Dos 14 jogadores da seleção brasileira na Copa do Mundo de Futsal, apenas dois atuam no Brasil: os alas Leandro Lino, do Magnus, de São Paulo, e Marcênio, do Jaraguá, de Santa Catarina. O restante atua no exterior, com destaque para a liga espanhola, onde estão oito dos atletas chamados por Marquinhos Xavier.
A situação se inverteu se comparada com a lista de convocados para o Mundial de 2012, quando o Brasil foi campeão pela última vez. Na ocasião, 10 trabalhavam no país natal, e apenas três estavam fora.
Dinheiro leva os craques
Desde então, cresceu dentro do futsal a disparidade financeira que também existe no futebol de campo. As propostas dos clubes de outros continentes são cada vez mais atraentes e segurar quem se destaca se torna inviável.
— O atleta que se destaca no Brasil, rapidamente ele acaba indo para a Europa. Os jogadores que fazem muita diferença no futsal brasileiro estão indo para mercados com a oferta financeira muito alta — afirmou Marquinhos Xavier em entrevista à Zero Hora em dezembro de 2023.
Os jogadores brasileiros na Copa do Mundo do Uzbequistão também atuam em países como Rússia e Portugal (veja abaixo). O atleta Ferrão, melhor do mundo em 2019, 2020 e 2021, deixou o Barcelona após 10 temporadas e vai se apresentar ao Semey, do Cazaquistão, depois do Mundial.
O fixo Lucas Gomes, também do Magnus, de São Paulo, até foi chamado para a Copa, mas, devido ao limite de inscrições, foi cortado. Ele segue com o grupo no Uzbequistão.
Critério do treinador
A experiência internacional e o entrosamento do grupo também foi levado em consideração por Marquinhos Xavier para escolher quem representa o Brasil. Esse é um dos fatores que leva o gaúcho Atlântico, de Erechim, atual campeão da Liga Nacional, a não ter convocados, por exemplo. O mesmo critério já foi utilizado para a Copa América, vencida pelo Brasil neste ano, no Paraguai.
— Nesse momento não é mais uma questão de quem você coloca numa convocação, mas quem você vai tirar. Para você tirar alguém que hoje já está adaptado, tem experiência internacional, atua em grandes clubes do mundo, tem currículo, você vai tirar para colocar outro jogador que vai chegar sem a mesma preparação e com mesmo tempo para jogar uma competição que vale uma vaga para o mundial. Talvez fosse um risco grande testar alguém num momento tão importante — explicou Marquinhos Xavier em fevereiro, antes da competição continental.
Arábia Saudita
Um dos países que entraram com força no futsal é a Arábia Saudita, que tem desfalcado os times brasileiros. Artilheiro do Atlântico em 2024, o ala Chape se transferiu para o Al-Qadisiyah, às vésperas da decisão da Copa do Brasil. Segundo o treinador do time de Erechim, Paulinho Sananduva, os contratos em dólar ou em euro tem sido tentadores.
— É o valor da moeda. É cinco e meio para um (valor do real do câmbio). Eles vêm muito forte. Os árabes estão fazendo parecido com o futebol de campo. Estão contratando. Mesmo com alguns contratos e cláusulas que dão segurança, o valor da moeda é cinco e meio para um, aliado a isso estão as propostas de salários que os jogadores recebem. Vai continuar acontecendo não só com o Atlântico, mas com vários times brasileiros, que estão perdendo atletas para o mundo árabe e também para o leste europeu — comenta Sananduva.
O Magnus, segundo colocado na primeira fase da Liga Nacional de Futsal (LNF) em 2024, confirmou a saída do pivô Elisandro para o futsal árabe na quarta-feira (25), ainda sem revelar o clube.
Outro time de tradição no futsal brasileiro, o Joinville perdeu Fernando, o artilheiro da temporada, para o Al-Nassr, segundo o portal ND Mais informou na quinta-feira (26). O clube que, no futebol, levou o craque Cristiano Ronaldo, também contratou o goleiro João Neto, do Jaraguá, em maio deste ano.
Grupo brasileiro na Copa do Mundo 2024
Goleiros
- Guitta (Ukhta - Rússia),
- Diego Roncaglio (Sem clube, mas, até a última temporada, atuava no Anderlecht, da Bélgica)
- Willian (Norilsk Nickel - Rússia)
Fixos
- Marlon (ElPozo - Espanha)
- Neguinho (Palma - Espanha)
- Lucas Gomes (Magnus - Brasil)*
Alas
- Dyego Zuffo (Barcelona - Espanha)
- Leandro Lino (Magnus - Brasil)
- Felipe Valério (ElPozo - Espanha)
- Arthur (Benfica - Portugal)
- Marcel (ElPozo - Espanha)
- Marcênio (Jaraguá - Brasil )
Pivô
- Ferrão (Semey - Cazaquistão)
- Pito (Barcelona- Espanha)
- Rafa Santos (ElPozo - Espanha)
*Não joga a Copa em função do número limite de atletas inscritos permitido pela Fifa.
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