Se confirmar a equipe especulada para jogar o Gre-Nal 412, Antônio Carlos Zago terá mais de meio time de estreantes no clássico. O duelo contra o Grêmio, pela sexta rodada do Gauchão, será a primeira vez de Léo Ortiz, Carlinhos, Charles, Uendel, Carlos e Brenner.
Com tantos novatos, um jovem de 22 anos como Rodrigo Dourado acaba sendo um dos mais cascudos colorados no clássico. Pelos profissionais, já atuou oito vezes contra o Grêmio. Viveu a experiência de conquistar um título contra o rival, mas também teve o outro lado, como a goleada de 5 a 0. No último encontro com o Tricolor, acabou sendo expulso em uma confusão com o lateral-direito Edílson. Na entrevista desta terça-feira, porém, tratou de minimizar aquela cena e focar no jogo de sábado:
– Já passou aquele Gre-Nal, esqueci. Agora é outro jogo.
Leia mais:
Dourado projeta o Gre-Nal: "Se ganhar de meio a zero, está ótimo"
Como os jogadores da dupla Gre-Nal aproveitaram a folga de Carnaval
Dois jogadores do Grêmio, um do Inter e domínio do Novo Hamburgo: a seleção da 5ª rodada do Gauchão
Mesmo assim, reconhece a importância do duelo, ao qual atribui o adjetivo "diferente" para defini-lo e garantir:
– Se ganhar de meio a zero está bom.
A falta de experiência no clássico, porém, pode pesar, na visão de André Luiz, ex-zagueiro e lateral-esquerdo do Inter nos anos 1980:
– Já vi acontecer de chegar um jogador e sentir o clássico. A gente notava que o cara não estava agindo naturalmente. Isso se dá com aqueles que não tiveram experiências nem nas categorias de base de times grandes.
Por outro lado, lembra que alguns desta lista de estreantes colorados já têm experiências de outros duelos importantes, como Fla-Flu, Corinthians x Palmeiras e Atlético-MG x Cruzeiro. Como o lateral-esquerdo de origem e agora meia Uendel.
– É um jogador acostumado a esse tipo de jogo, de grande qualidade técnica e muita força mental também. Não deve sentir o clássico – aponta.
Por outro lado, André Luiz diz acreditar que atletas mais jovens, como o volante Charles e o zagueiro Léo Ortiz, que estarão diante do Grêmio pela primeira vez como profissionais, podem precisar de uma atenção especial. Segundo ele, a pressão do clássico pode pesar no futuro de um jogador no Rio Grande do Sul, já que o Gre-Nal derruba, mas também consagra.
Como foi com Fabiano, atacante colorado do final dos anos 1990. Em 1997, sua atuação no duelo conhecido como o "Gre-Nal dos 5 a 2" garantiu lugar entre os ídolos de uma geração de torcedores:
– Fazia do clássico a minha Copa do Mundo. Precisava mostrar meu valor, deixar claro que não tinha medo e que só aquilo importava. Por isso não estranhei tanto a minha estreia (derrota por 2 a 1 em 1996) e fui crescendo ao longo dos anos.
Para o antigo camisa 7, um clássico como o do próximo sábado pode ser a ponte que alguns jogadores precisam para se afirmar como titulares e até ganhar confiança de torcida e comissão técnica.
– É uma situação estranha: ao mesmo tempo em que não dá para tratar como se fosse um jogo comum, não dá para ficar travado ou perder a naturalidade por se tratar de um Gre-Nal. É preciso ter equilíbrio e também muita vontade extra – comenta.
Além disso, a história do Inter mostra uma coincidência positiva para dois dos maiores ídolos recentes do clube. Fernandão, em 2004, e D'Alessandro, em 2008, foram felizes estreantes em clássico. Fernandão fazia sua primeira partida pelo clube e precisou de pouco mais de meia hora para marcar o gol de número mil dos Gre-Nais. Quatro anos depois, D'Alessandro também vestiu vermelho pela primeira vez diante do Grêmio, pela Copa Sul-Americana (empate em 1 a 1).
E no sábado, será o balanço de um time tão inexperiente em clássico: disputará seu 28º Gre-Nal.