Novo técnico do Inter, Antônio Carlos Zago já começou a trabalhar na reconstrução de um vestiário abalado pelo rebaixamento à Série B. Oficializado no cargo nesta segunda, o treinador, que ocupará o lugar deixado por Lisca, será apresentado na manhã desta terça pela nova diretoria colorada no Beira-Rio.
Desde esta segunda-feira, Zago já iniciou seu trabalho no CT Parque Gigante. Fez uma longa reunião com o auxiliar Marcos Aurélio Galeano e o preparador físico Carlos Pacheco, que o acompanham do Juventude. Junto ao novo comando do futebol do Inter, chefiado pelo vice Roberto Melo e o executivo Jorge Macedo, já planeja o grupo para 2017.
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Com 47 anos, o técnico chega ao Beira-Rio respaldado pela ótima campanha no Juventude este ano. Ele encantou o vestiário do Alfredo Jaconi com suas modernas metodologias de treinos e capacidade de gerenciamento de grupo.
Como resultado, levou o Ju às quartas de final da Copa do Brasil, sendo eliminado pelo Atlético-MG nos pênaltis, e garantiu o acesso à Série B do Brasileirão. O estilo sério dos tempos de zagueiro, que fez sucesso nos quatro grandes de São Paulo, na Roma e na Seleção, ainda é o mesmo.
Mas Zago também exibe uma certa leveza. Até porque faz questão de ganhar a confiança do grupo, tratando todos os jogadores com o mesmo respeito. Nos treinos, ninguém fica de fora. Todos os atletas participam de suas atividades.
– Ele é muito trabalhador, o primeiro a chegar e o último a sair do clube. O Zago estuda bastante, procura estar atualizado. Se tiver partida de futebol de botão passando na TV, ele está vendo – diz Roberto Tonietto, presidente do Ju.
Após iniciar a carreira como técnico em 2009, no comando do São Caetano, Zago teve rápida passagem pelo Palmeiras no ano seguinte, onde não conseguiu fazer a equipe decolar no Brasileirão. Decidiu buscar conhecimento e rumou para a Europa.
Aprendeu com os italianos Fábio Capello e Luciano Spalletti, mas foi com o tcheco Zdenek Zeman, na Roma, em 2013, que Antônio Carlos fez seu primeiro estágio no Velho Continente. Também se debruçou sobre os livros para tirar o diploma de técnico da federação italiana, chancelado pela UEFA.
No mesmo ano, foi convidado pelo romeno Mircea Lucescu, que o treinou no Besiktas, da Turquia, entre 2002 e 2004, para ser seu auxiliar no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia.
– Ele olhava, anotava e perguntava tudo. Facilitou muito o fato de ter 14 jogadores brasileiros lá, isto facilitou a adaptação do Antônio Carlos. Com Lucescu, ele aprendeu a importância de olhar para as categorias de base e lançar jovens talentos – observa Franck Henouda, empresário que é braço direito de Lucescu, hoje treinador do Zenit, da Rússia.
Outra lição valiosa para Zago foi a metodologia de treinos aplicada pelo técnico romeno no Shakhtar. Logo, visualizou o resultado que os treinos em campo reduzido, com triangulações em alta intensidade, proporcionaram ao toque de bola do time ucraniano.
Após dois anos no Leste Europeu, recebeu o convite do Juventude para retornar ao Brasil. O técnico assumiu o Ju em meio à Série C no ano passado e só não se classificou para as quartas de finais pelos critérios de desempate. Neste ano, o time de Zago surpreendeu ao eliminar o Grêmio na semifinal do Gauchão, o que pavimentou o caminho de sucesso para o restante da temporada.
– Ele tem uma visão de campo muito boa, muda o esquema sem precisar trocar jogadores. Além disso, também consegue ganhar todo o grupo. Não deixa ninguém de fora dos treinos. O Zago coloca todos para jogar – lembra o atacante Roberson, um dos destaques do Juventude.
Outra característica de Zago é se fazer entender. Comparado por seu método de trabalho com Roger Machado, ex-técnico do Grêmio, que assumiu o Atlético-MG, o novo treinador do Inter demonstra ter um vocabulário mais direto, o que facilita a compreensão do grupo.
– O Roger também trabalhou aqui no Juventude e, em alguns momentos, não conseguia passar aos jogadores o que ele queria. O Antônio Carlos é mais didático, explica com clareza o que é perguntado. O discurso é sempre no mesmo tom, seja para passar orientações em campo ou para falar com a imprensa – conta Adão Júnior, repórter do jornal Pioneiro, de Caxias do Sul.
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Adriano de Carvalho
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