Em um começo de temporada no qual o torcedor anseia por reforços, a fim de encorpar o time para a sequência do ano, um jogador vindo de Belém surge como alternativa para o ataque colorado. Com três gols em quatro partidas, sendo que em apenas duas delas como titular, Aylon, 23 anos, toma a frente como o destaque do Inter no Gauchão.
Neste sábado, às 17h, contra o Cruzeiro, no Beira-Rio, ele terá a chance de mostrar uma vez mais que se tornou um dos goleadores do time na temporada (Sasha tem um gol a mais, quatro) por méritos.
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Nesta entrevista a ZH, o atacante ruivo conta que o 2015 emprestado ao Paysandu foi importante para o seu amadurecimento e até para acalmá-lo em campo, deixando a ansiedade de lado. Como a camisa 9 pertence a Eduardo Sasha, Aylon joga com a 18 (1 + 8 = 9). Fã de Romário, de Ronaldo, de Fred e de Paolo Guerrero, o guri de Esteio tenta copiar os ídolos na intensa movimentação no ataque. Mostra-se surpreso apenas com a velocidade com que as coisas estão acontecendo, depois que passou a marcar gols.
- Preferia ter ficado sempre aqui, mas foi bom ter ido para o Paysandu no ano passado. Se tivesse ficado no Inter, ainda imaturo e afobado, não renderia como agora - diz Aylon, cujo contrato com o Beira-Rio vai até o final de 2018.
A seguir, os principais trechos da entrevista de Aylon a ZH:
Valdívia costuma dizer que quanto mais gols ele marca, mais bonito ele fica. Com você se passa o mesmo?
As pessoas já estão me reconhecendo na rua, no shopping. E estou ficando mais bonito também com os gols e com mais pintas no rosto (risos). Mas sei que isso só continuará se eu seguir marcando gols. Foi tudo muito rápido, há duas semanas havia feito o primeiro gol (sobre o Ypiranga, aos 47 minutos do segundo tempo, na vitória do Inter por 3 a 2). Agora, já dou até autógrafos.
Qual é a sensação de "ficar conhecido"?
A sensação de que o esforço está sendo recompensado. Ficar longe um tempo, longe de casa, da família, passar trabalho no Paysandu... Mas lá, em Belém, o pessoal é fanático, reconhece o jogador na rua, puxa para tirar foto. Foi bem legal.
O treinador do Paysandu, Dado Cavalcanti, elogiou você recentemente em uma entrevista. E lamentou que você tenha voltado ao Inter.
No Paysandu, o Dado Cavalcanti me pedia para jogar pelos lados. Eu acompanhava o lateral, pois tínhamos todo um esquema para o Yago Pikachu (hoje no Vasco) jogar. Eu ficava na linha de quatro, no meio-campo, quase na mesma linha dos volantes. Mesmo jogando mais atrás, conseguia chegar um pouco na frente, mas sempre que dava, eu marcava os meus golzinhos.
De que maneira você se aprimorou no Paysandu?
Acho que amadureci muito lá e ganhei maior tranquilidade para jogar. Ter mais inteligência para jogar também. Para quando tivesse a oportunidade aqui, no Inter, entrasse tranquilo em campo, não ficasse mais afobado. Consegui pegar uma cancha legal lá. Corrigi alguns defeitos. Mas é bem diferente jogar na Série B. Tive que me readaptar. Na B, você não tem espaço para jogar, é pegar a bola e já ter um cara em cima. Na A, não. O jogo flui mais, você tem mais espaços, enfrenta jogadores mais técnicos, mais inteligentes, e que cercam em vez de vir logo para tirar a bola.
Mas você ficava nervoso antes?
Todo o guri que está subindo da base fica um pouco nervoso de pegar um Beira-Rio lotado. Me dava muita ansiedade de jogar com caras conhecidos, com craques. Até nos treinos acontecia isso.
Acalmou o coração agora?
Sim, sim. A ansiedade passou. O jogo contra o Avaí (quando marcou o primeiro gol da vitória por 3 a 0) foi apenas o meu segundo como titular. Foi muito bom para pegar confiança. Quando vi a bola entrando, contra o Ypiranga, senti um peso saindo das minhas costas e, ali, soube que receberia novas oportunidades.
Facilita ter muitos jogadores da base no time de cima?
Isso ajuda muito. Joguei com quase todos da base que estão no elenco profissional agora. Argel diz que todos terão chances, e isso te dá mais tranquilidade para jogar. Em 2014, com Abel Braga, fiz gols no Inter B, subi, mas acabei esperando bastante, pois havia uma hierarquia.
Por que Abel Braga não te deu chances?
Não sei. Ele nunca conversou comigo sobre isso. Eu havia feito gols no Gauchão, com o Clemer, e fui integrado ao grupo profissional. Ele me deu algumas oportunidades no time misto, mas, depois, no Brasileirão e na Copa do Brasil, me deixou no banco em alguns jogos. Entrei no final, contra Figueirense e Cruzeiro, mas nunca disse por que eu não era aproveitado. Me desanimava um pouco, mas sabia que tinha grandes jogadores na minha frente.
Acabou sendo bom ter subido somente agora então?
Foi bom, sim. Se tivesse ficado no Inter, ainda imaturo e afobado, não renderia como agora. A saída para o Paysandu me ajudou muito. Agora, está tudo dando certo.
Você parece ter um peso maior sobre os ombros: é jogador do Interior (veio do São Paulo, de Rio Grande, em 2013) e ascendeu da base.
Concordo. É um desafio maior. Sinto que estou representando o Estado todo. As categorias de base dos clubes do Interior têm estrutura precária, é difícil sair e chegar a um time grande. Estou tendo essa oportunidade. Vivi o lado de lá e sei o quanto é doído passar por isso. Dou valor o tempo todo pelos momentos que passo aqui.
Você está confortável para jogar? Na função certa?
Estou jogando como gosto, sim. Prefiro estar sempre me movimentando, não gosto de ficar muito tempo no jogo sem tocar na bola. Porque parece que você está fora do jogo. Essa movimentação do ataque tem me ajudado muito.
Com Vitinho ainda lesionado e com a direção no mercado, em busca de reforços, você se impõe uma meta para fazer mais gols?
Não coloco metas. Só penso jogo a jogo. O Argel sempre diz que quando tiver a chance de jogar, é preciso matar um leão por partida, fazer gol, dar assistência, ajudar a marcar. Tudo para seguir tendo oportunidades.
E se o Argel quiser te poupar?
A fase está boa, não posso dar brechas agora. A bola está batendo e entrando. Estou sempre à disposição para jogar.
Sasha também saiu, foi emprestado, e voltou para ser titular. Você imagina que a sua trajetória será semelhante à dele?
Quando fui emprestado ao Paysandu, muitos me compararam a ele, quando foi emprestado ao Goiás. Sasha teve chances e deslanchou. Acho que o meu caso é parecido, voltei mais maduro. As coisas estão acontecendo muito rápido, nem deu tempo de pensar ainda. Mas queria muito ajudar o Inter a ganhar o Brasileirão. Mas, por enquanto, meu foco está no Gauchão e na Primeira Liga.
Um Gre-Nal se avizinha, daqui a duas semanas, na Arena.
Jogar Gre-Nal é um sonho de infância. Como torcedor do Inter, sempre me imaginei no clássico. Espero seguir bem para me garantir no Gre-Nal.
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