A Argentina deu a volta por cima após a frustrante estreia na Copa do Mundo com derrota para Arábia Saudita e confirmou sua classificação para as oitavas de final com o primeiro lugar do Grupo C. O jogo decisivo com a Polônia foi marcado por uma mudança tática do técnico Lionel Scaloni e pelos primeiros gols argentinos sem a participação do craque Lionel Messi nesse Mundial.
A campanha na Argentina tem sido marcada por mudanças de Scaloni jogo a jogo. Da estreia com derrota para a Arábia Saudita para o confronto decisivo com o México foram feitas cinco mudanças na equipe. Para encarar a Polônia, outras quatro trocas.
A alteração que mudou o desenho tático da Argentina foi no ataque com a entrada de Julián Álvarez no lugar de Lautaro Martínez. A Argentina se posicionou sem a bola no 4-3-3 tendo Álvarez aberto pelo lado esquerdo e Di María pelo direito à frente do trio de meio-campistas formado por Enzo Fernández, De Paul e Mac Allister. Esse desenho fez com que Lionel Messi exercesse a função de falso 9, aquela mesmo que lhe abriu o caminho para o primeiro dos seus sete prêmios de Melhor do Mundo, em 2009, no Barcelona de Pep Guardiola.
Com a bola, Julián Álvarez virava centroavante, como é quando Lautaro Martínez está em campo. Di María seguia como o homem do lado direito tendo as aproximações de De Paul e Molina. Mac Allister exercia o papel de meia esquerda enquanto Messi, o jogador mais livre da equipe, caia na maior parte do tempo pelo setor direito. Esse jogo fez parte de uma estratégia para atrair a Polônia e tentar encontrar Acuña livre do outro lado. Apenas Messi deu três lançamentos para Acuña, além de três passes no primeiro tempo.
Apesar dessa estratégia, porém, foi pelo outro lado que a Argentina tirou zero do placar. No minuto 1 da etapa final, Molina cruzou para Mac Allister marcar o primeiro gol da Argentina sem a participação direta de Messi.
Depois do 1 a 0, Di María sentiu lesão e acabou substituído por Paredes. A Argentina adotou um 4-4-2 tendo Messi e Álvarez para frente. Com Paredes como primeiro volante, Enzo Fernández ganhou liberdade para se soltar mais ao ataque. Foi Enzo quem deu a assistência para Álvarez definir o placar de 2 a 0 em outro gol sem uma participação direta de Messi.
Apesar do pênalti perdido no primeiro tempo, Messi foi o principal condutor da Argentina ao longo do jogo, mas os dois gols sem participação sua tanto na definição quanto em assistência mostraram que Argentina também pode vencer sem a chamada “Messidependência”.
A Argentina fez diante da Polônia sua melhor atuação na Copa do Mundo. Teve domínio da posse de bola, terminou com 73%, e deu um total de 867 passes. Foram 23 finalizações, sendo 12 no alvo (seu maior número no Mundial). Os poloneses chutaram apenas quatro vezes, nenhuma delas no gol de Emiliano Martínez. Após o susto da estreia, a Argentina avançou em primeiro lugar e agora irá enfrentar a surpreendente Austrália por um lugar nas quartas de final.