A entrevista coletiva de Marta, na tarde desta terça-feira (1º) (no fuso horário australiano), foi um dos momentos mais emocionantes da Copa do Mundo Feminina até então. Na véspera do jogo decisivo da Seleção Brasileira contra a Jamaica, a camisa 10 não conseguiu segurar as lágrimas ao relembrar a sua trajetória e a evolução que o futebol feminino vem tendo no Brasil e no mundo nos últimos anos.
— Quando eu comecei a jogar, eu não tinha ídolos no futebol feminino. Vocês (imprensa) não mostravam os jogos, como eu poderia ter uma referência? — questionou Marta, fazendo uma pausa para enxugar as lágrimas.
Na sequência, ainda com a voz embargada, a Rainha do futebol se disse orgulhosa por ser hoje, para as jovens atletas, a inspiração que ela não teve no passado.
— Hoje os pais me param na rua e dizem: "A minha filha quer ser você". E isso não ocorre só com a Marta, mas com as outras atletas experientes também. É lógico que eu fico muito feliz em ver tudo isso. Em 2003, na minha primeira Copa, ninguém conhecia a Marta. Vinte anos depois, viramos referência para muitas mulheres no mundo inteiro. E isso não seria possível se eu tivesse parado nos primeiros obstáculos. Mas é uma persistência contínua. A gente pede que a próxima geração continue inspirando as meninas — completou, fazendo uma nova pausa para conter o choro.
Marta exaltou ainda a presença massiva na sala de entrevistas de jornalistas mulheres, que são ampla maioria na imprensa que cobre o dia-a-dia da Seleção na Austrália.
— Viramos referência para muitas mulheres não só no futebol, mas no jornalismo também. Vemos hoje muitas mulheres, algo que não víamos antigamente. Estamos abrindo portas. Bom, espero ter respondido a sua pergunta depois de você ter me feito chorar — disse a camisa 10, desta vez sorrindo, ao jornalista que fez a pergunta.
Por fim, a craque da Seleção fez ainda um balanço sobre a evolução do futebol feminino no mundo.
— Eu comparo a minha primeira Copa (2003) e as outras que joguei (2007, 2011, 2015 e 2019) e sempre destaco o quanto o futebol femino vem evoluindo no mundo inteiro. Vemos hoje grandes seleções com uma história rica tendo dificuldades com seleções que antes eram consideradas adversárias fáceis. Isso é o legal do esporte, abrilhanta cada vez mais o futebol feminino. Espero que daqui para frente só venha a crescer ainda mais — finalizou.
Ao final da coletiva, Marta saiu aplaudida pelos jornalistas e pelas jornalistas presentes. Uma justa homenagem ao maior nome da história do futebol feminino brasileiro.
Durante a Copa do Mundo Feminina, GZH tem edições especiais do "Expresso da Copa" para repercutir a competição que ocorre na Austrália e na Nova Zelândia. O programa é realizado de segunda a sexta-feira, das 11h às 11h30min, no Youtube de GZH e no Gaúcha 2.