Os seis guris da dupla Gre-Nal que concederam entrevista para falar sobre o período de treinos com a Seleção na preparação para a Copa América repetiram a mesma expressão: "Foi um sonho". Heitor, José Aldo, José Gabriel e Netto, do Inter, Phelipe Megiolaro e Gui Azevedo, do Grêmio, passaram alguns dias trabalhando com a elite do futebol brasileiro. Os colorados foram chamados por Tite para se juntar ao trabalho da equipe em Porto Alegre, no CT Luiz Carvalho e no Beira-Rio, antes do amistoso contra Honduras. Os gremistas – mais o zagueiro do Inter Bruno Fuchs, que agora está com a seleção olímpica disputando o Torneio de Toulon – estiveram na Granja Comary, no início da preparação.
Gui Azevedo já tem experiência na Seleção. O atacante de lado que completou 18 anos na semana passada foi convocado para jogos das categorias de base e, por isso, demorou a perceber que o anúncio de seu empresário, Jorge Machado, era o maior desafio de sua curtíssima carreira. Eles estavam almoçando em um shopping center quando ouviu do agente: "Você vai treinar com o Brasil".
— Quando entendi o que era, não acreditei. Foi um sonho. Avisei para minha família (parte está em Apucarana-PR) e me preparei.
Passar por eles é muito difícil
GUI AZEVEDO
Atacante, 18 anos
Na Granja Comary, ele viu o tamanho do que havia conquistado. Convivendo com jogadores que só via pela TV, notou que tinha certa tensão com a situação de Neymar, primeiro pela lesão no treino, depois pela polêmica da acusação de estupro. Mas não se importou tanto com isso. Pelo contrário, aproveitou a oportunidade para se aproximar. Fez amizades:
— Casemiro é muito humilde. Me orientou, disse o que fazer, onde ir. E me falou para ficar tranquilo.
Só que ficar tranquilo era tudo o que não conseguia. No meio daquelas feras, precisou administrar o nervosismo. Convivia com o atacante Martinelli, do Ituano, seu colega de quarto na concentração, para espairecer. E sobre a principal diferença que percebeu ao treinar com o grupo de Tite, não hesitou. Ponteiro arisco, de drible refinado e alta velocidade, constatou:
— É muito difícil passar por eles. Quando não nos ganham na força e na velocidade, levam vantagem na experiência.
Não deveria ser novidade para Phelipe Megiolaro treinar com o grupo principal da Seleção. Ele já havia sido chamado outra vez, para ganhar experiência, dentro da ideia de Tite de acostumar jovens ao ambiente da equipe. Mas, desta vez, ocorreu algo que deixou o goleiro do Grêmio sonhando acordado. Como Alisson se apresentou apenas depois da Liga dos Campeões e Cássio entrou em campo pelo Corinthians na terça-feira anterior ao amistoso contra Catar, no Mané Garrincha, Phelipe foi chamado por Tite e Taffarel.
— Eles me disseram: "Normalmente chamamos um goleiro para completar, mas como estás treinando bem, vais ficar no banco". Não chegaram a ser claros se eu jogaria mesmo no caso de acontecer alguma coisa com Ederson, mas fiquei imaginando como seria. Claro, torcia para não dar nada com o companheiro de profissão, mas em campo pode rolar tudo — diz Phelipe.
Eles já me chamam pelo nome
PHELIPE MEGIOLARO
Goleiro, 20 anos
No fim, ele ficou no banco e viu o goleiro do Manchester City participar da partida sem grandes problemas. Mesmo assim, sentiu-se mais confiante do que da primeira vez. E detalhou:
— Pode parecer bobagem, mas é algo que mexe com a gente. Quando cheguei agora, notei que eles já me chamam pelo nome.
Phelipe ficou com o grupo até a chegada em Porto Alegre. Houve até a expectativa para que seguisse com o grupo. Mas Alisson desembarcou na Capital, Tite e Taffarel agradeceram a Phelipe e o dispensaram.
— Alisson brincou comigo: "Não queria te atrapalhar, mas agora é minha vez" (risos). Quem sabe chega a minha também.