O desafio de Anderson é manter as boas atuações. Se continuar a receber os elogios do técnico Argel, melhor ainda. A amostra que tem dado em campo é motivo de festa para a direção. Veladamente, os dirigentes torciam pelo reaparecimento do futebol do jogador. Até a desconfiança de parte da torcida diminuiu. Os motivos da aparente recuperação do ex-Manchester United são avaliados por quem já passou por situações semelhantes na carreira. O principal é sequência.
- Deram tempo para ele. Nosso futebol é muito imediatista. O Anderson não jogava havia um bom tempo na Europa. Chegou aqui badalado, como o cara que ia resolver os problemas do Inter, sem pré-temporada. Não é fácil você retomar o bom futebol tomando porrada todos os dias - aponta o ex-meia do Inter, Grêmio e São Paulo, Carlos Miguel.
- Agora pode cobrar. Ele está jogando na posição de origem, está bem fisicamente. É só você olhar para o campo que vê que ele consegue correr mais - completa Arílson, articulador da Dupla na década de 1990, técnico do sub-20 do Aimoré.
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A saída de D'Alessandro para o River Plate transferiu a Anderson a referência técnica do grupo de Argel. Não à toa, participou de todos os confrontos do Inter na temporada. Apenas o goleiro Alisson tem a mesma estatística na temporada.
Quando o argentino ainda estava em Porto Alegre, Anderson atuava atrás da linha de meias, mais próximo aos volantes Rodrigo Dourado e Fernando Bob. Sem o camisa 10, ganhou a incumbência de ligar o meio ao ataque. E tem tido êxito.
Suas assistências que geram finalização na atual temporada são maiores em relação ao Gauchão de 2015. Os passes, as finalizações e os lançamentos certos também são destaque.
- Quando Anderson começou, em 2004, eu jogava no Grêmio. Vi esse guri jogando pela primeira vez e já chamou a atenção. Ele jogou pouco tempo no Brasil. Tenho certeza de que o Argel deu um carinho para ele, permitiu que se adaptasse e tirasse das costas a pressão de ter jogado pelo Grêmio. Queimaram etapas no início de 2015 - aponta Arílson.
Carlos Miguel cita como exemplo sua passagem no meio-campo que formou com Alexandre, Fabiano Costa e Raí, no São Paulo, para justificar a melhora de Anderson. Alexandre era o único marcador de origem do quarteto. Como tinha facilidade para marcar, era dele a tarefa de ajudar os zagueiros.
Fabiano e Raí pouco desciam além da linha divisória do campo. Como o time ainda tinha o colombiano Aristizábal entre os reservas, a substituição era certa. E, muitas vezes, o desgaste devido à marcação era a principal causa para Carlos Miguel deixar o gramado.
- Ele está mais empenhado. É visível. Mas também tem o fato de atuar mais próximo da área e não se desgastar tanto essa melhora de performance. Ele tem de estar ali, perto da área, para servir os companheiros, arrematar a gol. Tem muita qualidade para jogar recuado. É o posicionamento dele que fez ele se destacar, não tenho dúvida - diz Carlos Miguel.
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