O ex-atleta Romário, 56 anos, escreveu nesta segunda-feira (21), no site The Players Tribune, um texto de apoio ao Neymar devido às críticas e cobranças que o camisa 10 da Seleção Brasileira enfrenta desde o início da carreira. A pressão em cima do atacante brasileiro tem aumentado principalmente agora que o país disputa o mundial no Catar.
No início do texto, Romário relembrou o início de sua carreira e contou que até 1993 ele era alvo de duras críticas e que muitas pessoas questionavam desde o jeito que falava com a imprensa até seu comportamento fora do campo. O ex-jogador também se recorda que foi subestimado e que já ouviu julgamentos como o de que não era um jogador disciplinado e que não iria longe na carreira. "Como você (Neymar), eu vim de longe, de muito longe, e tive de tomar muita pancada para ser jogador de futebol e conquistar o que conquistei", escreveu o ex-atacante.
Em outro trecho da mensagem, o ex-atleta comparou sua trajetória com a do atacante brasileiro. Ambos vieram de famílias com menos condições financeiras e moravam em regiões periféricas da cidade. Romário morou na comunidade carioca do Jacarezinho e depois se mudou para Vila da Penha. Já Neymar nasceu na periferia paulista de Mogi das Cruzes, onde cresceu e começou a dar seus primeiros passos no esporte.
"Lá na Vila da Penha, se não fosse do meu jeito, se não fosse na base da ginga e da coragem, a coisa não ia acontecer. Então, peixe, a primeira coisa que eu quero te falar é a seguinte: seja você mesmo. Vão te criticar de qualquer forma… Mas a imprensa, a torcida e até mesmo os adversários só admiram a gente quando sentem que há verdade nas nossas atitudes", aconselhou Romário.
Além da origem humilde e de ambos serem atacantes, Romário e Neymar têm outras semelhanças, como o fato de terem atuado em times europeus. O ex-atleta jogou no time holandês PSV e no Barcelona. Já Neymar também atuou no Barcelona e atualmente joga no time francês Paris Saint-Germain (PSG). "Assim como você, eu vim de longe e tive de tomar muita pancada para ser jogador de futebol e conquistar o que conquistei", afirmou Romário.
Copa do Mundo
Neymar disputa sua terceira Copa do Mundo. No mundial de 2014, no entanto, o atleta sofreu uma grave lesão na coluna durante a partida contra a Colômbia pelas quartas de final, o que fez com que tivesse que abandonar o mundial mais cedo.
Com participação nos mundiais de 2014 e 2018, Neymar marcou seis gols, o que fez com que ficasse conhecido como o nono maior artilheiro brasileiro em Copas do Mundo.
Romário, por sua vez, disputou duas Copas do Mundo, a de 1990 e a de 1994. No seu segundo mundial, ele conseguiu junto com a Seleção Brasileira conquistar a tão sonhada taça.
Apesar do Brasil ter vencido o mundial de 1994 nos Estados Unidos, o ex-atleta recordou que tanto a imprensa quanto parte da torcida brasileira não acreditavam na vitória do país na competição.
No texto, Romário admitiu que gostaria de ter disputado outros mundiais, como o de 1998 e o de 2002, mas que devido a sua condição física, não conseguiu. Prevendo essa situação na época, ele revelou que deu seu máximo na Copa de 1994 para se despedir em grande estilo. "Na única Copa que disputei como titular, tive de me entregar ao máximo, junto com meus companheiros, para que nós pudéssemos ganhar", acrescentou.
O ex-atleta acredita que atualmente quando se fala da Copa de 1994 muitas pessoas só se recordam da vitória do Brasil na competição e nas comemorações, mas poucos sabem dos bastidores do mundial e da pressão que ele e seus colegas enfrentaram.
"Todo mundo só se recorda das alegrias, da celebração, do tema da vitória. Mas quase ninguém se lembra da pressão que é jogar uma Copa do Mundo vestindo a camisa da Seleção Brasileira depois de tantos anos sem título", afirmou Romário.
No final do texto, o ex-jogador, que já passou por momentos e situações semelhantes ao que Neymar enfrenta agora, deu um conselho ao atacante e manifestou sua torcida para que o atual craque e menino de Mogi das Cruzes consiga ter um ótimo desempenho no mundial.
"As comparações, o menosprezo, a crítica vazia, tudo isso pode machucar um jogador tão iluminado como você. Mas você tem a alegria daqueles que jogam com prazer. E o principal: você dá alegria ao povo quando joga", finalizou.