Já são quatro jogos sem sofrer gols. Em meio a fases e partidas decisivas, a marca é de relevância para o goleiro Muriel. Apaixonado pela profissão depois de observar o pai defender metas, o camisa 1 do Internacional fala em entrevista exclusiva ao LANCE!Net, sobre como começou no futebol e as expectativas para o Campeonato Brasileiro, que se inicia no próximo sábado. Criado no Inter e titular há duas temporadas, Muriel admitiu que achou que receberia chances entre os titulares mais cedo no clube, firmando-se apenas em 2011, com 24 anos. O jogador fala da expectativa pela briga pelo título brasileiro.
Com o sangue de defensor de metas correndo em suas veias - o irmão é companheiro de treinamentos no Inter, o bisavô era goleiro, assim como o pai em brincadeiras - Muriel teve diversos jogadores que, diretamente, influenciaram em sua carreira. Cita diversos, mas em especial o multicampeão Clemer, pela relação um pouco mais profunda entre suas famílias.
A carreira começou aos 13 anos no Inter. Hoje, aos 26 anos, vai para sua segunda temporada como titular absoluto do Inter. Admite que no início, achava que teria chances mais cedo, pelo seu cartaz na base. Rodou por Caxias e Portuguesa, degrau a degrau, como o próprio define, até tomar conta da posição. Uma realização para um menino que decidiu, aos 10 anos, que queria ser goleiro, e aos 13 cumpria rotina de estudar em Novo Hamburgo e rumar para Porto Alegre treinar no Inter.
Com um sentimento "diferente" após garantir o título gaúcho defendendo pênalti de Moisés, do Juventude, o arqueiro coloca o Inter entre os postulantes ao Brasileirão e crê que o clube está no mesmo patamar de outros tidos como mais prontos, como Corinthians e Atlético-MG.
Como você começou na carreira?
Sempre fui apaixonado por futebol, desde criança. Onde eu morava, era um dos mais novos, e pior na linha, então me mandaram para o gol (risos). Quando jogávamos em família, por ver meu pai jogar, acabei gostando. Tinha um amigo que treinava na escolinha, onde a gente morava. Fui olhar. O treinador discutiu com o goleiro e eu estava lá. Me chamaram. Treinei, e, em casa, falei que queria conversar sério com meu pai. Disso que queria ser goleiro, e ele me apoiou. E aí virei goleiro com 10 anos. Com 13, já estava no Inter. Meu bisavô foi goleiro, Oscar. Ele jogava no amador. E meu vô jogou, mas era volante, ou centro-médio, como chamavam na época.
E seu crescimento dentro do Inter, como foi?
Desde pequeno tivemos a abrir mão de algumas coisas. Sou de Novo Hamburgo, eu estudava, chegava em casa meio-dia, e tinha que almoçar rápido porque 12h45min a van me pegava. E voltava 20h. Todos os dias, com 13 anos. A gente vai aprendendo a se dedicar só a isso. Não são todas pessoas que conseguem, e eu tive o privilégio de estar perto da família. Me apoiaram muito. Nunca pensei em parar, sempre me dedicava ao máximo. Desde cedo treinei com as categorias mais velhas. O Inter tem tradição em formar goleiros, então peguei Renan, Marcelo Boeck. O momento difícil foi na transição de júnior para profissional. Esperava ter oportunidade e demorou um pouco, pelo Inter ser um grande clube. Tive que esperar bastante. Fui estrear com 23 anos. Tive que ser emprestado para jogar no principal. Em 2010 joguei, e aí como titular em 2011.
Dos goleiros que passaram pelo clube, quem te ajudou mais?
Um só é difícil citar. Eu demorei para jogar por ter grandes goleiros aqui. Aprendi com todos, Pato Abbondanzieri, Clemer, André, o Renan desde a base estivemos juntos. Outros goleiros também, o Lauro foi importante. Sempre pegava um pouco de cada, observava bastante. O Clemer me ajudou muito, sempre me dando dicas, até mesmo fora do campo. Me ajudou.
E a convivência com teu irmão Alisson no dia a dia, como está sendo?
Treinamos algumas vezes juntos na base, mas ficar junto mesmo no grupo foi no profissional. É um sonho, um ser jogador já é muita alegria, imagina dois. Ficamos muito felizes, sempre fomos muito próximos. Trocamos opiniões, estamos muito felizes com esse momento. O Alisson está pronto, demonstra isso. Jogou e bem. É muito bom compartilhar esse momento. Nos cobramos, temos amizade com o Agenor também.
Que expectativa tens para este ano, de forma individual? Será o segundo ano como titular absoluto.
Infelizmente ano passado não conseguimos os objetivos. O grupo tem potencial, mas almejo entrar para a história. E jogador entra para a história com títulos. O grupo vem crescendo a cada dia. Estamos muito bem desde o início. Temos como objetivo, individual e do grupo, de fazer um grande ano, um grande Brasileiro e Copa do Brasil. Estamos focados nas duas competições.
O Brasileirão já começa no sábado. Qual sua expectativa para toda a competição?
Queremos entrar brigando pelo título desde o início. Temos que aproveitar que vamos estar 100% focados nesta competição. Acredito que tem grandes clubes. Todos os anos, se tira 10 times candidatos ao título. É muito equilibrado. Estamos em um nível bom. O time está bem, tem treinado bem e feito bons jogos.
O Inter bate de frente contra times tidos mais prontos, como Fluminense, Galo e Corinthians?
Eu acredito que sim. Esses times estão muito bem, têm excelentes elencos. Mas acredito na força do nosso grupo. Estamos preparados para começar fazendo um grande Brasileiro. É importante estar ligado desde o início. É importante ter regularidade e bater de frente aos outros.
Já são quatro jogos, todos decisivos, sem sofrer gols, com intervenções decisivas suas. Qual a razão deste sucesso?
Como goleiro tenho que estar pronto para ajudar meu time. Temos feito grandes jogos e buscamos o equilíbrio. O Dunga tem mérito nisso, pede para a gente ter atenção e não tomar gol. Nesse último jogo tivemos um a menos e vemos Forlán e D'Alessandro voltando para marcar. Tem começado lá na frente tudo isso. É uma coisa que o Dunga vem pedindo. Estamos mantendo uma boa média e precisamos manter. Temos qualidade, e sabemos que se marcar forte, vamos fazer o gol. É a mentalidade de cada jogo, entrar como se fosse final. Às vezes não participamos com a bola, mas temos que falar.
Falamos da questão do goleiro ganhar chances mais experiente. Espera que ainda chegue uma possibilidade de Seleção?
Sonho com Seleção, como todo jogador. Mas sou muito focado no presente. Tento dar o máximo agora, estou muito feliz de jogar há algum tempo no Inter e me cobro muito. O resto é consequência. Estou focado.
E você foi determinante no título. Naquele momento, o que é mais importante para fazer a defesa?
O lance do pênalti temos que ter convicção. Estamos trabalhando há semanas, por enfrentar fases decisivas. Há qualquer momento poderia ir. Tentamos estudar, eles tinham batido pênaltis contra o Grêmio. O Moisés tinha batido naquele canto. O Zulu e o Diogo mudaram o canto. Eu fui convicto no que eu tinha visto. Tentei saltar na hora que ele chegou perto da bola, já que ele tinha batido bem no Grêmio. Estava chateado que não tinha acertado nenhum canto, mas fui convicto no que trabalhamos. O Maia e o Dunga passaram tranquilidade e consegui. Foi um momento diferente, último lance do campeonato, fiquei muito feliz.