Se a lentidão do time simbolizava o Inter de 2014, a tendência é de transformação em 2015. A fama de Diego Aguirre no Uruguai é de montar equipes rápidas e de muita intensidade. Aquele Peñarol de 2011 que atropelou o time de Falcão no Beira-Rio simboliza bem o modelo preferido pela La Fiera, como o técnico é conhecido em terras charruas.
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Aguirre comandou o Peñarol três vezes. Ganhou o Uruguaio em 2003 e 2010 e foi vice da Libertadores em 2011. Sempre com o mesmo modelo tático, o 4-4-2. Mas aquele típico dos gringos, com duas linhas de quatro jogadores e meias abertos pelas pontas. Na última passagem, encantou os torcedores às margens do Rio da Prata pela energia com que seus jogadores partiam para o ataque e voltavam para fechar espaços na defesa. Um time que era defensivo sem deixar de ser ofensivo. Por isso, Aguirre é classificado pela imprensa esportiva de Montevidéu como o técnico do momento - abaixo apenas do "Maestro" Óscar Tabárez, o homem que arquitetou e conduziu a reconstrução do futebol no país a partir do final da década passada.
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Os repórteres uruguaios valorizam as seguidas viagens ao Exterior do novo técnico do Inter, para observações e intercâmbio. Depois de visitar Felipão e Abel, em outubro, Aguirre embarcou para a Itália. Acompanhou a rotina de trabalho na Fiorentina e na Lazio.
- É o melhor profissional que temos no momento aqui no Uruguai - define o repórter Nicolás Pirri, da rádio AM 1010, que tem em sua programação diária, entre as 17h e as 18h, o programa Fútbol a lo Peñarol.
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Na última semana, Zero Hora conversou com jornalistas e dirigentes que trabalharam com Aguirre na última passagem pelo Peñarol. Confira agora como eles vêem o técnico que capitaneará o Inter na busca pelo tri da América.
O time
A defesa era bem postada, com laterais guardando posição. À frente dela, uma segunda linha com dois dois volantes de força na marcação, sendo um deles ais técnico, e meias abertos e com energia para sair rápido pelos flancos. No ataque, um centroavante de referência e um atacante movediço. O time de 2011 tinha o argentino Martinuccio, de velocidade e movimentação, compondo com Olivera, 1m91cm. Martinuccio, aliás, só brilhou no Peñarol com Aguirre. No restante, foi o mesmo que vimos por Cruzeiro, Fluminense e Coritiba.
- Diego encontrou a forma de Martinuccio jogar, soube explorar suas virtudes - diz o repórter Nicolás Pirri.
Força física
Para sustentar ese modelo tático, Diego Aguirre confiava ns tempos de Peñariol bom tempo da semana aos trabalhos do preparador físico Fernando Piñatares. Os dois estiveram juntos no Peñarol, e o técnico o levou junto para o Catar. Os uruguaios creditam parte do sucesso de 2011 ao fôlego do grupo. Piñatares talvez encontre no Inter o seu maior desafio. Costuma fazer de seus treinos sessões de alta intensidade, mas sempre com a bola. Foi o mesmo modelo aplicado no Beira-Rio em 2010 pelo seu conterrâneo Alejandro Valenzuela, trazido por Jorge Fossati.
- O Peñarol de 2011 era mais de 50% força física - diz Pirri.
Pulso firme
Em 2011, Diego Aguirre tomou decisão que estremeceu o Uruguai. Na pré-temporada depois de perder a Libertadores para o Santos, avisou a direção de que o atacante Antonio Pacheco estava fora dos planos. Para o leitor ter ideia, Pacheco corresponde ao Peñarol o que D'Alessandro é para o Inter hoje. Na temporada 2009/2010, ele foi o grande nome do time de Aguirre na conquista do Uruguaio, como centroavante. Na Libertadores de 2011, porém, participou de seis das 14 partidas do Peñarol. No jogo do Pacaembu, viu tudo da reserva. Aguirre havia concluído que o craque do time, à época com 35 anos, já não oferecia a intensidade que necessitava para sua equipe. A direção acatou a sugestão do técnico e não renovou o contrato de Pacheco. Três meses depois, Aguirre acertou-se com o Al-Rayyan. Pacheco fez temporada exitosa no Montevideo Wanderers e voltou para o Peñarol. Aos 38 anos, ainda é referência do time.
- Trata-se de um técnico com muita personalidade para tomar decisões - atesta Edgar Welker, vice-presidente do Peñarol e que viu de perto o episódio de 2011.
Jogo por baixo
O estilo dos times de Aguirre contrasta com a aspereza do futebol uruguaio. Em campos acanhados e piso irregulares, há a propensão de muitos chutões e ligações diretas à área. O Peñarol de 2010/2011 jogava com a bola no pé, trocava passes rápidos e avançava articulando rápido. O time vice-campeão de 2010 tinha em Luís Aguiar, volante de boa saída de bola, o grande referencial tático.
- Aguirre gosta que seus times joguem por baixo. É ofensivo, mas equilibrado, adepto de um estilo de jogo moderno, de intensidade e muita rapidez nos movimentos - diz a repórter Sílvia Pérez, setorista do Peñarol no jornal El País.
Olho na base
O Peñarol concentra seu futebol no CT de Los Aromos, um amplo espaço encravado fora de Montevidéu, numa região com ares rurais. Era comum ver Aguirre espiando os treinos das categorias de base, principalmente dos juvenis. O olho para jovens jogadores está no DNA do técnico, que comandou a seleção sub-20 no Sul-Americano e no Mundial de 2009. Em seu primeiro time como técnico, o Plaza Colônia, em 2002, lapidou um jovem zagueiro emprestado pelo Nacional. Diego Lugano tinha 21 anos e começava com Aguirre a trajetória que o levaria ao posto de capitão da Celeste Olímpica.
- Diego gosta muito de se envolver com a categoria de base, muitas vezes o víamos assistindo aos jogos e treinos dos juvenis - conta o vice-presidente do Peñarol Edgar Welker.
Treino fechado
Os jornalistas uruguaios garantem que o trato diário com Aguirre é dos melhores. Trata-se de um sujeito educado e de boa conversa. Mas é bom os setoristas do Inter se preparararem para algumas tardes de monotonia. O técnico costuma fechar os portões, pelo menos, uma vez por semana. Adotou essa prática na terceira passagem pelo Peñarol. Como o CT de Los Aromos era aberto e podia-se ver tudo da estrada de terra que levava até lá, pediu à direção que cercasse o campo com lonas publicitárias. Funcionou. Ficou impossível espiar como preparava a equipe.
- Pelo menos, o último treino antes do jogo era fechado. Mas era muito tranquilo para trabalhar, era de bom trato com os jornalistas - garante o repórter Diego Pérez, do El País.
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