos também a bola parada – avalia Danilo Silva, quase uma década mais experiente do que Klaus, destacando o novo momento da defesa colorada.
Antes de Klaus se tornar titular com Guto Ferreira, a defesa colorada havia sofrido 33 gols em 35 jogos (média de 0,94 gol por partida) na temporada. Nesses jogos, foram quatro gols sofridos com o ex-Juventude em campo. Nas últimas três partidas, contra Santa Cruz, Paraná e Brasil-Pel, a zaga ficou invicta.
O Inter de Klaus - 4 gols sofridos em 8 jogos
Inter 2x1 Brasil-Pel
Zaga: Paulão e Klaus
Inter 1x2 Novo Hamburgo
Zaga: Klaus e Ernando
Inter 1x0 Fluminense
Zaga: Paulão e Klaus
Inter 1x1 Caxias
Zaga: Klaus e Ernando
Princesa do Solimões-AM 0x2 Inter
Zaga: Paulão e Klaus (que saiu com dores na coxa direita e foi substituído por Ernando, ao final do 1° tempo)
Santa Cruz 0x0 Inter
Zaga: Klaus e Ernando (lesionado, foi substituído no intervalo por Léo Ortiz)
Inter 0x0 Paraná
Zaga: Klaus e Danilo Silva
Brasil-Pel 0x0 Inter
Zaga: Klaus e Danilo Silva
* ZHESPORTES