Em janeiro deste ano, o Grêmio acertou com o Peñarol o retorno do zagueiro Bressan, que estava emprestado ao time uruguaio. Na casa onde mora no bairro Nonoai, em Porto Alegre, a estudante de Medicina Veterinária Thainá Alves, 21 anos, e a mãe dela, Alessandra, indignaram-se. Logo, imaginaram que o defensor repetiria a trajetória de insucessos no clube e que poderia comprometer a campanha do time da Libertadores.
— Sempre xinguei ele. Quando estava escalado, sabia que íamos tomar um gol — relembra a jovem.
Passada a raiva inicial, ela prometeu. Se o Grêmio fosse campeão da América com o Bressan de titular, tatuaria um pedido de desculpas. E promessa é dívida.
Na quarta-feira, dia 6, após o embarque do Grêmio para os Emirados Árabes, Thainá e um grupo de amigos se reuniram, chamaram um tatuador e cumpriram o prometido. A universitária pagou R$ 100 e, na perna direita, marcou a inscrição "Desculpa Bressan". Uma amiga tatuou a imagem de Renato levantando o troféu e outro, a taça da Libertadores com os anos das três conquistas.
— Não penso em tapar, é a tatuagem do tri, vou deixar para sempre — enfatiza a estudante.
Gremista fanática, a jovem porto-alegrense frequenta os estádios desde os seis anos, quando a avó paterna, Neusa, a associou ao clube. As duas assistiram a dezenas de jogos no Olímpico e, desde a inauguração da Arena, são figuras carimbadas no novo estádio do clube. Primeiro, frequentavam o anel superior, mas gostam mesmo é de ficar em um cantinho da geral. Já foram juntas até a uma partida do Grêmio em Montevidéu-URU.
— Sinto muita saudade do Olímpico, só agora que a Arena está ficando com uma alma parecida — comenta.
Seguindo os passos da mãe, que em 2007 foi à Bombonera torcer pelo Grêmio na final da Libertadores contra o Boca Juniors (na ocasião, o time gaúcho perdeu por 3 a 0), Thainá viajou à Argentina para acompanhar o clube do coração diante do Lanús. Em determinado momento do jogo, quando a equipe de Renato levou um gol e Ramiro foi expulso, ela chorou, achou que o título escaparia, mas não demorou para soltar o grito de campeã.
A viagem acabou prejudicando os estudos. Como a semana era de provas na faculdade, ficou em recuperação em três matérias — foi aprovada em duas. Ano passado, quando viajou a Belo Horizonte de ônibus para assistir à final da Copa do Brasil, teve problema semelhante. Como já estava com a frequência no limite e ficou 70 horas em deslocamento, perdeu muitas aulas e acabou reprovada por faltas. Mas Thainá não se arrepende. Pelo contrário:
— Faria tudo outra vez, vai saber quando o Grêmio será campeão de novo. Minha mãe entende, meu pai, que não torce muito, fala: "tu é louca". Mas não acho que seja loucura, é paixão — destaca.
A tatuagem com o pedido de desculpas a Bressan não foi a primeira relacionada ao Grêmio _ ela já tem uma imagem de De León erguendo o troféu da Libertadores de 1983 _ nem será a última: ela pretende fazer outra, assim que juntar dinheiro. Será de Renato ou de Marcelo Grohe, jogador com o qual se identifica.
— Ele (o goleiro) é tipo eu. Passou pela fase difícil do Grêmio e aguentou tudo _ explica Thainá.
E o Mundial? A estudante afirma que só desejava passar à final, "não repetir o vexame do Inter (derrota na semi para o Mazembe)", e perder por pouco a decisão para o Real Madrid. Mas garante que já estará na Avenida Goethe desde às 9h de sábado esperando o duelo que pode valer o bi.
E tem promessa em caso de título? A jovem sorri e diz que se o Grêmio for campeão com Jael como titular, também tatuará um pedido de desculpas ao atacante, que já foi muito xingado por ela. Se ele fizer o gol da conquista, então, terá o rosto marcado na pele da estudante.
Pelo jeito, vai ter muito tatuador torcendo pelo Grêmio para engordar o faturamento no final do ano.