O nome é de difícil escrita e pronúncia. Mas, graças ao noticiário esportivo, tornou-se cada vez mais presente no vocabulário dos torcedores do Grêmio. Neste domingo (14), novamente o termo voltou a ser citado para explicar a substituição de Luan, no segundo tempo contra o Palmeiras, e a preocupação para o duelo contra o River Plate pela Libertadores.
— Por muito tempo, foi chamada de "esporão". É uma degeneração que acontece na sola do pé, na fáscia plantar, que é o ligamento mais forte do corpo humano, que fica preso ao calcanhar e sustenta o arco do pé. Ali naquele lugar, às vezes, aparece uma inflamação — explica o doutor José Veiga Sanhudo, especialista em traumatologia e ortopedia do Hospital Moinhos de Vento.
Conforme o médico, as dores não são exclusividade de atletas, como o camisa 7 gremista. Muito pelo contrário.
— Aparece em pessoas sedentárias ou obesas em que, por conta da falta de exercícios ou sobrecarga de peso, o ligamento começa a se desprender do osso do calcanhar. Mas em um atleta, por exemplo, na maioria das vezes, é por excesso de exercícios. Em caso de jogadores de futebol de salão, onde o piso é mais sólido e o calçado não tem amortecedor, é mais comum.
O que preocupa no caso do atleta gremista é que as dores são recorrentes, inclusive em pés diferentes. Neste ano, já chegaram a tirar o meia-atacante do jogo contra o Cerro Porteño, ainda na fase de grupos da Libertadores.
— Não posso falar sobre o Luan porque não é meu paciente. Mas, às vezes, quando não há melhora, tem que se abrir o leque, porque pode ter outra causa. Quando se investiga mais a fundo, chega-se a outras doenças que se apresentam através da fascite, como hérnia de disco. Também pode ser o que se chama por gota, que é ácido úrico alto, ou artrite psoriática, em pessoas que tem psoríase na pele.
No caso de Luan, a declaração de Renato Portaluppi ao repórter Eduardo Gabardo de que a situação, desta vez, era mais grave, assusta. O técnico gremista chegou a usar o termo “abriu” para definir a lesão.
— Pode acontecer da fáscia romper, ela rasga. O que não é um grande problema. Um tratamento que se faz é soltar a fáscia do osso do calcanhar. Mas a pessoa não pode cometer excessos depois da ruptura para não causar deformidades. Pode ficar com o pé mais chato que o normal.
Neste momento, o maior temor é perder para o confronto diante dos argentinos o jogador escolhido como “Rei da América” de 2017. Entretanto, de certa forma, as palavras do especialista tranquilizam a torcida gremista.
— Muito raramente o paciente precisa de cirurgia. Hoje em dia, o tratamento conservador é o mais comum. A última vez que fiz uma cirurgia foi há uns 10 anos, e eu vejo fascite plantar toda semana. Mas em caso de cirurgia, o retorno ao esporte é de, no mínimo, 1 a 2 meses. Porque tem que se respeitar o período de cicatrização.