Esperança do torcedor para que o Grêmio conclua sem sustos a travessia de volta à Primeira Divisão, o técnico Renato Portaluppi começou a moldar o time ao seu modelo de trabalho. Na terça-feira (6), em seu primeiro dia de contato direto com os jogadores no campo de treino, o treinador passou a implementar suas ideias para as derradeiras 10 rodadas da Série B.
Mas antes mesmo das alterações táticas e técnicas da equipe, o técnico já deixou sua marca em alguns aspectos da rotina do clube. A principal mudança citada por quem tem acesso aos bastidores do vestiário é a melhora do ambiente e do ânimo no CT Luiz Carvalho. Não que existisse rejeição na convivência com a antiga comissão técnica, mas Renato alterou sensivelmente o moral do grupo de jogadores desde os primeiros contatos.
A avaliação de fontes consultadas por GZH é de que o treinador de 59 anos (completa 60 na sexta-feira) trouxe o torcedor de volta para o lado dos atletas. E mesmo que os resultados não apareçam imediatamente, os jogadores sabem que Renato atuará para blindá-los das críticas e cobranças.
— Renato cuida de todos os detalhes da rotina do centro de treinamentos e verifica o que os jogadores precisam. Um exemplo prático é a doação que sempre faz das suas premiações para os funcionários com salários mais baixos no CT. Tanto é que a empolgação no ambiente de trabalho é nítida com o seu retorno. A blindagem do vestiário também é elogiada pelos jogadores. Atletas da sua confiança, como Edílson, Geromel e Diego Souza terão um papel importante no trabalho diário — apontou Eduardo Gabardo, repórter da Rádio Gaúcha e colunista de GZH.
A grande diferença diz respeito ao dia a dia e à estrutura dos treinos. As regras de convivência para os jogadores no CT Luiz Carvalho seguem inalteradas. Os atletas ainda são orientados a chegar, no mínimo, uma hora antes do início dos trabalhos de campo para a realização de atividades físicas individualizadas.
Nova rotina de treinos
Pelo exemplo da atividade desta terça-feira — que deu início à preparação para a partida de domingo contra o Vasco, um confronto direto pelo G-4 da competição —, o tempo dos treinamentos no campo será um pouco menor com Renato. Sob comando de Roger Machado, dificilmente os jogadores passavam menos de duas horas no gramado do CT. O trabalho teve duração de uma hora e meia, incluindo aquecimento, orientações de Renato e as pausas para hidratação.
Outra diferença é que a antiga comissão priorizava os treinos em espaço reduzido no início da semana até avançar para toda a extensão do campo na véspera das partidas. Na terça-feira, a atividade ocorreu entre as duas grandes áreas. As orientações passadas pelo auxiliar Alexandre Mendes também indicam uma proposta de mais ênfase na valorização da posse de bola e pressão na marcação ao adversário.
— Aproxima o tempo todo do homem da bola — cobrou.
A mudança mais brusca de filosofia entre os trabalhos de Roger e Renato é a função dos jogadores de lado de campo. O ex-técnico priorizava ter um dos pontas com característica de mais articulação. Com a nova comissão técnica, os extremas priorizam drible e velocidade na execução dos ataques.
Pelas ideias que nortearam o trabalho do atual técnico do clube entre 2016 e 2021, a tendência é pela manutenção do atual desenho tático da equipe: uma linha de quatro defensores, dois volantes, um trio de meias e o centroavante.
Antes mesmo de assumir oficialmente a equipe, Renato já teve influência na escalação da equipe. Edílson ganhou a vaga de titular, que seria de Rodrigo Ferreira contra o Vila Nova. Outro jogador que apareceu contra os goianos foi Thiago Santos. O volante não participava de um jogo na Arena desde o dia 18 de junho e entrou no segundo tempo da partida da última sexta-feira.
Outra alteração projetada como provável para a reestreia contra o Vasco é a mudança do responsável pela criação. Thaciano, um dos jogadores que conquistou a confiança de Renato na passagem anterior do técnico, deve ganhar o lugar de Campaz entre os titulares.