O Santa Cruz pode carimbar neste sábado, no Beira-Rio, a sua passagem de volta à Série B. Basta para isso uma derrota contra o Inter, o que representará a 22ª em 33 jogos. O ambiente é de conformismo no clube, percebe-se em meia hora de conversa com João Paulo, meia de 25 anos, criado no Beira-Rio.
A temporada que começou com os títulos pernambucano e da Copa do Nordeste e a liderança do Brasileirão nas três primeiras rodadas perdeu o rumo com a falta de dinheiro para investir em reforços e manter salários em dia. O Santa Cruz entra em campo contra o Inter quase fechando o terceiro mês de atraso.
Mesmo com a queda desenhada, João Paulo aposta em um time mobilizado. Será o primeiro jogo sob o comando do interino Adriano Teixeira. Ele assumiu o lugar de Doriva depois do 1 a 0 para o Botafogo, no dia 19, e tocará o barco até o fim do Brasileirão.
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Para o meia, o jogo tem valor especial, será seu primeiro no novo Beira-Rio, que conhece apenas por fora. A seguir, confira trechos da conversa.
Como será voltar ao Beira-Rio depois de três anos?
Será o primeiro jogo que farei no novo Beira-Rio, e o segundo contra o Inter desde que deixei o clube. Infelizmente, será numa situação que não queríamos estar atravessando. O momento do Santa Cruz é delicado, e a condição praticamente irreversível.
Você não entrou no novo Beira-Rio nem como visitante?
Só conheço por fora. Por dentro, ainda não. Faz tempo que saí. Aliás, da minha geração tinha só o Alisson. Com o Sasha joguei mais na base. Mantenho mais contato com o Raphinha, lateral-esquerdo do time B.
O Santa Cruz pode ser rebaixado neste sábado, a cinco rodadas do final. O que motiva o time?
Vamos jogar pela honra, pelo amor à camisa e pelo clube. Esse é um jogo de uma grandeza, representa muito, contra um clube grande. Tem essa situação que o Inter está atravessando, também difícil. Por esses fatores, será um grande jogo, em qual todos gostariam de atuar.
O que motivou essa derrocada do Santa Cruz, que chegou a liderar o Brasileirão?
O fator de investimento, com certeza, atrapalhou, não dá para negar isso. Não conseguimos um patrocinador forte, e as cotas de TV têm um desnível muito grande de um clube para outro. Somos o que menos faturou com essa receita. O time que começou o ano é quase mesmo de agora, não tivemos muitas peças de reposição. A equipe campeã da Copa do Nordeste e do Pernambucano está jogando agora, com dois ou três reforços. Na verdade, entramos na Série A tachados de rebaixados, mas tínhamos a esperança de surpreender e fazer um bom ano.
Neste momento do Brasileirão, sempre se fala em mala branca. Vocês receberam algum contato para tratar disso?
Nada, não chegou nada. É normal isso a essa altura do Brasileirão, mas o curioso é que nada chegou.
O clube enfrentou problemas com atrasos salariais. Isso atrapalhou também?
São questões que parecem pequenas, mas ao vê-las no somatório, atrapalham. Estávamos com três meses de salários atrasados e pagaram um. Mas está quase vencendo outro mês de novo. Mas não é por má vontade que isso acontece. O presidente (Alírio Melo) é muito bacana, corre atrás para fazer o clube crescer. Infelizmente, o que movimenta o futebol e faz o clube crescer é o dinheiro, e é está com dificuldade em achar investidores. Para se firmar na Série A, entre clubes gigantes, é preciso estrutura e equilíbrio financeiro.
Você permanece no Santa Cruz mesmo com o rebaixamento?
Tenho contrato até dezembro de 2017. Individualmente, foi um bom ano. Só que não tem como analisar só o individual numa situação difícil como a nossa. Fiz bons jogos, minhas estatísticas são boas, mantive uma média positiva. Acabo o ano de maneira positiva, tem alguma situações aparecendo, mas nada concreto.
A tendência, pelo que vejo, é que você sairá?
Ainda estou pensando, analisando. Todos sabem que, por uma projeção, eu gostaria de seguir jogando na Série A. No fim do ano, vamos analisar.
Como será a postura do Santa Cruz no Beira-Rio?
O auxiliar Adriano Teixeira, que ficará como interino até o final, ainda está formatando o time. Vamos jogar fechado, explorar o contra-ataque. Quem tem responsabilidade de buscar a vitória é o Inter. Começaremos de forma cautelosa. Jogamos em um 4-3-3, com três volantes e dois jogadores abertos pelo lado e o Grafite na frente. Jogo como um volante que sai, com tarefas de meia.
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