Hassan Al Thawadi, 41 anos, parece estar pronto para qualquer pergunta. Secretário-geral do Comitê para Execução e Legado do Mundial de 2022, no Catar, ele não espera nem um segundo para responder a cada questionamento. No dia 21 de dezembro, horas antes da final do Mundial de Clubes, entre Liverpool e Flamengo, em Doha, ele recebeu um grupo de sete jornalistas ocidentais.
As dúvidas sobre a próxima Copa do Mundo continuam as mesmas: direitos humanos, capacidade do país de sediar o megaevento, como a cultura muçulmana vai receber torcidas de 31 países (além da nação sede), como pessoas LGBT+ serão tratadas. Al Thawadi afirma que todos os visitantes pacíficos serão bem recebidos no Catar, mas espera que eles também entendam e aceitem os costumes do país.
— Exibições públicas de afeto, seja entre homem e mulher ou de outros casais, não fazem parte da nossa cultura, e pedimos que as pessoas respeitem isso. Não mostrem isso em público. Não estamos dizendo que não sejam elas mesmas. Mas é importante que tenham mente aberta, que aproveitem o diferente e não foquem o negativo — avisou, complementando:
— Nós pedimos aos visitantes que apreciem e respeitem a nossa cultura. Ao mesmo tempo, que aproveitem a hospitalidade que oferecemos. Nem todos partilham dos mesmos valores, temos diferentes estilos de vida e há riqueza nisso. A paixão pelo futebol pode mostrar que podemos nos respeitar, é isso o que pedimos.
Advogado formado na Universidade de Sheffield, no Reino Unido, Al Thawadi é conselheiro do emir, o xeque Mohammed bin Hamad Al Thani. Em outubro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com o emir e fechou acordo para compartilhar informações sobre a organização do torneio, que o Brasil sediou em 2014. Mas Al Thawadi não está certo sobre o que pode ser oferecido:
— O Brasil é uma nação esportiva. Não sei os detalhes da conversa [entre Bolsonaro e o emir]. Creio que teremos discussões sobre isso. Temos muito a aprender com o Brasil e queremos levar essas conversas adiante.