A próxima Copa do Mundo tem ambição de sobra: depois de edição em 2022 concentrada no fim do ano (e no meio do calendário europeu) e ser disputada em um país pequeno como o Catar, o evento de 2026 será no continente norte-americano. Os jogos serão espalhados por México, Canadá e Estados Unidos, com a participação, pela primeira vez, de 48 seleções.
Com a 22ª edição da Copa do Mundo terminando neste domingo (18), a 23ª começará em apenas três anos e meio e quase um terço dos países filiados à Fifa participarão dela, após três décadas de um torneio disputado no formato de 32 seleções.
O número de países participantes do maior torneio de futebol variou e foi ampliado ao longo do tempo: das 13 seleções na primeira edição, em 1930, para 16 até 1978, passou para 24 até 1994 e 32 a partir da Copa de 1998.
Esta mudança concretiza a primeira grande reforma do presidente da Fifa, Gianni Infantino, adotada em 2017, embora seja ameaçada pelos desafios logísticos de realizar 100 jogos em vez dos habituais 64 desde o Mundial da França, em 1998.
Mas, para as nações mais modestas, é a grande oportunidade de serem convidadas para o grande evento futebolístico do planeta.
— Para nós, africanos, é uma dádiva de Deus. Sempre achei que deveríamos ter mais representantes. Quanto mais pudermos jogar, melhores nossas chances — comemorou o ex-jogador da seleção nigeriana Sunday Oliseh na semana passada.
Formato a definir
A nova distribuição por confederações favorece a África e a Ásia: nove vagas (quatro a mais que as atuais cinco) para africanos; oito (até hoje eram quatro ou cinco) para os asiáticos, e uma vaga fixa para a Oceania, que até agora tinha apenas a chance de disputá-la nos playoffs.
Tendo em vista o nível das seleções africanas eliminadas antes da Copa do Catar (Egito, Argélia, Nigéria), a edição de 2026 tem tudo para ser particularmente emocionante.
A Europa, por sua vez, passará de 13 representantes para 16, a América do Sul de quatro ou cinco para seis, e a Concacaf terá um total de seis seleções (contando as três sedes). Até aqui era três ou quatro. As duas últimas vagas serão distribuídas por meio das repescagens.
O formato da competição ainda não foi definido: no início, a Fifa tinha em mente 16 grupos de três seleções cada, com dois classificados por chave e os cruzamentos das oitavas de final. Essa fórmula permitia que os times mantivessem o mesmo número máximo de jogos (sete para os finalistas), com um total de 80 jogos, mas tinha o perigo de "acordos" entre equipes para se classificarem juntas no terceiro jogo da primeira fase.
Na sexta-feira (16), o presidente da Fifa, Gianni Infantino, confirmou que a entidade quer reexaminar esse formato nas "próximas semanas".
— Aqui (no Catar), os grupos de quatro têm sido absolutamente incríveis até o último minuto de cada partida. Temos de reconsiderar, pelo menos discutir novamente o formato, se são 16 grupos de três ou 12 grupos de quatro — declarou.
"Aumentar o número de convidados"
Se a opção dos 12 grupos de 4 seleções acabar sendo escolhida, o número de partidas aumentaria para mais de cem. O número de cidades-sede vai dobrar, com 16 estádios em 2026 contra oito da edição atual, e o quebra-cabeça financeiro e ambiental que envolve as longas distâncias a serem percorridas.
Outra consequência da mudança de formato será o aumento da receita da Fifa, cuja grande parte dos benefícios vem da organização da Copa. A entidade acaba de anunciar uma previsão orçamentária recorde de 11 bilhões de dólares para o próximo ciclo 2023-2026, bem acima dos 7,5 bilhões em uma Copa do Mundo com 32 seleções. Resta saber se a irrupção das nações mais modestas vai baixar o nível de jogo.
Sunday Oliseh, integrante do Grupo de Estudos Técnicos (TSG) da Fifa, não pensa assim e para isso se baseia nas inúmeras surpresas ocorridas na Copa do Mundo do Catar:
— Não acho que a qualidade (do jogo) vá ser afetada. Muito pelo contrário, vimos a Arábia Saudita jogar sua primeira partida (vitória por 2 a 1 contra a Argentina) e foi magnífico.
O brasileiro Ronaldo Fenômeno, duas vezes campeão mundial (1994 e 2002), também se mostrou "favorável" à ampliação.
— Acho que vale a pena este formato, que dá a oportunidade a outros países de participarem desta grande festa. Não vai baixar o nível técnico das próximas edições, só vai aumentar o número de convidados — avaliou o ex-atacante.