A eliminação nas oitavas de final da Copa do Mundo não fará Jorge Sampaoli pedir demissão da seleção argentina. No cargo desde junho do ano passado e com mais quatro anos de contrato pela frente, ele avisou após a derrota por 4 a 3 para a França, em Kazan, que não vai "dar um passo para trás". O que não quer dizer, é claro, que a Associação do Futebol Argentino concorde com ele.
- É muito doloroso ficar fora da Copa do Mundo. Os jogadores se esforçaram muito, deixaram tudo e não puderam alcançar o que viemos buscar. Apesar da dor e da frustração, estou onde sempre quis estar e não vou dar um passo para trás – disse o treinador de 58 anos.
Ao longo de 15 jogos à frente da seleção, Sampaoli não conseguiu achar uma equipe titular. Foram 15 formações diferentes, com variações de jogadores e sobretudo de esquemas táticos. Segundo ele, a obrigação de vencer e o curto período de trabalho prejudicaram a busca por uma "ideia de futebol".
– A necessidade foi mais forte que a proposta esportiva. Havia a obrigatoriedade de ganhar, isso nos gerava mais atenção do que evoluir uma ideia. Contamos com o melhor jogador do mundo e tínhamos que gerar situações coletivas que permitissem a melhor utilização desse jogador. Buscamos de toda a forma rodeá-lo, ter um time sólido, várias coisas para aproveitar essa virtude que nenhuma outra equipe tem. Por alguns momentos conseguimos, por outros não. Mas a equipe lutou até o fim e poderia ter empatado na última jogada.
Veja outros trechos da coletiva de Sampaoli:
Os pontos fortes da França já eram conhecidos
– É muito fácil analisar futebol com um microfone ou um papel. Os jogadores se movem, há momentos diferentes na questão do ânimo dentro de um jogo, há momentos em que você domina a bola, mas não consegue tomar as melhores decisões. Hoje encontramos fatores dos quais tínhamos falado antes e aconteceram mesmo assim, mas não podemos tirar os méritos de um jogador como Mbappé, por exemplo. Eu e os jogadores falamos de cada coisa que poderia acontecer, mas isso é futebol. Futebol não se resolve em um vídeo.
O pouco tempo de trabalho
– Essa equipe da França vem de um processo de dois Mundiais com Deschamps e tem bastante vantagem nesse sentido. Nós tivemos uma Eliminatória difícil. Tínhamos que classificar, e classificamos contra o Equador. Aí a Copa estava muito perto. Não é uma desculpa, não jogamos a responsabilidade no tempo. Imaginávamos que o tempo seria suficiente, que a Argentina chegaria muito mais longe do que chegou. Agora temos que assumir.
Por que entrou Meza e não Dybala ou Higuaín?
Colocamos Maxi no lugar do Pavón porque Mascherano e Banega estavam muito sozinhos para marcar, apesar do resultado desfavorável. Coloquei um jogador que pudesse ajudar o meio de campo e ter aparições como a que teve no fim, em que poderíamos ter empatado.
O legado
Pessoalmente é uma grande frustração, porque eu cheguei a esse lugar com muita ilusão, muita gana de que a Argentina fosse o mais longe possível, com uma ideia futebolística que me empolgava muito. Até antes da partida de hoje sempre acreditei que poderíamos ganhar. Essa frustração me fortalecerá como treinador. A experiência, o aprendizado e outras situações do futebol.