Cuidado, Inter. O Independiente Santa Fe está focado em chegar pela primeira vez na sua história à final da Libertadores. O clube de Bogotá, que em duas edições do torneio parou nas semifinais, agora quer a glória. E, para isso, já mapeou o rival das quartas de final: o time de Diego Aguirre. Mostra conhecimento de Alisson a Valdívia e sabe que o Inter aguarda pelo retorno de Nilmar. Zero Hora entrevistou o técnico argentino do Santa Fe, Gustavo Costas.
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Aos 52 anos, o ex-zagueiro do Racing de Avellaneda chegou ao clube em junho do ano passado, conquistou o Campeonato Colombiano e restou como o único representante do país na Libertadores. Costas também é um dos ídolos da torcida "cardenal" (os cardiais, como são conhecidos os torcedores do Santa Fe, devido ao uniforme vermelho e branco do time, que se parece com as vestes dos cardiais do Vaticano).
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Ao contrário de Aguirre, Costas mandará a campo nesse domingo a sua melhor formação. Tem pela frente o clássico da cidade contra o Millonarios (um dos times de massa do país). Para seguir aos playoffs do Colombiano, precisa ao menos empatar o jogo. Mas quer vencer os rivais. Entende que fará bem para o espírito de seus jogadores, antes de iniciarem o mata-mata com o Inter.
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- Os clássicos não se jogam, se ganham. E também é algo importante para os torcedores - anuncia Costas. - Se temo alguma lesão? Claro que sim, mas isto faz parte do futebol - emenda.
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A seguir, os principais trechos da entrevista com Gustavo Costas:
Por que a opção de atuar com o time titular nesse domingo?
Porque trata-se de um clássico e precisamos ganhar. Além disso, não sairemos de Bogotá. Mas estamos atentos ao Inter, assistimos a todos os jogos e não seremos surpreendidos.
Quem o senhor conhece no Inter?
Como te disse: eu e minha comissão técnica acompanhamos todos os jogos. Alisson é um goleiro grande e ágil. Houve uma improvisação recente na lateral-esquerda (Ernando na função do lesionado Geferson), Aránguiz deve fazer os últimos jogos antes de ir para a seleção chilena, Sasha e Valdívia estão em grande fase. E, claro, há os argentinos, D'Alessandro e Licha López (Licha é o apelido de Lisandro, e como é chamado na Argentina), que são dois grandes jogadores, acostumados a jogos desse tamanho. Sei também que o Inter espera contar com o Nilmar, aqui, em Bogotá.
Haverá marcação especial?
(risos) Bom, posso te dizer que o Inter tem uma grande equipe, com grandes jogadores. Será duríssimo para nós, estamos ciente disso. Não há jogos fáceis na Libertadores. Conhecemos bem o rival que teremos pela frente.
O Inter acaba de eliminar o Atlético-MG que, curiosamente, venceu o Santa Fe nas duas partidas do Grupo 1 da Libertadores (1 a 0, em Bogotá e 2 a 0, em Belo Horizonte). O que houve nestes dois jogos?
Realmente. Fomos muito mal no jogo do Brasil. Aqui, levamos um gol, tentamos reagir, não conseguimos, acabamos dando muitos espaços e corremos o risco de sofrer mais gols no final.
Jogando a primeira partida em casa, qual será a postura do Santa Fe contra o Inter?
Não mudamos a nossa forma de jogar, em casa ou fora. Vamos em busca do gol. Temos um estilo de jogo bem definido e a nossa postura costuma ser a mesma sempre. Contra o Estudiantes (pelas oitavas de final, com derrota por 2 a 1, em La Plata, e vitória por 2 a 0, em Bogotá), no segundo tempo fomos muito superiores. Mas a nossa melhor atuação fora de casa foi contra o Colo Colo (goleada por 3 a 0, em Santiago).
A torcida está motivada, sonha com o título? O estádio estará lotado?
Contamos com o apoio total de nossos torcedores. Todos sonhamos com a Libertadores, não apenas os torcedores. Queremos chegar à final, seria algo histórico para o clube. Mas queremos muito ser campeões. Demos um primeiro grande passo contra o Estudiantes, o segundo está por vir. Tomara que consigamos.
O Inter teve muitas dificuldades na altitude de La Paz (3,6 mil metros). Perdeu por 3 a 1 para o The Strongest e jogou mal. O senhor pretende tirar algum proveito da altitude de Bogotá (2,6 mil metros), ainda que ela não seja tão agressiva como a da Bolívia?
Eu vi este jogo. A altitude poderá ser uma vantagem para nós, sim, mas já joguei por todo o continente, e em diversas altitudes. Algumas equipes sentem a altitude aqui, especialmente em jogos diurnos. Acredito que isto seja mais psicológico do que físico.
Em seus sonhos, qual seria o placar perfeito para essa primeira partida contra o Inter em Bogotá?
Uma goleada (risos). Mas não creio que isto seja possível. O fundamental na Libertadores é ganhar, nem que seja por escore mínimo, sem sofrer gols. Este é o segredo do torneio. O Inter tem um time forte, experiente e conta com um poder econômico muitíssimo maior do que o nosso. Somos bem mais humildes. É por isto que disse a meus jogadores: "Só temos uma chance de passar pelo Inter: a 1000%, sem bolas perdidas e jogando a vida em cada lance".
Como argentino, de que forma o senhor acompanhou os acontecimentos de quinta-feira na Bombonera (quando Boca Juniors x River Plate foi suspenso no intervalo, devido ao gás pimenta jogado nos atletas do River)?
Foi um papelão, uma vergonha. Como argentino, estou muito mal. Me sinto envergonhado, constrangido. Isto jamais poderia ter acontecido. Retrocedemos 50 anos na noite de quinta-feira.
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