Em julgamento de mais de duas horas no Tribunal de Justiça Desportiva, da Federação Gaúcha de Futebol, o Inter foi absolvido por unanimidade das acusações de injúria racial no Caso Fabrício. Se punido, o clube poderia ser condenado a uma pena de até R$ 100 mil, além da perda de mando de campo - já para a final do Gauchão.
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Conforme a acusação, os torcedores teriam ofendido o lateral-esquerdo, assim que ele saiu de campo sob vaias - após ter sido expulso por fazer gestos em direção às arquibancadas e por ter atirado a camisa do clube ao chão, na vitória do Inter por 1 a 0 sobre o Ypiranga, no Beira-Rio, no dia 1° de abril.
O procurador-geral do TJD, Alberto Franco, baseou a denúncia de injúria racial em um vídeo no qual o sócio colorado Vinícius Paixão aparece gritando da arquibancada em direção a Fabrício, que saía de campo naquele momento. Na alegação de Franco, o vídeo mostrava o torcedor pronunciando a palavra "macaco" ao lateral.
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Em sua defesa, o advogado do Inter, Rogério Pastl, apresentou uma declaração por escrito e assinada por Fabrício, rechaçando ter sofrido ofensas raciais ao deixar o gramado. Além disto, o clube anexou ao processo a transcrição da entrevista coletiva do lateral, assim que foi apresentado ao Cruzeiro, e declarou não ter sido vítima de injúria racial na partida de 1° de abril.
- Não fui ofendido racialmente pelos torcedores, em momento algum. Não me sinto humilhado nem ultrajado pelo que ocorreu no Beira-Rio naquela noite - escreveu Fabrício, no depoimento apresentado pelo Inter.
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A defesa do clube prosseguiu com a presença do torcedor Vinícius Paixão, 27 anos, que aparece no vídeo supostamente ofendendo o jogador com a palavra "macaco", como entendeu a procuradoria-geral do TJD.
- Eu disse "vai tomar no c..., c...". Jamais chamei o Fabrício de macaco. Não ouvi ninguém ao meu redor falar a palavra macaco. Jamais faria uma coisa destas. Tenho orgulho de ser negro - declarou Paixão, no Tribunal.
Alberto Franco pediu a impugnação das perícias de vídeo apresentadas pelo Inter, na qual um perito grafotécnico e uma fonoaudióloga afirmavam que o torcedor jamais pronunciou a palavra "macaco", por contestar a qualificação de ambos na análise do material. O perito grafotécnico que foi designado pelo TJD no dia 20 de abril, já havia entrevistado Vinícius Paixão cinco dias antes. Daí, Franco alegou que o seu laudo estava viciado.
Além disto, o procurador-geral entendeu que o testemunho de Paixão estava comprometido por ele ser associado do Inter.
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Ao votar, o relator da 1ª Comissão Disciplinar do TJD, José Cláudio de Carvalho Chaves, levou em conta o depoimento de Fabrício, alegando não ter sido ofendido, e votou pela absolvição do Inter. O segundo voto foi do auditor Felipe Cravo Souza. Ele também absolveu o clube, alegando que Vinícius Paixão teria sido reprimido imediatamente por outros torcedores, caso tivesse feito a ofensa racial. O terceiro voto, do auditor Juliano Afonso Milani foi breve e absolveu o clube das acusações.
- Ficou provado que o torcedor do Inter em nenhum momento se manifestou de forma preconceituosa, racista ou injuriosa em relação ao atleta Fabrício - comentou o advogado do Inter, Rogério Pastl, ao final do julgamento.
O procurador-geral do TJD, Alberto Fanco, não quis se pronunciar ao final da sessão.
Já o sócio do Inter Vinícius Paixão assegura voltou a rechaçar as ofensas a Fabrício e assegurou que domingo estará uma vez mais no Beira-Rio:
- Agora, tudo está bem de novo. Fui ao Gre-Nal da Arena e irei ao do Beira-Rio. Se o Diego Aguirre colocar o time titular, seremos pentacampeões.
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