Em 1991, a Fifa instituiu o prêmio anual de "Melhor Jogador do Mundo". No transcorrer do tempo, ele sofreu alterações na sua nomenclatura, sendo que de 2009 a 2015 houve uma unificação com a premiação da Revista France Football (Fifa/Bola de Ouro) e, após o "divórcio", houve o rebatismo para The Best.
O fato é que aconteceram seis edições de Copa do Mundo desde então e é possível identificar uma influência forte do torneio de seleções na escolha do vencedor nas primeiras duas décadas e uma aparente queda da importância em 2010 e 2014. Além disso, nenhuma vez um atleta que chegou a um Mundial com o status de detentor da honraria conseguiu ser campeão. Uma espécie de maldição.
Anos 1990, os primórdios
Em 1991, o alemão Lothar Matthäus foi o primeiro jogador agraciado com o prêmio de melhor do mundo. Ele havia sido o capitão da Alemanha na conquista da Copa do ano anterior, mas a escolha ocorreu na temporada seguinte. Foi a Copa de 1994 a primeira a ocorrer com o evento da Fifa já vigente. O italiano Roberto Baggio chegou aos Estados Unidos na condição de vencedor do prêmio de 1993 e viu-se duplamente frustrado. Perdeu pênalti na final, viu o Brasil ser campeão e Romário, o astro da conquista, ser eleito naquele ano.
Em 1998, na França, ocorreu um roteiro similar. Ronaldo fez uma temporada brilhante no ano anterior, encerrando um jejum de títulos italianos da Inter de Milão, e foi escolhido o melhor do mundo. Chegou ao Mundial cercado de expectativas, mas viveu o episódio da convulsão antes da final, entrou em campo e viu a França fazer 3 a 0. Com dois gols na decisão, Zidane, que defendia a Juventus, tornou-se o novo dono do planeta.
Anos 2000
Em 2002, Ronaldo seria o destaque na Copa do Mundo dividida entre japoneses e coreanos. Tempos antes, desconfiava-se de suas condições físicas por conta de séria lesão no joelho. O português Luis Figo foi à Ásia como dono do troféu da Fifa, mas sua seleção caiu ainda na primeira fase em grupo que tinha Coreia do Sul, Estados Unidos e Polônia. O Fenômeno fez os dois gols na decisão contra a Alemanha, consagrando o Brasil pentacampeão — algo que o alçou, meses depois, ao topo entre os atletas do planeta.
Na Alemanha, em 2006, outro Ronaldo, o Gaúcho, vivia uma era de reinado. O futebol mágico que praticava no Barcelona o elevou à condição de melhor do mundo em 2005. Mas na Copa, a "maldição" voltou a dar as caras. O Brasil, que tinha o aclamado "Quadrado Mágico" (o próprio Ronaldinho, Kaká, Ronaldo e Adriano) foi eliminado pela França nas quartas. A Itália foi campeã e, pela primeira vez, um defensor, o zagueiro Fábio Cannavaro, capitão da Azzurra, foi ungido pela Fifa no fim do ano.
Fim da influência?
De 2008 a 2017, o mundo rendeu-se à polarização Cristiano Ronaldo e Messi. O domínio da dupla tem sido tão grande que nenhum outro jogador conquistou o prêmio de melhor pela Fifa neste período — mas, mesmo assim, Argentina e Portugal não conquistaram o troféu da Copa do Mundo. Ao contrário do que acontecera anteriormente, quando o vencedor da honraria no ano de Mundial havia sido campeão, em 2010 e 2014 isso não aconteceu. Apenas a "maldição" manteve-se ativa.
Na África do Sul, Messi liderou a Argentina com o status de melhor do mundo do ano anterior. A equipe caiu nas quartas, com um acachapante derrota para a Alemanha. A campeão seria a Espanha, mas Andrés Iniesta, autor do gol na decisão contra a Holanda, viu o meia argentino, seu companheiro de Barça, manter a condição e levar o prêmio, concedido àquela altura unificado por Fifa e France Football (Fifa/Bola de Ouro).
No Mundial do Brasil, em 2014, CR7 era o melhor do mundo. Portugal, porém, decepcionou e ficou pelo caminho já na primeira fase, atrás de Alemanha e Estados Unidos em seu grupo. Os alemães fizeram 7 a 1 na semifinal no Brasil e conquistaram o tetra diante da Argentina. Nada disso foi suficiente para que um atleta da seleção alemã fosse eleito o melhor meses depois. O goleiro Neuer ficou em terceiro na disputa, e Cristiano Ronaldo ficou com o prêmio novamente,
Em 2018, de novo será CR7 quem irá a campo com o status de melhor do mundo. Portugal tenta um título mundial inédito, o que teria também o ineditismo do vencedor individual da Fifa conseguir o duplo feito. Se isso não acontecer, porém, os últimos Mundiais apontam que a disputa para ser eleito pela sexta vez o melhor do mundo. É algo que Messi também busca, além da obsessão por levar a Argentina ao tricampeonato mundial.