A atacante Jenni Hermoso apresentou uma denúncia formal contra Luis Rubiales, presidente afastado da Federação Espanhola, em razão do beijo na boca sem consentimento que recebeu do dirigente durante a celebração do título da Copa do Mundo, no mês passado. A acusação classifica o ato como agressão sexual. Com a denúncia, o Ministério Público da Espanha deve acelerar os procedimentos para levar o caso a julgamento.
Até então, havia dificuldade em levar a questão à esfera criminal, uma vez que o Código Penal da Espanha determina que a atuação em casos de agressão sexual só pode ocorrer quando a denúncia vem da própria vítima ou de um representante legal. O MP só costuma dar o pontapé inicial em casos nos quais as vítimas são menores ou possuam algum tipo de deficiência. Com a denúncia de Hermoso, de acordo com uma nova lei sobre consentimento sexual aprovada no ano passado, o dirigente poderá enfrentar uma multa ou uma pena de prisão de um a quatro anos se for considerado culpado.
Na esfera esportiva, Rubiales já enfrentou consequências e foi afastado por 90 dias pela Fifa, enquanto uma investigação interna é conduzida pela entidade. Era esperado que o dirigente renunciasse, mas, em assembleia geral extraordinária da Federação, ele garantiu que não entregaria o cargo, argumentou ser vítima de perseguição e que o beijo foi consentido.
Na mesma data, Jenni Hermoso rebateu e afirmou que não houve consentimento em nenhum momento. A atacante e as demais companheiras de seleção chegaram a comunicar que não defenderiam mais a Espanha enquanto os atuais dirigentes continuassem no poder.
Com o presidente titular afastado, a federação vem sendo comandada interinamente por Pedro Rocha, que promoveu mudanças, inclusive no comando da seleção feminina. Ele demitiu o treinador Jorge Vilda, que tinha problemas de relacionamento com as jogadoras e foi visto aplaudindo Rubiales na assembleia, para entregar o cargo à auxiliar Montse Tomé, primeira mulher a treinar a equipe nacional.