Conversei na noite desta terça-feira com o vice de futebol do Inter, Roberto Melo. Para ser mais preciso, no final da noite. Havia buscado um contato no meio da tarde, e Melo me pediu para retornar mais tarde. Àquela hora, ele deixava o CT do Parque Gigante depois de passar boa parte do dia vendo vídeos de jogadores. O Inter faz uma busca criteriosa por reforços. Até porque, segundo o novo responsável pelo futebol, não haverá dinheiro para contratações de impacto, aquelas capazes de mobilizar e entusiasmar o torcedor.
O presidente eleito Marcelo Medeiros receberá um clube com as finanças em "situação grave", como me resumiu Melo por telefone. Inclusive, a nova direção pretende fazer uma explanação à imprensa nos primeiros dias de mandato para expor as contas herdadas da gestão de Vitorio Piffero.
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A crise financeira surpreende. Até porque o Inter tem uma situação privilegiada em relação aos demais grandes clubes brasileiros. Os mais de 100 mil sócios depositam todos os meses no caixa do Beira-Rio cerca de R$ 7 milhões mensais. A previsão feita em no início do ano, e comemorada, era de que o clube arrecadaria com o quadro social R$ 72 milhões. Para se ter uma ideia do que significa essa cifra, o Palmeiras espera fechar com seus dois patrocinadores para aportar essa mesma quantia no caixa – e com ela contratar Guerra e Borja.
A nova direção assumirá o Inter com pagamento de dois meses de direitos de imagens dos jogadores atrasados, salários de funcionários terceirizados e um déficit de R$ 50 milhões. Mais do que recolocar a casa em ordem, Medeiros precisa vasculhar as contas a fundo e descobrir como um clube que arrecadava perto de R$ 7 milhões mensais com sócios se enfiou nesse buraco.