Um franco-atirador é um soldado de infantaria ou de uma força de segurança especializado em tiros de precisão. Ele mata inimigos selecionados com um único disparo. Na Segunda Guerra Mundial, franco-atiradores russos, nazistas e americanos protagonizaram os duelos mais impressionantes da história militar moderna. Frieza, precisão, inteligência e resistência são os atributos essenciais de um sniper. A origem do termo, aliás, é interessante.
Durante a Guerra Civil dos Estados Unidos, um oficial do exército dos Confederados, do Sul, teve a ideia de criar um grupo de atiradores de elite para atacar os oficiais do Norte e, assim, desestabilizar seu comando. Os atiradores foram recrutados entre caçadores de notória habilidade para derrubar aves pequenas e rápidas, os snipes. A História tratou de imortalizar o termo.
Na quarta-feira à noite, contra o poderoso Palmeiras no Allianz Parque, em São Paulo, o Inter terá de entrar em campo com o espírito de um sniper. Em desvantagem técnica e moral, o Colorado só conseguirá sair vivo da primeira partida do mata-mata da Copa do Brasil se tiver frieza, precisão, inteligência e resistência.
No embalo do novo momento regido por Cuca, o Palmeiras virá com tudo para cima do Inter. Com seu ataque veloz e envolvente, tentará martelar o Colorado. Este é o seu jogo. Por isso, a equipe de Antonio Carlos Zago precisa, em primeiro lugar, ser fria, para não cair na pilha palmeirense. Se demonstrar que também joga e que não sente medo da constelação alviverde, dará o primeiro passo.
O segundo é a precisão. Quando surgir a oportunidade, e ela vai surgir, pois o Palmeiras joga e deixa jogar, o tiro tem de ser fatal. Um, dois, três gols. Impossível? A Ponte Preta provou que não. Mas errar o alvo não pode estar em cogitação.
A inteligência também se fará necessária. Se a partida não for favorável ou se a pressão estiver insuportável, é necessário ser inteligente para não tomar gols acima de tudo. Segurar a bola, tocar objetivamente, fazer o jogo virar de um lado para outro, projetar um lançamento vertical. Impossível? Qualidade não falta no elenco colorado para tanto.
Por fim, a resistência. O Palmeiras vai pressionar até o fim. As vitórias obtidas nos acréscimos na Libertadores mostram que o time de Cuca, apesar de desorganizado sob o comando de Eduardo Baptista, vive uma fase esplendorosa. Recheado de craques, é um time que quer vencer. Que entra para vencer e joga para vencer. Portanto, o Inter só sairá com chances do Allianz Parque se resistir até acabar o jogo. Literalmente.
No Beira-Rio, em 31 de maio, a conversa é outra. As trincheiras serão nossas, os esconderijos nós conhecemos e o território será completamente hostil para o Palmeiras. Voltando vivos, quem sabe, podemos dar o tiro fatal.