Em uma viagem desgastante, que teve início às 4h30min, desde La Paz a Porto Alegre, o Inter de Diego Aguirre voou sob pressão e chegou a Porto Alegre às 7h28min. A derrota por 3 a 1 para o The Strongest não estava nos planos. Não somente pelo placar, mas pela forma como ela ocorreu: nos primeiros minutos de jogo, com o time desorganizado, e sem que a responsabilidade pudesse ser repassada de imediato para os 3,6 mil metros de altitude da capital boliviana.
Em sua estreia na Libertadores, o Inter virou lanterna do Grupo 4. Para atingir os 15 pontos, uma meta otimista da direção antes da partida na Bolívia, o Inter precisará ter 100% de aproveitamento a partir de agora no torneio.
Publicamente, a direção trata de blindar Aguirre. O presidente Vitorio Piffero chegou a referir que ele "é o técnico do Inter até dezembro", mas, nos bastidores, há angústia no ar. Existe uma torcida grande para que o técnico acerte a equipe já na próxima semana, quando o Beira-Rio receberá o Universidad de Chile - derrotado na terça-feira pelo Emelec. Caso contrário, a sequência de partidas, com o clássico Gre-Nal e com Emelec, poderá fazer com que a pressão por mudanças na comissão técnica se torne insustentável, apesar de não se ter vencido sequer o segundo mês do ano.
- Temos apenas 15 dias de trabalho, vamos com calma - respondeu Piffero, questionado sobre a continuidade do trabalho de Aguirre.
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Vitorio Piffero, porém, também emitiu alguns sinais de alerta na Bolívia.
- Temos que evoluir mais, como evoluímos no segundo tempo. E achar a configuração ideal, que talvez não seja ainda esta aí. Temos um elenco muito bom e a obrigação de melhorar. O time do segundo tempo (sem Anderson e com Vitinho), até os 30 minutos, foi bem. Depois, acabou a perna mesmo. Aos 30 minutos do primeiro tempo, já estava 2 a 0. E ainda bem que ficou só no 2 a 0. Até os 30, não jogamos nada. Depois, equilibramos. Temos que ganhar os jogos em casa - disparou o presidente do Inter.
Diego Aguirre ainda lamentava os erros no começo da partida contra o The Strongest:
- Tomamos dois gols em 15 minutos, não é bom para ninguém. Custamos a entrar no jogo outra vez. No começo do segundo tempo, mostramos alguma coisa. E concordo plenamente: temos que ganhar todas em casa.
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Em um retorno marcado pelo silêncio da derrota e pelo cansaço, a delegação demorou a embarcar. Após a derrota para o The Strongest, os jogadores retornaram ao Hotel Radisson e tiveram tempo apenas para jantar, antes de seguir para o aeroporto. Mesmo sendo um voo fretado (que custou aos cofres do clube cerca de US$ 140 mil), houve grande demora para se deixar o aeroporto de El Alto, na capital boliviana, que tem este nome por estar a 4,05 mil metros de altitude.
Alguns jogadores que já estavam sofrendo com as consequências de um período superior a oito horas no ar rarefeito de La Paz, como Anderson, Nilmar, Rafael Moura, Alan Costa, Sasha e Vitinho, além do vice de finanças, Pedro Affatato e do camareiro Buiu, começaram a piorar. De náuseas a dores de cabeça, passando por indisposição estomacal, foram os sintomas apresentados.
Na sala de embarque, Nilmar ainda se lamentava da expulsão, quase ao final da partida contra o The Strongest, ao tentar se proteger de uma disputa de bola.
- Foi a minha segunda expulsão na carreira. Só tinha sido expulso quando jogava na Espanha - recordou.
Ato contínuo, o atacante recebeu um convite de Alex:
- Ué, então vamos para Rio Grande. Estamos precisando de gente.
Alex se referia ao jogo de domingo, pelo Gauchão, contra o São Paulo, quando o Inter terá de novo o time reserva em campo - e o camisa 12 tem sido um dos principais nomes deste time, responsável pelas duas únicas vitórias do Inter na temporada.
Quando o embarque parecia se aproximar, uma nova fila se criou: a da inspeção de narcóticos da polícia boliviana. Jornalistas, jogadores, dirigentes e torcedores, todos, democraticamente, tiveram que abrir as bagagens para a vistoria. Tudo liberado, se deu o início do voo na madrugada da Bolívia.
A delegação, desgastada e abatida, chegou em casa pouco depois do raiar do dia. Os jogadores que foram a La Paz estarão de folga hoje. Ainda no Salgado Filho, eles receberam o carinho de colorados que desembarcavam de outros voos e os paravam para os selfies e pedidos de autógrafos.
Aguirre descansará e pensará como reorganizar o time para receber os chilenos, o ex-clube de Charles Aránguiz. O treinador uruguaio havia dado um prazo de 30 dias para que o seu Inter estivesse pronto. Este tempo foi pulverizado no Estádio Hernando Siles, em La Paz. Diego Aguirre precisará mostrar plena recuperação na Libertadores em apenas oito dias. E, menos de 72 horas depois, já haverá Gre-Nal. O Inter precisa dar respostas urgentes.
Manta
A partida entre Emelec e Inter, que ocorrerá no returno da fase de grupos da Libertadores, poderá ser decisiva para a classificação da Chave 4. Mas ela não ocorrerá em Guayaquil. O Estádio George Capwell está em reformas e o Emelec vem mandando os seus jogos na cidade de Manta, distante cerca de 300 quilômetros da casa dos "eléctricos". Assim, o Inter teria que fretar um novo voo (que custaria mais de US$ 200 mil) ou desembarcar em Guayaquil e seguir por quase quatro horas de ônibus até Manta. A decisão deverá ser tomada ao final do primeiro turno da Libertadores.
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