Desde que assumiu o comando técnico do Grêmio, Tiago Nunes não encontrou facilidades. Além do desafio de suceder Renato Portaluppi, o maior ídolo da história gremista, que havia ocupado o cargo nos últimos quatro anos e conquistado grandes títulos, o treinador teve de encarar dois clássicos Gre-Nais valendo o título estadual. Saiu-se muito bem. Com uma vitória em pleno Beira-Rio e um empate na Arena, conquistou o Gauchão de 2021. Agora, uma semana após erguer a taça, se prepara para iniciar a disputa do Campeonato Brasileiro.
— Fala-se em título, e eu sou consciente que em qualquer competição o Grêmio entra para brigar para ser campeão, mas estamos falando do campeonato mais difícil de disputar no mundo. Em todos os campeonatos do mundo tem dois ou três clubes que brigam pelo título, mas aqui (no Brasil) têm uns sete ou oito times que podem brigar entre G-4, G-6 e ser campeão. Então, é o campeonato mais difícil de ser disputado e vamos avaliar jogo a jogo durante a temporada — avaliou ele.
Pois uma das críticas feitas ao técnico do Grêmio nas últimas temporadas diz respeito à priorização de torneios de mata-mata. Muitas vezes, Renato teve de responder por que preservava titulares durante o Brasileirão e se isso lhe alijava da disputa pelo título nacional. Agora, a dúvida é saber como Tiago Nunes irá lidar com o calendário de partidas, sem ter a presença da Libertadores para dividir atenções.
— Eu não concordo com essa afirmação de que o Grêmio nunca priorizou o Brasileiro, porque o Grêmio sempre chegava no G-4 e faz campanhas muito boas. Se ele não tivesse priorizado, chegaria em 10º ou 11º. Claro que ele priorizou. A dificuldade é o calendário. Tu estás jogando uma semifinal ou final de Copa do Brasil e tem que estar com os jogadores mais inteiros. Então, a competição que tem mais jogos tu vais deixar de lado para focar nas outras que te levam a vagas diretas e encurtam o caminho. O meu objetivo é ser campeão de todas as competições. Desde que iniciei minha carreira, sempre tive oportunidade de participar de finais. Fui campeão estadual em quatro Estados diferentes, cheguei em finais de categorias de base, em final de Copa do Brasil e Recopa, porque me considero competitivo e luto por todos os campeonatos sempre. Então, não vou elencar o Brasileiro como prioridade porque todos são prioridades para mim neste momento — pontuou.
Nesta ideia de avaliação jogo a jogo, um dos atletas que deve entrar em um sistema de rodízio é o experiente Maicon. Uma das principais lideranças do vestiário gremista, o jogador de 35 anos viveu uma última temporada atribulada por lesões musculares. Neste ano, jogou por 90 minutos ininterruptos somente uma única vez. Questionado sobre o aproveitamento do camisa 8, o técnico avaliou:
Não vou elencar o Brasileiro como prioridade porque todos são prioridades para mim neste momento
TIAGO NUNES
técnico do Grêmio
— A gente ainda está conhecendo como os jogadores reagem à sequência de jogos. Naturalmente, com a sequência, a qualidade técnica cai, pelo desgaste físico. E o Maicon requer cuidados especiais, não só pela idade, mas pela constituição dele. É um cara que tem uma rotação dentro do campo, é um jogador de força para exercer sua posição. Então, ele vai alternar jogos em que vai começar como titular, outros que vai entrar no decorrer e vai ter jogos que ele não vai entrar. A gente vai avaliando no jogo a jogo, não só no contexto estratégico, mas nestas questões de conhecer melhor a parte física de cada jogador e como eles reagem à sequência — finalizou.