Nesta semana, o mundo reduz a dois dígitos a contagem regressiva para a Copa. Faltando 100 dias para a bola rolar, logicamente, os preparativos de seleções e do país anfitrião são acelerados. Veremos na Rússia um Mundial com boa estrutura para torcedores e jogadores e — espera-se — excelente futebol.
O que não veremos? O mesmo envolvimento que os brasileiros tiveram em torno da Copa. Entre os russos, é bem diferente. Lá, não temos frases do tipo:
— Tomara que a Copa chegue logo.
— Não posso perder nenhuma partida.
Ou muito menos:
— O título vai ser nosso desta vez.
A expectativa na Rússia é que a Copa seja bem organizada e renda muito dinheiro através do turismo. É o mesmo que a população do país deseja quando feiras ou seminários são realizados em suas cidades. A recém encerrada Olimpíada de Inverno, mesmo com banimento da delegação russa (atletas participaram em separado), gera muito mais interesse do que o futebol.
O motivo é quase óbvio: o clima. Conversando com um taxista em Moscou, com uma jornalista em Samara ou com uma recepcionista de hotel em Kazan, todos apontam o frio rigoroso como o grande vilão para o futebol não ser uma febre por lá. Afinal, em vez de campinhos e ruas, a gurizada foi criada jogando bola em gramas artificiais. Por isso, na adolescência já tinham joelhos e articulações comprometidos a ponto de ser impossível se tornarem craques. O caminho? Deixar o futebol.
Esportes olímpicos principalmente de inverno tomaram conta das paixões dos russos. Quando estivemos com uma equipe do Grupo RBS percorrendo o território do país em dezembro, poucos sabiam ou queriam saber da Copa. Algo difícil de se imaginar aqui no Brasil.
Fora esse aspecto cultural, eles são muito melhores do que nós em relação à estrutura. A herança soviética tornou o transporte público mais acessível e as cidades bem preparadas. Turistas que forem para a Rússia ver os jogos encontrarão preços baixos por causa da desvalorização do rublo e um povo que recebe bem visitantes. O problema — neste ponto igualzinho ao nosso país — é que obras estão atrasadas. Dos 12 estádios que vão sediar partidas, metade não foi entregue pelas autoridades.
Para mim, essa Copa promete. Pela possibilidade de uma grande campanha da Seleção de Tite rumo ao Hexa. Pela grande cobertura que estamos preparando aqui em nossos veículos para deixar você sabendo tudo o que estiver acontecendo. Ou, simplesmente, pelo fato de termos grandes craques em campo mais uma vez. Quem sabe, com tudo isso, a Copa deixe os russos mais perto do futebol.