Enquanto Antônio Carlos Zago comanda os treinos na pré-temporada no Hotel Vila Ventura, em Viamão, ao menos quatro jogadores dão vida ao silencioso CT Parque Gigante, em Porto Alegre. O lateral-dierito William, o meia Anderson e os goleiros Muriel e Jacsson estão fora dos planos nesta remontagem do Inter e, até definirem seus futuros, treinam separados dos demais.
O quarteto trabalha junto na maioria das atividades. Os jogadores chegam entre 9h e 9h30min e têm à disposição a estrutura de que desfrutavam de quando estavam integrados em 2016: café da manhã, nutricionista, fisioterapeuta e o que mais for necessário. Anderson, por exemplo, teve de fazer uma avaliação no joelho direito, com o qual padece por causa de uma tendinite.
Leia mais:
Inter negocia empréstimo de Paulão ao Botafogo
Medeiros mostra otimismo sobre venda de William: "Acho que vai se encaminhar para um bom termo"
Com Alemão e sem Paulão, Antônio Carlos trabalha transição e cruzamentos no Inter
O pré-combinado é que eles cumpram uma agenda de três turnos e folgam o quarto. Foi assim nesta sexta-feira, quando iniciaram o dia de atividades na areia sob os olhares da assistente social Patrícia Vasconcellos, a quem têm como uma mãezona. O calor quase 30ºC às 9h40min às margens do Guaíba fazia o trio suar – Muriel não participou da atividade. Para completar, nada de treino fechado. O CT Parque Gigante permite que a torcida, da calçada, envie seu recado.
– William mercenário – gritou um colorado.
A defesa imediata ao companheiro veio de Anderson. Por ironia, o desafeto com quem trocou socos em treino em 14 de outubro, na reta final do Brasileirão.
– Queria vê-los aqui, no nosso lugar – resmungou o meia.
– Eles me amam. Eu os amo também – emendou William, alvo da ira da torcida depois da nota enviada à imprensa em que reiterava o desejo de sair para jogar na Europa.
Aliás, não ficaram ressentimentos pela briga de outubro. É verdade que os dois não formaram dupla no futevôlei depois do trabalho físico desta sexta-feira, mas fizeram juntos o restante do trabalho. Não travaram longos diálogos, mas conversara sempre que o fôlego permitiu. Como quando reclamaram, em tom de brincadeira, que o trabalho estava puxado demais.
– Eles fazem um treino de base, uma pré-temporada em que predomina o esforço físico. O clube oferece toda a estrutura para que trabalhem – explica o preparador física Elio Carravetta, que se divide entre o CT e o Vila Ventura, e conta com a ajuda de Thales Medeiros, preparador físico da base, no trabalho.
O exílio de William parece próximo de acabar. O presidente Marcelo Medeiros mostrou otimismo em desfecho positivo nas negociações para sua venda ao Wolfsburg-ALE. O Inter recusou 3 milhões de euros e aguarda nova oferta. É consenso no Beira-Rio de que o lateral se inviabilizou com a torcida ao tornar pública sua recusa em prorrogar o vínculo a 16 meses do encerramento do contrato.
Anderson, por sua vez, vive dias de incerteza. Não tem interessados em levá-lo do Beira-Rio. O alto salário, em torno de R$ 500 mil, incluídas as luvas, atrapalha. A expectativa do seu representante é pelo retorno do clube chinês que tentou levá-lo há um ano por R$ 25 milhões na época, e o presidente Vitorio Piffero recusou.
Enquanto espera por propostas, o jogador se divide entre o CT e sua fazenda na divisa de Quaraí com Alegrete, onde tem criação com 16 cavalos crioulos e cerca de 300 cabeças de gado. As próximas viagens à fronteira serão feitas com a companhia de um dog alemão recém-comprado.
Os dois goleiros que treinam no CT parecem com o futuro mais perto de definição. Muriel negocia a volta ao Bahia, clube que ajudou a voltar à Série A em 2016. Apesar de ter crescido no Beira-Rio e precisar reduzir o salário, ele vê com satisfação a volta ao Nordeste. Os filhos, que não queriam deixar Porto Alegre quando surgiu a oferta do Bahia, agora pedem para seguir em Salvador.
Jacsson também está perto de levar sua luvas para longe do Beira-Rio. Estava em tratativas com o Tubarão-SC e ouviu propostas ainda do Remo e do América-RN. A decisão do melhor destino está nas mãos do seu agente, Jorge Machado. Enquanto isso, ex-júnior segue o regime de treinos puxados no CT Parque Gigante. Não é descartado ainda que o jogador de 22 anos volte aos treinos com o grupo principal enquanto Danilo Fernandes estiver a serviço da Seleção Brasileira. Mas será momentâneo. Assim como acontece com seus outros três parceiros de pré-temporada, seu 2017 está marcado para ser longe do Inter.
* ZHESPORTES