Ele elevou o clube do povo ao patamar máximo do futebol. Regeu uma multidão em um Beira-Rio lotado numa tarde de dezembro, em 2006. Fernando Lúcio da Costa, o Fernandão, mudou a história do Inter. E viu o Inter transformar a sua.
VÍDEO: um ano após a morte de Fernandão, estátua vira ponto de peregrinação da torcida
De capitão do Mundial, em Yokohama, o ex-camisa 9 virou maestro em Porto Alegre: deu eco a plenos pulmões, ao lado do ex-goleiro Clemer, o "vamo, vamo, Inter" vindo da arquibancada do velho Beira-Rio.
- Do momento em que conquistamos a Libertadores até a viagem para o Mundial, por onde o Fernando andava, dizia que estava indo para ganhar o título mundial. Que não ia até o Japão para participar. Iria para ganhar - lembra o ex-presidente do Inter Giovanni Luigi, responsável pela confecção da estátua em homenagem ao ex-camisa 9.
Fernandão levanta a taça de Campeão do Mundo em 2006 Foto: Ricardo Duarte
O novo Beira-Rio tem muito de Fernandão. Não só pela história no campo ou no monumento de bronze próximo ao estádio. O ídolo ajudou a pensar, a pedido da direção que projetava como seria o palco da Copa do Mundo em Porto Alegre, em cada canto do vestiário. Voltou ao Gigante em abril de 2014, já como ex-dirigente e ex-treinador, na reinauguração. Viu-se ovacionado por cerca de 40 mil colorados.
- Conseguiram deixar o Beira-Rio ainda mais lindo - exaltou, à época, o ex-jogador que abriu as comemorações da reinauguração ao lado de D'Alessandro e Elias Figueroa.
Churrasqueiro de mão cheia e superpai: Fernandão por seus filhos Enzo e Eloá
Em casa, longe da camisa 9 e da casamata, voltava a ser criança ao lado dos gêmeos Enzo e Eloá, 12 anos. Apostava corrida com a gurizada para jogar videogame. Tudo porque quem chegasse antes escolheria qual time seria primeiro:
- Ele ia gritando da escada: "Eu sou o Bayern, eu sou o Bayern", e ganhava todas - lembra o guri, que segue os passos do pai na base do Inter.
Fernandão também costumava trocar o gramado pelo saibro, e a bola de futebol por uma raquete. Se o esporte trocava, a cobrança mantinha-se a mesma. O ex-camisa 9 do Inter queria vencer todas. O treino despretensioso não acabava sem uma aposta de um churrasco com o professor Luiz Carlos Pujol, hoje quem treina Eloá nas aulas de tênis.
- Lembro de uma vez que ele me ganhou e escalou o alambrado do clube gritando, comemorando - lembra Pujol, que vê a mesma competitividade do ídolo que virou amigo em Eloá.
Fernandão, na manhã deste domingo, estará simbolizado no braço de milhares de torcedores do Inter que receberão uma braçadeira com o F9. Um mosaico, na entrada de Inter e Coritiba, a partir das 11h, será visto na arquibancada também. Aos nove minutos, telões do Beira-Rio mostrarão o desenho feito em homenagem ao ídolo. Antes da bola rolar, torcedores acompanharão uma missa a céu aberto à frente da estátua de Fernandão.
Após um ano da morte de Fernandão, estátua vira ponto de peregrinação da torcida:
Como o futebol e o tênis ajudam os gêmeos Enzo e Eloá, filhos de Fernandão:
Ao eterno capitão
"Fernandão dizia que não iria ao Japão participar, iria para ganhar", lembra ex-presidente do Inter
Giovanni Luigi recorda ainda que o ex-camisa 9, a pedido da direção, ajudou a pensar como seria o vestiário do remodelado Beira-Rio
Amanda Munhoz
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