Nada mais justo que comecemos a falar sobre Nico López contando uma história de seus tempos de Roma, uma das equipes do coração de Paulo Roberto Falcão. Já que o atacante uruguaio, liberado para estrear pelo Inter neste domingo, 16h, contra o Corinthians, teve uma passagem pela squadra da capital italiana, relembremos sua primeira partida em gialorossi.
Está no Youtube, é só escrever "Nico López Roma Catania" e apertar enter no mecanismo de busca. O vídeo de um minuto e sete segundos mostra um lançamento para a área. Um jovem magricelinho domina com a perna esquerda e com o mesmo pé, dá um balãozinho no zagueiro e fuzila o goleiro. Confira:
Agora vamos ao contexto deste lance, que o vídeo não mostra.
Era a estreia da Roma na temporada 2012/2013, uma das tantas em que o time da capital italiana tentou tirar o scudetto da Juventus. O Estádio Olímpico recebia 50 mil pessoas e a esperança de um ano vencedor com o ofensivo técnico Zdenek Zeman. Mas o Catania não tinha viajado da Sicilia até o meio da bota para facilitar a vida romanista. Até os 45 minutos do segundo tempo, vencia por 2 a 1. Para piorar, Francesco Totti havia saído machucado aos 40. Em seu lugar, estreava o jovem uruguaio Nico López. Seus primeiros toques na bola foram domínio, balãozinho, domínio, gol.
Ali, mostrou as credenciais que o levaram do Nacional para a Roma:
– Tem excelente finalização, muito ligeiro, muito rápido para tomar a frente da defesa. No um contra um, passa quase sempre – analisou Paulo Roberto Falcão na entrevista coletiva de sexta-feira.
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Em um time estelar como aquele da Roma, a promessa uruguaia teve poucas chances. Acompanhou do banco ou das arquibancadas o resto da temporada. Mas isso não impediu sua convocação para o Mundial sub-20 de 2013, disputado na Turquia.
Está no site da Fifa, mas também nesta página, é só olhar para baixo. Com uma expressão meio triste, Nico López segura um troféu ao lado de outros dois jogadores.
O contexto: no fim daquela temporada, Nico López foi a estrela de um surpreendente Uruguai no Mundial sub-20. O time sul-americano foi vice-campeão após perder para a França nos pênaltis. Nico marcou quatro gols e levou bola de prata da competição. A bola de ouro acabou ficando com um integrante do time campeão, Paul Pogba – em vias de ser vendido por 100 milhões de euros da Juventus para o Manchester United.
– Ele sempre teve alegria, sempre brincava com todo o grupo. Mesmo já tendo experiência europeia, nunca teve uma atitude superior. Era um companheiro sensacional – conta o volante Jim Varela, integrante daquele time.
Na volta daquela competição, rodou por Udinese e Hellas Verona, na Itália, e Granada, na Espanha. Deveria ser sua explosão para a Europa, mas erros de avaliação de treinadores e de dirigentes prejudicaram sua sequência.
– Seu procurador brigou com Gino Pozzo (proprietário da Udinese e do Granada). Por isso, acabou emprestado. Mas aqui foi pouco aproveitado porque os técnicos o posicionavam sempre longe do gol. Ele é um atacante – analisa o jornalista Luca Pessina, da Gazzetta dello Sport.
Então, antes de tudo, é preciso esclarecer: ainda que tenha habilidade, força, velocidade e boa capacidade tática, Nico López é um atacante. Não necessariamente centroavante, mas um atacante. E quem diz isso não é apenas o jornalista italiano. São seus ex-companheiros.
– Ele até começava o jogo naquela posição que nos acostumamos a ver um camisa 10. Mas ele rodava muito. Pegava a bola e partia para cima. Tinha liberdade para arriscar. No um contra um, quase sempre levava – lembra o centroavante Léo Gamalho, colega do jogador na campanha do Nacional-URU na Libertadores que só acabou nos pênaltis contra o Boca Juniors na Bombonera.
Outro que sofreu com Nico López foi Ronaldo Conceição, atualmente no Atlético-MG. No primeiro semestre, o zagueiro estava no River Plate-URU e esteve frente a frente com o atacante em três partidas, pelo campeonato nacional e pela Libertadores.
– É um jogador de personalidade, é diferente, um definidor qualificado, que chuta sempre em gol. O Inter acertou em cheio em sua contratação – resumiu.
Na competição continental, enfrentou o Corinthians, adversário deste domingo. Fez o gol que abriu o placar no empate dos uruguaios no Itaquerão em 2 a 2 e eliminou os paulistas. Por isso, o goleiro Cássio, mesmo que tenha tentado reduzir a pressão em marcar o atacante, tratando-o como um, já alertou:
– Nico López é um jogador chato, se movimenta bastante, tem boa colocação.
Para o Inter, qualquer uma dessas recordações serve. Está no uruguaio a nova esperança de quebrar a sequència negativa.
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