O sonho do tri da Libertadores vai exigir do Grêmio um novo planejamento. É a imposição do calendário de 2017, que alonga a copa continental até novembro. Ou seja, o hábito de reforçar o time pensando apenas no primeiro semestre terminou. Para reconquistar a América ou buscar novos títulos nacionais, será necessário um Imortal forte o ano inteiro.
Estou curioso para ver o impacto do calendário repaginado. No passado, com a Libertadores concentrada no primeiro semestre, os clubes brasileiros se acostumaram a buscar reforços na abertura da temporada, com o caixa aquecido pelas cotas de TV. Em caso de fracasso, na janela do meio do ano imperava a necessidade de vender jogadores.
As dificuldades atuais do Grêmio são divididas com os demais brasileiros que disputarão a próxima Libertadores. Encerram 2016 na dúvida sobre as perdas que o mercado estrangeiro (Europa, Ásia e Oriente Médio) provocará, liberando recursos para contratações ousadas. Walace e Luan ficam ou saem? Conseguiremos mantê-los a temporada toda?
Pelas datas das competições em 2017, a única oportunidade de título do primeiro semestre será no Estadual, que termina no início de maio. Aliás, o quinto mês do ano, além de abrir o Brasileirão, passará uma régua importante nas pretensões dos clubes. Ao final de maio, estarão encerradas a fase de grupo da Libertadores e as oitavas de final da Copa do Brasil. Será um gargalo fundamental da temporada para quem pensa em grandes conquistas.
Mesmo para a turma da Libertadores, a Copa do Brasil começa mais cedo, pois as oitavas ocorrem entre abril e maio. As quartas de final vão de junho a agosto. O oitavo mês do ano recebe as semifinais, enquanto as finais ocorrem nos feriados de 7 de setembro e 12 de outubro. Aí, reside uma falha do calendário: a longa distância entre partidas decisivas. Teremos um hiato de mais de 30 dias entre os dois jogos finais da Copa do Brasil. A diferença quebra a sequência de qualquer equipe.
Há um problema similar na Libertadores. A fase de grupos vai de 8 de março a 24 de maio. Pelo cronograma pré-estabelecido, o torneio para por um mês e só retorna com as oitavas entre julho e agosto. Mais um mês de intervalo, as quartas rolam em setembro, com mais um mês de parada até as semifinais, em outubro. As finais ocorrem em 22 e 29 de novembro. Já o Brasileirão termina em 3 de dezembro.
Uma observação interessante fica nas partidas quentes de julho e agosto, em período no qual os clubes europeus abrem as guaiacas em busca de reforços. Os times brasileiros perderão jogadores importantes e buscarão reforços, que exigem adaptação, no meio de confrontos de mata-mata.
Pelo desenho da temporada, o sucesso em 2017 vai exigir regularidade ímpar. Arrancadas de segundo semestre, como a que vivemos a partir da chegada de Renato, podem garantir G-6 no Brasileirão. Para erguer taças, o ano terá fases quentes distribuídas por muitos meses. O novo calendário vai exigir do Grêmio um elenco mais encorpado em quantidade e qualidade.