O novo técnico do Inter mal pisou no vestiário, mas começou sua passagem pelo Beira-Rio com vitória. Ao abrir sua manifestação abordando o lamentável episódio de racismo que protagonizou contra o volante Jeovânio, há 10 anos, Antônio Carlos dá a dimensão que o fato merece e a resposta que a sociedade sempre precisa ouvir para esse tema não cair no esquecimento. Antônio Carlos também mostra a mudança por que passou de lá para cá.
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O episódio marcou demais, e não poderia ser diferente, a carreira de um zagueiro com passagem exitosa pelos grandes de São Paulo, pela Roma, pelo Besiktas e que encerrava sua trajetória comandando o Juventude dentro de campo. Antônio Carlos era dos melhores com a bola, mas deixava a desejar sem ela. Como ele mesmo disse, a vontade de ganhar o fazia passar por cima dos adversários – e, consequentemente, avançar algumas linhas de comportamento.
Ao antecipar-se às perguntas e abordar o ato de racismo cometido no passado, Antônio Carlos mostra que enxerga o todo e sabe sua posição nele. Desembarca em um clube de origens populares e erguido por uma torcida cuja grande parcela historicamente foi formada por negros e pardos.
Alcançar o sucesso no Inter, para ele, tem valor duplo. Representa sua ascensão como técnico e, mais do que isso, a chance de mostrar, em um time que se denomina Clube do Povo, que também cresceu como cidadão. A primeira vitória, ele conquistou na entrevista de apresentação. E ela era fundamental, como serão todas as vitórias neste 2017. O ano será reconstrução para o Inter e também de comprovação para o seu técnico de que mudou e aprendeu com o erro cometido contra Jeovânio.