A conquista do título do segundo turno do Gauchão com a vitória no Gre-Nal 426 marcou o fim de uma era no Grêmio. O clássico foi a despedida de Everton e trouxe para o começo de Brasileirão uma expectativa para o torcedor: como o time iria encarar a sequência da temporada com a saída de seu principal jogador. Pois as primeiras três rodadas mostram o Tricolor ainda com dificuldade no setor ofensivo.
Mesmo que o Grêmio esteja invicto no Campeonato Brasileiro, o time marcou apenas dois gols nos primeiros três jogos. No empate com o Corinthians, a equipe de Renato Portaluppi teve as melhores oportunidades - até perdeu um pênalti com Diego Souza- , mas não conseguiu furar a defesa paulista. Em busca do gol, o Tricolor abusou dos cruzamentos. Foram 36 ao longo dos 90 minutos, uma marca que não foi atingida em nenhuma das 38 partidas do Brasileirão do ano passado, de acordo com dados do site Sofascore.
Comentarista da Rádio Gaúcha na partida, Adroaldo Guerra Filho, o Guerrinha, cita que o Grêmio já vinha utilizando bastante as jogadas de cruzamento nesta temporada pela presença de Diego Souza. Ele ressalta que a ausência de Everton leva o time a buscar ainda mais a simplificação das jogadas com a bola direto para a área adversária.
— O Everton era o jogador do um contra um, o diferente. O Grêmio vai sentir muito a falta dele, é natural. Vejo que o Grêmio precisa recuperar seu repertório de bola pelo chão, de passes. Se ficar só levantando bola na área, vai facilitar para quem defende. O Diego Souza é bom no jogo aéreo, vai fazer gols, mas eles serão mais escassos — projeta.
Para o comentarista do Sportv, Paulo Vinícius Coelho ainda é cedo para saber a real influência que a ausência de Everton trará ao estilo de jogo do Grêmio. PVC, porém, ressalta que o alto número de cruzamentos diante do Corinthians aponta para a falta de um repertório maior de jogadas:
— O dado dos cruzamentos é alarmante porque excesso de cruzamentos é falta de repertório. Não é pecado cruzar, mas buscar tanto essa jogada mostra falta de repertório. O Everton vai fazer falta pela qualidade que tem, mas o Pepê ainda pode avançar. Ele está inseguro ainda por ser o começo dele como titular, mas pode crescer com o tempo.
PVC observa ainda que Diego Souza precisa ser aproveitado não apenas nos cruzamentos, mas também em suas jogadas como pivô, auxiliando para as finalizações dos homens que chegam de trás, com Jean Pyerre se juntando a Pepê e Alisson.
— O Grêmio é um time em processo neste momento. Não quero ser definitivo, mas tem algo para resolver que passa por Jean Pyerre e Pepê, principalmente. Quando tem um pivô como o Diego Souza, você vai trabalhar em torno dele. Os três que jogam atrás dele precisam ser decisivos também — completa.
Pepê foi o jogador preparado pelo Grêmio para ocupar o lugar de Everton, que desde o ano passado vinha tendo o nome ligado ao interesse de clubes europeus. Na nova formação, Renato Portaluppi tem apostado na movimentação no setor ofensivo com ele e Alisson trocando bastante de posição ao longo dos jogos. Em entrevista nessa segunda-feira (17), Diego Souza tratou de reforçar a confiança de que os companheiros darão a resposta que a torcida espera.
— Sem dúvida, o Everton vai fazer falta não apenas no Grêmio, mas em qualquer lugar que vestir a camisa. Ele é um jogador acima da média e que se sentia em casa. Mas o Grêmio é grande demais para depender de apenas um jogador. O Pepê é um garoto de qualidade fora do normal, o Alisson também é fora do comum. Nós vamos jogar como equipe e esses jogadores vão se sobressair e nos ajudar na hora certa como o Cebola também sempre nos ajudou — afirmou.
As palavras do artilheiro do Grêmio soam como esperança para a torcida antes do desafio com o Flamengo, nesta quarta-feira (19), no Maracanã, quando o Tricolor buscará sua primeira vitória fora de casa no Brasileirão.