Esses dias, uma amiga dona de uma sinceridade irritante me disse que eu andava meio dramática. Não gostei e passei a refletir mais sobre minhas atitudes. Imaginei o Neymar, que mostrou ter potencial a uma indicação ao Framboesa de Ouro – versão debochada do Oscar, dedicada aos piores; pelo menos, neste ano, o vencedor na categoria ator foi o ainda bonitão Tom Cruise, por A Múmia.
Os memes e piadas, como Neymar Cai-Cai – porque não convenceu ninguém da veracidade dos seus tombos –, derrubaram também a imagem do atacante de 26 anos. A Pluri, consultoria brasileira especializada em economia e inteligência de mercado com foco no esporte, estima que Neymar perdeu 11% do valor de venda. Antes da Copa da Rússia, chegava a cerca de 197,3 milhões de euros. Depois, “barateou” para 175,4 milhões de euros.
A empresa turbinou a avaliação de Mbappé em 44% e o alçou, aos 19 anos, à condição de número 2 do mundo (170,7 milhões de euros), só atrás de Neymar. Mas há um sinal amarelo para quem cuida da carreira de Mbappé: os experts também identificaram casos de simulação no comportamento do meia-atacante francês. Melhor cortar o mal agora, enquanto ainda é um guri.
A Copa da Rússia demonstrou que estar comprometido com o coletivo é tão ou mais decisivo do que, apenas, o puro talento individual. Assim, o experiente Modric está sintonizado com a contemporaneidade da economia compartilhada ao se dedicar à entrega coletiva. A expressão contrita ao receber o reconhecimento de melhor jogador do Mundial denotava o quanto trocaria aquele troféu, só dele, pelo título partilhado por um time inteiro. Interessante é que as estatísticas ratificam que os fora de série conseguem encontrar o equilíbrio e ter momentos de brilho pessoal e de trabalho conjunto.
Quando se educa um filho, não existe fórmula pronta. Mas se parte do princípio de que se deve agir sem desrespeitar ou prejudicar o outro. Sem falsidades ligadas ao politicamente correto. É como ensinava e provocava Cláudio Abramo, um dinossauro já extinto do jornalismo brasileiro, no clássico livro A Regra do Jogo, em um título mais do que apropriado ao assunto: a ética do jornalista é a mesma do marceneiro, idêntica à de qualquer cidadão.
Respeito mútuo e coletividade valem para Neymar, Mbappé, Modric e, para nossa salvação no futuro, há de valerem também para David Vida, o loirinho de cabelos espetados filho do zagueiro croata com fama de encrenqueiro. A gente sempre tem a esperança de que as novas gerações serão melhores que as dos seus pais.