Roger Machado viu do sofá Argel comemorar o hexa gaúcho. Por meses, imaginávamos que o estudioso Roger era mais treinador do que o peleador Argel. Será? Tenho minhas dúvidas, com base base no desempenho em campo. Vamos aos fatos:
– Roger classificou para Libertadores e Argel ficou no quase pelo Brasileirão
– Roger e Argel foram eliminados na mesma fase da Copa do Brasil
– Roger não ganhou Gre-Nal de Argel. Com equipes mais badaladas, perdeu um clássico e empatou outro
– Roger foi eliminado por Argel na Primeira Liga em um Gre-Nal na Arena com cara de mata-mata
– Roger caiu na semi do Gauchão para o Juventude, abatido por Argel na final.
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Acredito que Roger deve permanecer à frente do Grêmio. Mas sou claro: a fase do paparico precisa ter fim. Felicitado pela campanha surpreendente em 2015, Roger ganhou merecidas manchetes pelo Brasil. Só que seu trabalho, que em outubro deu sinais de parada, definhou em 2016.
Polido nas entrevistas, adepto de termos da moda, Roger ganhou a simpatia da imprensa e da torcida, num repeteco do que aconteceu com Paulo Autuori, um técnico que foi um Rolando Lero no Grêmio. Não ganhou nada, sua equipe era inofensiva fora de casa, mas sempre tinha “conceitos” para encontrar a trilha das vitórias. Era um técnico poupado da responsabilidade pelos fracassos.
Argel, nada polido e muitas vezes grosso nas falas, lidou com a desconfiança geral e contou com erros juvenis no planejamento azul, que teve o aval de Roger. Contestado, montou uma defesa mais forte do que a tricolor e trabalhou a bola parada. Não levou um mísero gol do Juventude, que nos meteu três, e marcou duas vezes em lances de faltas laterais nas finais do Gauchão. O time de Argel tem a fome por vitórias que falta ao Grêmio.
Se achamos Argel limitado, o que devemos pensar sobre Roger? Faço a pergunta com dor no peito, porque não considero Argel um técnico de ponta. Só acho que ele é daqueles caras limitados, que não aceitam as derrotas.
Indo por outra comparação, o primeiro semestre de Roger foi abaixo do executado por Enderson Normal Moreira no Grêmio. Enderson classificou em primeiro no Grupo da Morte da Libertadores, caiu nas oitavas, chegou à final do Gauchão e levou um sacode.
Roger começa o Brasileirão com muitas interrogações sobre seu trabalho. A pressão é merecida pelos resultados, pela obviedade no estilo de jogo e pela falta de tesão da equipe que patinou em decisões. Alguns dirão que cobranças só atrapalham o clube, mas questiono: qual seria a solução? Aplaudi Roger por três fracassos? Erguer um busto para ele por não chegar à final do Gauchão?
Roger demonstrou uma vez ter potencial. Agora, ele precisa ser cobrado. Ao trabalho, Roger. Confirme a expectativa criada em 2015.
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